"Ao invés de considerar a sociedade e o Estado como resultante de relações contratuais, o romantismo os vê como unidade espiritual; prefere as mudanças imperceptíveis que se acumulam silenciosamente, repelindo as transformações violentas, provocadas pelas rebeliões; coloca a superioridade dos costumes como sedimentação da consciência à jurídica de um povo e em lugar de um Direito Natural comum a todas as épocas e a todas as latitudes estatui que todas as normas de comportamento se vinculam necessária e historicamente a cada nação".Paulo Mercadante, A Coerência das Incertezas.
segunda-feira, 18 de abril de 2022
Paulo Mercadante
sexta-feira, 15 de abril de 2022
quarta-feira, 16 de março de 2022
A ditadura dos dias futuros.
"Vivemos uma crise manifesta e contínua: o homem não está mais no rumo da cidadania, mas sim no caminho de se tornar um novo tipo de sujeito passivo, numa servidão do estado social e industrial moderno, com sua perfeição técnica. E perfeição técnica logicamente significa governo autoritário. Em vista dessa hierarquia tecnocrata, todo sistema ideológico experimenta sua impotência".
(Tage Lindbom)
terça-feira, 1 de março de 2022
Ao templo.
Quando levei o Vinícius no Brás nós vimos algum mendigo, ou pessoa desvalida, em alguma situação na igreja. Não lembro se entrando na portaria da Rua Visconde de Parnaíba ou lavando-se no banheiro. Eu comentei que isso não era algo comum, coisa que fosse vista com regularidade em uma igreja Protestante, em especial na Congregação. Fui redarguido que se tratava de coisa corriqueira em igrejas Católicas. Fizemos alguma rápida digressão à la Max Weber sobre o Calvinismo e o instituto das esmolas no protestantismo. Entramos.
Uma vez congregando a tarde em um certo bairro, vi um doido sentado no chão do páteo da igreja e me lembrei da conversa do Brás.
Ontem, em uma outra congregação, todos os elementos estavam presentes. Ao entrar na igreja um vendedor de balas (o comércio em frente as congregações está desaparecendo). No pórtico do átrio, um gordo bêbado sentado num degrau. Sento-me num banco dos fundos, tendo ao meu lado um irmão Jeca Tatú, estereótipo perfeito do caipira de terninho surrado e camisa xadrez, que desembarcava do interior na Estação da Luz, com sua sacola simples de pertences. Ao lado, ou melhor, na frente, dois velhos irmãos, fiscais de quem entra e sai do templo, fiscais de quem usa ou não usa corretamente a máscara sobre o focinho. Tempos modernos, mas os personagens perenes continuam a povoar a casa de Deus. Alguém mais dado às letras poderia transformar essas memórias em uma bela crônica. Não eu.
quinta-feira, 9 de setembro de 2021
Ser súdito de si mesmo
Não existiu na história do Ocidente sistema político social mais estável que o feudalismo. Tudo o que veio depois foi o mais completo caos, resultado de crenças religiosas espúrias, milenaristas e messiânicas. As pessoas buscam líderes políticos capazes de resolver tudo com um toque mágico. Líderes políticos que vão criar uma terra sem males. O líder político não é mais um homem, mas uma divindade com um séquito de fieis que espera ver milagres ocorrendo como nos tempos bíblicos. O messianismo político é uma doença social gravíssima. Há países de terceiro mundo que foram além e conseguiram superar uma política baseada apenas em tiranos e tiranetes, mas que permaneceram igualmente corruptos, talvez até mais do que outros países que seguiram líderes populistas. O México é o melhor exemplo. Entra presidente, sai presidente o Partido Revolucionário Institucional (partido maçônico) continua no poder. Nenhum presidente mexicano, por mais carisma que tenha, acabou por se tornar figura política maior do que o partido. Nem quando o presidente foi de outras legendas como na época de Fox (PAN) e agora do López - Obrador (MORENA), O PRI foi desalojado do poder.
