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quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Democracia cristã

Tem muita gente realmente preocupada, realmente tensa com o seu futuro profissional. O medo é de que o novo governo liberal de Bolsonaro, Paulo Guedes e equipe acabe com a estabilidade do servidor público e comece programas de demissão voluntária e, por fim, demissões compulsórias.

Esse é um temor justificado. Tenho certeza que, do que dependesse do futuro ministro da economia, isso iria ocorrer.

A mentalidade do serviço público é típica das civilizações contemporâneas. Conforme a vida urbana avança, avança ao mesmo passo o estado e a necessidade dele gerenciar a vida nas grandes cidades. O idílico liberalismo do século XIX, as vezes quase anárquico, é impossível nas metrópoles modernas. Grandes cidades, grandes populações, grandes problemas e grande estado.

Esperar alguma mudança que passe pela quase extinção do serviço público não é despropositada, vinda de pessoas que estão acostumadas apenas com o mercado financeiro. Se verdade é que o presidente é também um servidor de carreira, e isso poderia servir como algum alento, também é verdade que o poder pode cegar e envergar nossa cerviz. Teremos em Bolsonaro alguém que sirva de freio ao liberalismo ortodoxo do Dr. Paulo Guedes?

Dito isso, eis que vejo a necessidade do surgimento de uma força política que consiga unir a esquerda do trabalho e a direita dos valores. Em países ocidentais, em tempos de paz, esse papel deveria ser desempenhado pela democracia cristã. Aqui em Banânia, os demo-cristianos simplesmente não existem como força política partidária faz muito tempo. O último lampejo forte nesse sentido esteve ancorado na ala liderada por Franco Montoro, no PSDB. Com sua morte e com a morte do PSDB, a democracia cristã está desaparecida do Brasil. Ela poderia ser uma força política relevante, verdadeiramente de centro, tendendo à direita, que equilibraria o jogo partidária, dando alguma racionalidade nesse teatro que vemos agora.

Não sei quanto tempo a onda liberal vai durar. O liberalismo de Reagan e Thatcher tiverem seus limites políticos, gerando novos governos democratas e trabalhistas. O consenso burocrático entre sociais democratas de esquerda e de direita permite esse tipo de situação. O liberalismo de Guedes deverá se esgotar em pouco tempo. Se bem sucedido, ajudará Bolsonaro a se reeleger daqui quatro anos e a fazer o seu sucessor. Daí em diante prefiro já não fazer conjecturas. De toda a forma, o liberalismo do século XIX já não pode existir. Ele é um pássaro Dodô. Ave extinta. Querer recria-lo hoje é uma aventura que resultará em grandioso fracasso.

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Tudo estranho nesse atentado sofrido por Bolsonaro

Sai de casa um pouco depois do meio dia. Fui no mercado comprar algumas babujas: requeijão do norte, cerveja, linguiça, um docinho. Os dias tem se sucedido assim, mais ou menos. Um após outro, uma aflição por dia, um docinho por dia pra compensar.

Quando era por volta das duas e quebrados eu me deitei um pouco com o celular e ouvi umas entrevistas velhas do Jô Soares Onze e Meia no Youtube. Adormeci e me levantei pouco antes das seis para ir tomar uma chuveirada e pegar o carro pra ir pra escola. Quando saio do banheiro minha mãe comenta com meu irmão que haviam esfaqueado o Bolsonaro. Fiquei espantado com o que ouvi e minha reação foi pegar o celular pra ver as redes sociais.

Ora, passadas 24 horas do atentado muito já foi dito. O tema do atentado monopolizou a imprensa. Dizem que o Jornal Nacional praticamente só falou disso. A internet também só fala sobre. A direita está em total frenesi com o ocorrido, uns por comoção real com o fato outros pela emoção que o ocorrido traz ao pleito eleitoral. Pessoas normais que são de esquerda acham tudo o que ocorreu um grande risco. Nota-se que foram pegos de surpresa como todo mundo e que estão ainda digerindo todo o forfé.

Não há menor dúvida de que o criminoso era uma pessoa afinada com as pautas da extrema esquerda. Foi filiado ao PSOL. Seu Facebook está repleto de publicações com teor esquerdista. Contudo, chama também a atenção para o conteúdo anti-maçônico que se encontram em outras tantas postagens do sujeito.

A maçonaria, a partir do governo Dilma, passou a dar mais a cara a tapa, publicamente. Ninguém que não seja afetado mentalmente desmerece todo o poder que ao longo da história essa seita teve e permanece tendo. A maçonaria é, talvez, a principal rede de contatos políticos que existe no mundo. Mais forte em seus intentos do que a Igreja Católica. O número de maçons em cargos de eminência no mundo é incontável: governantes, ministros, executivos de grandes corporações, membros do poder judiciário e forças armadas, artistas, elementos do clero. A maçonaria realmente é quase onipresente, embora eu duvide muito da capacidade do coesa plena e total da mesma.

