Mostrando postagens com marcador livros. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador livros. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 31 de março de 2025

Uma historiografia das épocas

Cada período escreve a sua história dando ênfase na inquietação daquele momento. A observação é do professor Hilário Franco Júnior, no livro A Idade Média, nascimento do Ocidente. Ele aponta: a pólis grega marcou com o aparecimento da história política; a idade média em seus mosteiros preparou as biografias de santos, as hagiografias; a afirmação dos estados e monarquias nacionais no século XVIII trouxe a história dinástica e nacional (comento: e o século XIX, antevendo a crise dessas monarquias, com o romantismo, buscou reforçar essa identidade nacional); por fim, no século XX de esperanças utópicas (socialistas e liberais-democráticas) o estudo da história das mentalidades. 

E a história do tempo presente, da geração do novo milênio? Me parece ser a geração da história da loucura, da desorientação planejada e mesmo da história da indecência. 

A linha de pesquisa do historiador é uma afirmação do seu entendimento final de sua época sobre si mesma ou sobre outro período. Como vivemos tempos anarquicos e dementes, somente uma historiografia da indecência e da loucura poderia ter voz forte. 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Sobre livrarias e memórias

 A primeira recordação que tenho sobre ir em uma livraria, já no caso uma megastore, foi em 2007, na Fnac do Shopping Morumbi. Naquele ano eu estava no 3º colegial e participei de um concurso de redação sobre meio ambiente, patrocinado pela Bayer do Brasil. A fábrica da Bayer era vizinha da nossa escola, no Socorro. Como prêmio pelo terceiro lugar no concurso ganhei um voucher da Fnac. Lembro que nunca tinha ido até o Shopping Morumbi e achei tudo ali um pouco classe média demais para o que eu estava acostumado até então. Os shoppings que eu estava mais habituado a frequentar eram mais simples e atendiam a um público menos seleto, como o Interlagos (em cujo cinema assisti meu primeiro filme, Gasparzinho), o SP Market (que tinha o ótimo Parque do Gugu), o Fiesta e o Center Sul (depois Boa Vista). 

Com aquele voucher que ganhei eu comprei um dvd do Paul Mauriat e um cd de seleções de trechos de ópera para corais. Os dois reais que sobrariam foram usados para adquirir um conjunto de canetas Bic Crystal. Foi a primeira vez que eu fui ali naquele shopping e também em uma livraria moderna, como a Fnac. Me lembro que era tudo muito novo pra mim. Achava graça e algum espanto no ambiente todo com carpetes bege, pilhas de cd's em promoção, dvd's, livros de autoajuda, aquelas estações com fones de ouvido para ascultarmos demonstrações de cd's. Era algo muito interessante. Àquela altura não me chamavam tanto a atenção os livros. A leitura foi algo que a faculdade me obrigou a despertar, não tinha o hábito, mesmo morando a 1 km de uma biblioteca pública, onde fiz minha carteirinha com 12 anos. 

 A segunda megastore que me recordo ter ido foi justamente outra Fnac. A loja subterrânea da Avenida Paulista. A sensação de descobrimento foi a mesma. Depois, já de 2010 para frente eu comecei a ir mais lá. Cheguei a ir com um ou dois amigos da faculdade também. Me lembro que comprei muito barato lá os dois volumes do livro do Raymundo Faoro, Os donos do Poder, da Editora Globo. Comprei outros livros que não me recordo mais. Era um tempo de pouquíssimo dinheiro e pouca margem para comprar o que não fosse essencial, inclusive para leitura da graduação, que era mais recheada de xerox e textos digitalizados. Depois quando comecei a trabalhar e a ter salário é que iniciei a montagem da minha coleção de livros, hoje por volta dos 600 volumes (e que cresce vegetativamente). Quando a grana passou a ser um pouco mais liberal comigo aí já a internet reinava na aquisição de livros. Ainda assim comprei online muita coisa na Fnac e na Livraria da Folha. As duas marcas fazem falta no meio digital. Eram boas concorrentes e se podia achar coisa lá em promoções melhores do que as da Amazon, eventualmente. 

A verdade é uma só, o público que consome livros é mais selecionado do que aquele que compra coxinha na promoção do Ragazzo e casquinha do McDonalds. O brasileiro lê pouco e lê mal, mas ainda assim é um brasileiro mais seleto do que a média do povo. Manter uma livraria custa caro. Ainda mais megastores que tinham de bosta a bomba atômica, como eram as lojas da Fnac. 