Vejam o caso desse malfadado país reconhecido por Brasil. Vários atores chamam para si o peso de ser o poder moderador da república, os militares, o judiciário, o senado, a imprensa, a sociedade, mas, sabemos que quando é chegada aquela hora amarga, de trazer as coisas para o velho balanço que não desagrade as nossas elites dominantes, o poder moderador é exercido pelo estamento burocrático, composto por representantes de todos os setores de nossas elites. É o MDB em ação. Ele é a condensação de toda a elite do Brasil. Essa elite não espera outra coisa senão conservar os seus privilégios, suas boquinhas, suas condições de poder. É a elite do funcionalismo, a elite da Faria Lima e Berrini e a elite do agro. Todos são pop e tech! O Brasil, lamentavelmente, indo além dos males que assombram o México, compartilha não só a característica de ter se tornado um narcoestado e de ser controlado por uma elite absolutamente predatória e cretina, temos o privilégio de termos uma abundância de candidatos ao posto de líder messiânico da nação. Bolsonaro, Moro, Joaquim Barbosa, Lula, Collor, Jânio, Getúlio, Conde D'eu, todos tiveram suas (ou ainda tem) pretensões messiânicas e redentoras, de liderar esse quinto império que é a América Portuguesa. Todos fracassados pela natureza do próprio país e de sua própria sociedade, que espera um líder que represente e simbolize um grande sentimento de esperança, de libertação do povo e desenvolvimento do país, ao mesmo tempo em que deixe todos os caminhos do estado abertos e livres para que os donos do poder possam continuar tendo as suas aberturas majoritárias ao erário público.
Por favor, você pobre atormentado que agora lê esse texto, se você é brasileiro, abandone já essa ideia. Seja cidadão de sua própria pátria e súdito de si mesmo.
quarta-feira, 21 de julho de 2021
Martinho Lutero e os animais
Reprodução da página Lutero Reflexivo
quinta-feira, 24 de junho de 2021
Casas Bahia pode comprar Grupo Pão de Açúcar
Leio por aí em sites especializados que a Via Varejo (Casas Bahia) estaria de olho em comprar a parte acionária do grupo francês Casino no GPA (Grupo Pão de Açúcar). Seria um negócio bilionário e é o tipo de coisa que essa turma sabe fazer. Agora, o que nunca entendi direito é como a família Diniz abriu mão da marca Pão de Açúcar, criada por eles. E a questão afetiva com a marca? Aparentemente, ela não existe, pois, se houvesse, os Diniz não seriam mandachuvas do Carrefour no Brasil. Vale a grana, vale o dinheiro, não a afetividade pelos comércios.
A informação dessa fusão está sendo negada, mas, não é de se duvidar que ocorra. Onde há fumaça, há fogo.
sexta-feira, 23 de abril de 2021
segunda-feira, 29 de março de 2021
Aqui jaz um Paes Mendonça
Onde hoje é um Mercado Extra (era Supermercado até um pouco de tempo atrás) já foi o Supermercado Paes Mendonça do Ipiranga, até o fim dos anos 90.
quinta-feira, 25 de março de 2021
BIG é comprado pelo Carrefour
Os supermercados estão entre os assuntos mais abordados nesse blog. Algo até meio sem propósito, mas há aqui algumas publicações a respeito do tema.