Mas aqui no Bananão os maçons, depois de controlarem total e diretamente, a política do país no Império e na Primeira República, parecem que se afastaram da política miúda, das disputas eleitorais periódicas. Coloco o período da década de 1960 até a atual década como o momento de reclusão da maçonaria brasileira. Ao ver a instabilidade geral e a falta de perspectiva política, a classe dos seguidores de GADU no Brasil aparente ter despertado, saído de sua dormência. É notório o papel desempenhado por relevantes setores e membros da maçonaria em nossa década, contra o governo petista, sobretudo. Um dos mais destacados movimentos de rua que participaram dos protestos contra Dilma Rousseff foi o Avança Brasil Maçons-BR. Nosso atual presidente é maçon adormecido e, rezam as lendas, que é dos graus mais elevados (não digo que ele seja grau 33, o mais alto da seita, por que este, normalmente, é reservado aos grãos mestres). Boa parte dos mais próximos assessores do candidato Jair Bolsonaro é formado por maçons: o princípe Luiz Phellippe de Orleans de Bragança, Major Sérgio Olímpio Gomes, o General Hamilton Mourão, o também General Augusto Heleno. Estas são figuras publicamente maçônicas. Certamente há outros homens da maçonaria no casting de Bolsonaro. Não seria equivocado dizer que, embora não oficialmente, Jair Bolsonaro é o candidato da maçonaria brasileira à presidência da república.

Adélio Bispo de Oliveira, obscuro personagem que apareceu de sopetão no dia de ontem, em seu Facebook se coloca como um anti-maçon. O que teria gerado esse anti-maçonismo dele? Teria ele não sido convidado a participar de alguma loja? Teria sido alvo de algum complô de bairro de maçons contra ele (parece que sim)? A verdade é que muitos podem achar estranho um sujeito que seja anti-maçon e de algum modo religioso ser membro de uma legenda de extrema esquerda, como é o PSOL. As tendências conspiratórias são fortes tanto na esquerda quanto na direita e mesmo fora delas.

Bom, nesse texto, a maior parte do que escrevi são conjecturas. A verdade, acho difícil que venhamos a conhece-la. A imprensa está desbaratinada e preocupada apenas com o alcance eleitoral do evento e com os pontos de audiência que a cobertura do caso podem lhe render. As informações são desencontradas e não irão investigar isso como se deve: não irão, por exemplo, atrás do dinheiro do tal Adélio (desempregado, morador de Santa Catarina, que passava temporada em Juiz de Fora), assim como não me parece que estão interessados em saber se ele agiu sozinho ou em conluio (o ministro Raul Jungmann, da segurança pública, disse em entrevista, que acredita ter sido ação de um lobo solitário). A versão do lobo solitário é aquela que tende a ganhar mais força, apesar da verdade.

Bolsonaro sai mais forte disso tudo. Sai vivo. Não sabemos ainda se ele poderá se dedicar a campanha. Se terá o seu restabelecimento a tempo de pegar a reta final da disputa. Por enquanto tudo está em compasso de espero. Penso que até segunda feira mais coisas devem se aclarar. Tanto sobre o estado físico de Jair Bolsonaro, quanto sobre a corrida eleitoral. O resto, porém, não se aclarará.

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

A humilhação da Globo é sempre uma eterna alegria!

É sabido que no Brasil uma das questões que todo cidadão médio concorda, tenha ele a inclinação política que for, é que a Rede Globo de Televisão é uma organização criminosa. 

Entre aqueles um pouco mais esclarecidos essa consciência é ainda mais clara, por mais que não seja sempre externalizada. 

Não posso falar tanto. Não sou grande espectador dessa emissora. Assisto a um pouco do jornalismo da casa, de forma esporádica. Mais a primeira edição do SPTV e o Jornal da Globo e o Hoje. Os diários matutinos e o Jornal Nacional não estão no meu menu diário. Da teledramaturgia e a linha de shows da Vênus Platinada também tenho orgulho em afirmar com toda a verdade que não assisto, não vejo, não sei o que se passa. Se uma novela da Globo promove o homossexualismo, a pederastia, a traição, o ódio, a bruxaria ou qualquer outra coisa, isso não me afeta diretamente. Sei que a Globo promove tudo isso, mas sei indiretamente. Não preciso me expôr a tamanho toxidade todos os dias para saber disso.

