Me recordo que desde pequenino um dos lugares que mais gostava de ir eram os supermercados; tradição esta que conservo até os dias de hoje, além da vontade de ser dono de um no futuro.
Nunca gostei de shoppings-centers, como a grande maioria de meus contemporâneos gostam, não consigo definir claramente porque, acho que a amplitude dos corredores, o excesso de gente extremamente fútil, o que nos supermercados, mesmo entre os hipers ou os mais elitistas é diminuído sensivelmente.
Mas hoje cada vez mais as pequenas e médias redes de supermercados estão desaparecendo. Sé e Reimberg são dos que sumiram,que mais marcaram a minha infância.
O Reimberg, rede de médio porte da Zona Sul Paulistana (a minha querida Zona Sul, onde nasci e moro até o presente) foi, acho que em 1998 ou 1999, adquirida pelo Pão-de-Açúcar e transformado em Barateiro. Existiam Reimberg’s em Embú Guaçú, Jardim São Bernardo, Grajaú, Vila São José, Piraporinha, na Avenida Sabará, além do grande Reimberg do Casa Grande, que se comparado com qualquer Wal-Mart da vida é armazém, mas para a família Reimberg e seus clientes eram o maior que existia, além do melhor.
Não coincidentemente outro mercado que sumiu, que também foi incorporado pelo grupo Pão-de-Açúcar foi o Sé. Agora não sei precisar se era o Sé ou o Barateiro (mais uma rede comprada pelo Pão de Açúcar que depois de alguns anos, mudou o nome para Compre Bem, se porventura você está na capital Bandeirante ou arredores, deve ter um aí por perto da sua casa) foi começado por uma família de Japoneses, que vendiam já seus produtos nas feiras de ruas convencionais.
A unidade do Sé da qual tenho mais recordações era a de uma pequena unidade que existia em Santo Amaro, de esquina, atrás do pronto-socorro municipal e e do teatro Paulo Eiró. Esta loja foi construída no final dos anos 1990 e durou (creio eu,se estiver errado alguém que me corrija) pouco menos de dez anos, mudando, após a sua venda, a bandeira para Compre-Bem (memore que as pequenas lojas do Sé viraram Compre-bem e as grandes lojas Extra ou Pão-de-Açúcar, variando de acordo com a região da cidade) e por volta de 2006 fechou de vez, virando Igreja Universal do Reino de Deus (que também não vingou) e hoje o prédio foi demolido e está sendo construído no local alguns edifícios de luxo, devido a super-valorização dos arredores da avenida Adolfo Pinheiro (que já foi Adolpho) por causa da ampliação da linha 5 do metrô.
Ia com meu pai lá, com certa frequência, depois que mudei para os arredores de Santo Amaro, dizia ele (meu pai) que tinha carnes de ótima qualidade no Sé. Não afirmo nem duvido, pois não como carne, mas facto é facto, que aquele mercado era um brinco, isso era.
Não se pode dizer que os serviços oferecidos actualmente nos supermercados Paulistas são inferiores aos de dez anos atrás. Os problemas de falta de variedades de marcas e outras praticidades para quem não é grande consumidor e para quem não vai de carro continuam a existir como existiam na época dos finados mercados.
Isso somente me leva cada vez mais a acreditar que nós vivemos o que temos de viver e que cada coisa, sendo as mais doces, singelas ou tristes acontecem com razão e motivos bem definidos, ou seja para provocar a vida através dos sentimentos advindos da saudade, despertando o sentido e os questionamentos de seu verdadeiro papel na existência.
Espero que no futuro outros supermercados sumam, para que esta reflexão apareça na cabeça de novas pessoas.
Em memória:Sé, Reimberg, Tulha, Coper leve, Peralta, Apoio, Barateiro e outros que não conheci.
Para a memória futura: Futurama, Pastorinho, Mambo, Sonda, Bergamini e o meu futuro supermercado.
Futurama já se foi. Profecia fácil essa.
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