Abaixo links para esses textos:
- Saudades dos supermercados noventinos (20/11/2009) https://lusosp.blogspot.com/2009/11/saudades-dos-supermercados-noventinos.html
- De volta aos supermercados (18/01/2013) https://lusosp.blogspot.com/2013/01/de-volta-aos-supermercados.html
- Indo ao mercado de madrugada (14/01/2020) https://lusosp.blogspot.com/2020/01/indo-ao-mercado-de-madrugada.html
- Negócios: Carrefour compra rede atacadista Makro por R$ 1,95 bilhão (16/02/2020) https://lusosp.blogspot.com/2020/02/negocios-carrefour-compra-rede.html
Carrefour anuncia acordo para aquisição do grupo BIG Brasil em operação de R$ 7,5 bilhõesO Grupo BIG possui 387 lojas, 41 mil funcionários, presença em 19 estados brasileiros e registrou R$ 24,9 bilhões em vendas brutas em 2020SÃO PAULO – O Carrefour Brasil (CRFB3) anunciou nesta quarta-feira (24) que entrou em acordo com a Advent International e o Walmart para a aquisição da totalidade das ações de emissão do Grupo BIG Brasil pelo montante total de R$ 7,5 bilhões, ou por um enterprise value (valor da firma, a soma dos ativos e das obrigações de uma empresa) estimado de R$ 7 bilhões.A operação será estruturada em duas etapas: o pagamento, em dinheiro, de R$ 5,25 bilhões aos atuais controladores da empresa, o fundo de private equity Advent International e Walmart, e a incorporação dos 30% remanescentes do capital social pela subsidiária do grupo francês.De acordo com a varejista, a aquisição ampliará a presença do Carrefour Brasil em um mercado muito dinâmico e permitirá que ofereça aos consumidores brasileiros uma gama mais ampla de produtos e serviços, a preços mais competitivos.O Grupo BIG possui 387 lojas, 41 mil funcionários, presença em 19 estados brasileiros e registrou R$ 24,9 bilhões em vendas brutas em 2020. A combinação criará um grupo com vendas brutas de cerca de R$ 100 bilhões e aproximadamente 137 mil funcionários atuando em todos os formatos, destacou o Carrefour em comunicado.“A aquisição do Grupo BIG expandirá a presença do Carrefour Brasil em regiões onde tem penetração limitada, como o Nordeste e Sul do país, e que oferecem forte potencial de crescimento. A rede de lojas do Grupo BIG, portanto, apresenta forte complementaridade geográfica”, destacou a varejista.Além disso, apontou no comunicado, permite que o Carrefour Brasil expanda seus formatos tradicionais (principalmente Atacado e Hipermercados). A transação também vai reforçar a presença do Carrefour Brasil em formatos nos quais tem presença mais limitada, em particular os supermercados (99 lojas Bompreço e Nacional) e soft discount (97 lojas Todo Dia).O Grupo Carrefour Brasil atuará em um novo segmento de mercado com o formato Sam’s Club, através de um contrato de licenciamento com o Walmart Inc.. “Este modelo de negócios único, premium e altamente rentável, voltado para o segmento B2C, é baseado em um sistema de associados, com mais de 2 milhões de membros, e tem um forte foco em produtos de marca própria”, destaca.De acordo com o Carrefour, o pagamento da transação será realizado 70% em dinheiro e 30% por meio de emissão de novas ações do Grupo Carrefour Brasil. “O pagamento em ações do Carrefour Brasil materializa a confiança dos vendedores na valorização do Grupo Carrefour Brasil, bem como em uma captura rápida das sinergias com um risco de execução relativamente baixo. Assim que concluída a operação, o Grupo Carrefour irá deter 67,7% de participação do Carrefour Brasil (vs. 71,6% hoje) e a Península Participações 7,2%, enquanto a Advent e o Walmart terão, juntos, 5,6% de participação”, aponta.A transação está sujeita à aprovação pelo órgão regulador (Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE), à aprovação dos acionistas do Grupo Carrefour Brasil, bem como a outras condições habituais de fechamento. A conclusão da transação está prevista para 2022.“A aquisição do Grupo BIG marca um grande passo em nosso desenvolvimento, ampliando a nossa presença geográfica em certos estados, expandindo a nossa atuação em formatos, além de adicionar um modelo muito promissor e que ainda não operamos – Sam’s Club. Juntos, nossa oferta será ainda mais atrativa, completa e competitiva, beneficiando o poder de compra dos consumidores brasileiros e adicionando milhões de clientes ao nosso ecossistema. Com muita satisfação, nós damos as boas-vindas aos times do Grupo BIG, que desempenharam um excelente trabalho, iniciando a transformação da companhia nos últimos anos. Este é com certeza um marco muito importante na história do Grupo Carrefour Brasil, e aponta para uma forte aceleração do crescimento nos próximos anos”, destacou Noël Prioux, CEO do Grupo Carrefour Brasil.Sobre o anúncio, Abilio Diniz, Presidente do Conselho de Administração da Península Participações, afirmou em nota: “Em mais de seis décadas atuando no varejo, posso dizer que este é um dos movimentos mais importantes na história do mercado brasileiro. Já era fã do Carrefour desde que era seu concorrente, e a aquisição do BIG permitirá à companhia oferecer mais serviços de qualidade em mais regiões do país num momento de profunda transformação do setor, que abre muitas oportunidades. Tenho muito orgulho de fazer parte dessa história e contribuir, como conselheiro e acionista relevante, para o crescimento do Carrefour no Brasil.”De acordo com a XP Investimentos, a notícia é positiva, pois acelera de forma relevante a expansão do Grupo Carrefour, enquanto há muita sinergia a ser capturada, principalmente através da melhora das margens do Grupo BIG (hoje em 4% versus Carrefour entre 7% e 8%) e expansão do Banco Carrefour para os clientes BIG.