Inclusive, o que me motivou a escrever esse texto foi o descobrimento por minha parte do Ática Shopping Cultural, em Pinheiros. 

A falência da Livraria Cultura, outra queridinha dos leitores, trouxe à superfície o saudosismo de muitos leitores, que inclusive desenterraram uma foto da Ática Shopping Cultural. Eu sabia que existia a Fnac de Pinheiros (ou melhor, que ela havia existido), mas não sabia que ali havia tido este outro empreendimento primevo. Um local enorme, com três andares que prometia ter todo o tipo de literatura, multimídia e equipamentos de informática. Se eu tivesse meus trinta e poucos anos lá em 1996 (e não 6, como foi o caso) eu teria adorado frequentar aquele lugar. 

Foto: Cristiano Mascaro - Fonte: Revista Projeto (2023)

Aliás, legal ver nessa foto é também a fonte usada pela Editora Ática antes de ser engolida pela Abril e se concentrar apenas em livros didáticos e paradidáticos. Tenho alguns livros aqui dessa fase da Ática.

Agora, sobre a Livraria Cultura: sempre muito bonita, sortida e agradável, mas sempre muito cara, seja na loja, seja no site. Eu ia perscrutar autores e títulos lá, mas comprava na Saraiva ou na Fnac. A estratégia de não ser competitivo em preços era uma burrice, sobretudo em tempos em que o trovões anunciavam a chegada barulhenta da Amazon (e de outros marketplaces generalistas -- hoje é capaz de se achar preços melhores no Mercado Livre ou na Magalu -- os livreiros ainda não entenderam esse fenômeno).

Em tempo: leio que a Saraiva parece estar se dando muito bem em sua recuperação judicial. Menor, mas saudável. Que bom. É uma marca de respeito, a maior livraria que já tivemos. Que fique mais cem anos viva.

sábado, 23 de julho de 2022

A opção pela espada, de Pedro Marangoni.

 Ao ler o livro de Pedro Marangoni eu fiquei, não sei por quanto tempo, mais anticomunista. Nesta obra acompanhamos o relato de um homem que procurou viver a aventura de um cavaleiro andante na segunda metade do século XX, seu entusiasmo e coragem em enfrentar dois demônios, a decadência da civilização incompleta levada pelo europeu para a África e o imperialismo comunista de soviéticos e cubanos. 

Essa coragem só se vê como iniciativa particular. Não há governo sobre esta terra que incentive ou viva para defender a sua honra com a coragem que este bravo soldado demonstrou nas selvas de Moçambique, Angola e Rodésia. 

Aliás, foi a falta de coragem e a alta traição dentro dos países ocidentais que fizeram com que a África fosse entregue para os negros e comunistas. Portugal foi quem mais bravamente resistiu, junto com a África do Sul. A Inglaterra e a França perderam o brio do tempo em que realmente eram impérios globais. Comidos vivos pelos socialistas dentro de seus quintais, não podiam querer que os comunistas não tomassem as suas possessões ultramarinas. O mesmo ocorreu com Portugal, embora pouco mais tardiamente. 

Quantos milhões de europeus que construíam a civilização na África foram aniquilados em suas propriedades e vidas, em razão da dubieza dos governos de suas metrópoles? Conheço quem foi obrigado a emigrar de Moçambique, quando a revolução dos comunistas tomou o poder em Lourenço Marques. Pessoas que vivem aqui em São Paulo até hoje, mas, parecem que não aprenderam as lições da sedição vermelha, pois aqui votam fervorosamente no PT!

O Comunismo é a encarnação máxima do mal na política. O totalitarismo até pode ser o fenômeno, mas, decisivamente, é um fenômeno que só um agente pode provocar, o comunismo internacional. Sem ele, nenhuma outra manifestação reacionária ou responsiva de autoritarismo se faz necessária. O fogo se combate com fogo, é assim que se diz. 