Não muito tempo atrás, o gigante varejista americano, o Wal Mart, havia vendido as suas operações no Brasil para o Grupo Big, pertencente ao fundo de investimentos Advent. A própria marca Wal Mart deixou de ser usada no Brasil para diminuir os custos com o pagamento de royalties. A ligação com os donos americanos originais se manteve com a continuidade do clube de compras Sam's Club. Agora, as lojas Big (nome pertencente originalmente ao grupo português Sonae) e todas as suas demais bandeiras noutras regiões do país serão integradas dentro do conglomerado gigantesco do Carrefour.
terça-feira, 23 de março de 2021
A gambiarra existencial brasileira
Quando eu adentrei esse grande monstro chamado direita, identificar-se com esse campo político significava automaticamente ser nazista, ou integralista, votar no Paulo Maluf ou, in extremis, ser da UDR, se você fosse do campo. Me lembro quando no ensino médio, querendo entender o que era tudo aquilo e achando mesmo um tanto fascinante ser dissidente do que era o status do momento, ou seja, a esquerda. Minhas referências eram os livros didáticos e a imprensa (estava a sair do ensino médio). Nisso, Maluf e Plínio Salgado viraram Reagan e Milton Friedman para mim. Perguntei a um professor em 2006 quem ele via como sendo de direita no Brasil. A resposta foi Geraldo Alckmin. E redargui querendo saber quem estava na extrema direita e ele citou a União Democrática Ruralista. Quando passei a ter computador e internet em casa, pesquisar o que era a tão maligna UDR foi uma frustração pra mim. Por que fazendeiros que queriam manter aquilo que era seu contra invasores baderneiros poderiam ser tão malvados? As presentes gerações não terão esse tipo de sofrimento. Tudo pra eles em matéria de informação está disponível. O liberalismo político, Smith, Malthus, Bentham, Stuart-Mill, Spencer, o liberalismo econômico radical, como Mises, Hayek, Friedmann, toda a Escola Austríaca. O Conservadorismo em todas as suas vertentes europeias e americanas. A economia social de mercado. Muita coisa está aí. E o Brasil escolheu não ser absolutamente nada. É uma mistura de muitas coisas e acaba sendo só uma lastimável orgia das piores características de uma civilização decadente. Aliás, o próprio Claude Levi-Strauss disse que o Brasil caminhava da barbárie para a decadência sem ter passado pela civilização. Ele estava certo. Os dados estão aí. As informações estão aí. Vamos ficar pra sempre com essas monstruosidades morais, modelos políticos e econômicos híbridos e toscos (gambiarras mesmo) e com lideranças políticas igualmente escrotas? Vamos sim.
O paulistano eterno
Me identifico com o paulistano que mora na casa que restou numa rua em dissolução. É como o velho morador de Pinheiros, que habitava uma ca...
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“A dimensão dramática da diferença é demonstrada no fato de que no início do século XIX a colônia espanhola dividia-se administrativamente e...