Os poucos comunistas honestos são ignorantes. Essas pessoas que creem na descentralização, no controle do capitalismo e da exploração da miséria do homem, deveriam buscar uma nova filosofia de vida. Eu lhes aconselharia, primeiramente, uma revisão geral de valores à partir da ótica do Cristianismo social. Sem o Cristianismo não poderíamos estar falando sobre direitos humanos e liberdades civis. Sem o cristianismo, toda a liberdade é ceifada por completo. Ainda digo, como sistema econômico, essas pessoas poderiam se voltar ao ordoliberalismo, à democracia cristã, ao distributismo, de Hillaire Belloc e a doutrina social da Igreja Católica. Encontrarão muito mais solidariedade e irmandade nesse meio do que no demônio sedutor do comunismo.

Já com a esquerda puramente pragmática, que somente busca o poder pelo poder, maquiavélica, sádica, essa precisa ser dizimada e não pode haver com eles nenhum diálogo. No Brasil, a quase totalidade da esquerda se encontra nesse campo. Quem não cerra fileiras com eles, acaba no ostracismo. Alguém se lembra da meteórica senadora Heloísa Helena? Foi colocada de lado pela esquerda. De certa forma isso também é observado com Marina Silva. Elas abandonaram o que entendem ser a esquerda? Não creio, mas ainda assim hoje são inúteis ao bloco lulopetista que hegemoniza e hipinotiza a esquerda brazuca, já fazem muitas décadas.

Pedro Marangoni, que não sei se vive e como vive, o que pensará do que vê do mundo de hoje? Me parece que nos campos e selvas africanas o inimigo era mais nítido. Na vida em que temos hoje, no ocidente, o inimigo é turvo e difícil de ser identificado. É a Rússia e a China, o Islã ou o decadente moralmente Ocidente? Não sei se ele tem uma resposta mais decisiva para isso, pois eu não tenho.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Lidos

De Outubro de 2011 até 26 de outubro de 2012.
  • Rumo a Estação Finlândia (Edmund Wilson) – Cia das Letras
  • Aventura, Corrupção e Terrorismo: a sombra da impunidade (Dickson Melges Grael) – Editora Vozes
  • Carta ao Papa (Leon De Grelle) – Editora Revisão
  • O Campo da História (José d’Assumpção Barros) – Editora Vozes
  • O Espetáculo das Raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil – 1879/1930 (Lilia Katri Moritz Schwarcz) – Cia das Letras
  • Desobediência Civil (Henry David Thoreau) –  e-book
  • O Século XX de 1914 aos nossos dias (René Rémond) – Cultrix
  • Geopolítica e Projeções de Poder (General Meira Mattos) – Biblioteca do Exército
  • O Século de Luís XIV – Col. História Universal (Carl Grimberg) – Segmento
  • O Queijo e os Vermes (Carlo Ginzburg) – Cia das Letras
  • A Revolução de 1930: História e Historiografia (Bóris Fausto) – Brasiliense
  • Hayek na UNB (Transcrição) – Editora UNB
  • A Era das Revoluções (Eric Hobsbawm) – Paz e terra
  • Ciência e Política: duas Vocações (Max Weber) – Martin Claret
  • Bandeirantes e Pioneiros (Vianna Moog) – Cia Editora Nacional
  • Saddam, o amigo do Brasil (Leonardo Attuch)
  • Novo Mundo nos trópicos (Gilberto Freyre) – Topbooks
  • Tristão e Isolda (lenda) – Martin Claret
  • Mil Anos de Felicidade: uma História do Paraíso (Jean Delumeau) – Cia das Letras
  • A Paixão de Cristo: Mel Gibson e a filosofia (Jorge J.E. Garcia, org.) – Madras
  • Da República (Cícero) – Escala
  • A Itália de Mussolini e a Origem do Fascismo – Ícone Editora
PRONTOS PARA A LEITURA
  1. Interpretação da realidade brasileira – João Camilo de Oliveira Torres
  2. Nações e Nacionalismo desde 1780 – Eric Hobsbawm
  3. A Invenção das Tradições – Eric Hobsbawm
  4. 1932: Imagens construindo a História – Jeziel de Paula
  5. São Paulo 1932: memória, mito e identidade – Marco Cabral dos Santos & André Mota
  6. A Lenda de uma quinta senhorial – Selma Lagerlöf
  7. Filosofia da Miséria – Tomos I e II - Pierre-Joseph Proudhon

O paulistano eterno

 Me identifico com o paulistano que mora na casa que restou numa rua em dissolução. É como o velho morador de Pinheiros, que habitava uma ca...