Jair Bolsonaro hoje esteve na bancada do Jornal Nacional, sendo entrevistado como candidato à presidência da república. É totalmente conhecida a completa repulsa que o deputado Bolsonaro tem em todas as redações dos meios de comunicação nesse país. O seu estilo direto, franco, aberto, popularesco, que fala olho no olho com o cidadão comum é um ultraje para a classe jornalística, na maior parte composta de elementos de classe média, que saíram da pobreza ou vem de famílias igualmente de classe média e que tem por hábito colocar um sujeito comum como sendo uma pessoa desqualificada, despreparada, indigna de ter a sua opinião levada a séria. Na cabeça dessa turma, levar um Bolsonaro a sério é colocar em pé de igualdade consigo àquele parente que teve pouco estudo, um vizinho da infância que falava de boca cheia, peidava na sua frente ou de um colega de escola que não conseguiu avançar em direção à faculdade e que vive sua vidinha simples, preocupado com os resultados do futebol e que domingo a noite, antes de deitar para o início de mais uma semana de labor, gosta de dar risadas vendo as câmeras escondidas do Silvio Santos. Em parte, a ojeriza da imprensa é uma repulsa às próprias memórias afetivas da infância de muitos jornalistas.

Outra possibilidade para explicar o asco que a imprensa tem do candidato do PSL à presidência se deve ao fato dele ser um exemplo vivo de como é possível viver fora dos holofotes do jornalismo televisivo. Bolsonaro só é o fenômeno que é hoje graças a internet. Sem ela, não teria conseguido obter o mesmo sucesso que tem hoje. Um sujeito muito mais capaz e mais preparado para as funções da administração pública, como foi o saudoso doutor Enéas Ferreira Carneiro não teve a chance de chegar a presidência por que dispunha apenas de escassos segundos de propaganda eleitoral na TV. Se tivesse tido a chance de viver nos anos 2010, Enéas seria o grande fenômeno e o que vemos Bolsonaro fazer, colocando jornalistas de todos os veículos no bolso, dia após dia, seria ainda mais estrondoso e assustador. Querem um exemplo? Assistam no Youtube a clássica entrevista do doutor Enéas no Roda Viva, em 1994. Aquilo é um total massacre de um único sujeito frente ao tribunal da inquisição da imprensa. Rodeado de nomes famosos da imprensa, como Fernando Mitre, Clóvis Rossi, José Paulo Kupfer e Heródoto Barbeiro, simplesmente Enéas não deixa espaço para uma única virgula faltante, nenhuma ideia mal articulada, nenhuma resposta dada sem clareza. Vejam isso e tentem imaginar como seria se ele tivesse o Youtube a possibilidade de fazer streamings diários, publicar tweets e encaminhar newsleters. Nessa hipótese absurda, Enéas seria o verdadeiro mito e Bolsonaro só um histriônico deputado.

A Globo consegue ser ainda mais detestável do que qualquer outra emissora, sobretudo pela vida absolutamente maculada do senhor Roberto Marinho, que engordou seus cofres durante a ditadura militar prestando o serviço médico geral de anestesiar milhões de mentes. A Globo infringiu leis, roubou. Com o apoio dos militares. Não é totalmente surpreendente imaginar o porque Bolsonaro devota tanto respeito à figura do senhor Roberto Marinho, a quem citou, entusiasticamente, em sabatina na Globonews e hoje novamente no Jornal Nacional. Marinho, que negava suas origens africanas, passando pó de arroz na cara até seus últimos dias, contudo não abria mão de uma "macumbinha". Programas da Globo, em especial sua teledramaturgia, sempre foram as maiores promotoras do espiritismo e das crenças mágicas afrobrasileiras, como a Umbanda e o Candomblé. A bruxaria é promovida para donas de casa às 19 horas simplesmente por que o dono da emissora era um serva dessas práticas religiosas e crente delas e, portanto, o seu principal promotor público. Bolsonaro, como cristão, deveria parar de exaltar essa figura (mesmo que avise que, assim como quase todo mundo, saiba que a Globo é puro veneno e que irá cortar verbas publicitárias estatais se for vencedor do pleito de outubro -- esperamos que ele cumpra essa promessa!) até por que, dadas as ligações de Marinhos com o Regime Militar e a idolatria que os seguidores do candidato capitão do exército tem também com a milicada, muitos já estão quase querendo que o dono da Globo saiu do mundo mortos e retorne para colocar ordem em sua criação, que teria se rebelado e se tornado um antro de comunistas (como se a Globo não fosse, desde a sua criação, um covil de membros do partidão).

Em se tratando da Globo, vê-la humilhada é sempre uma alegria!

*Texto não revisado*

terça-feira, 31 de julho de 2018

Bolsonaro no Roda Viva: a astúcia frente ao medíocre

A seletividade da imprensa é notória. Ela tem os seus interesses muito claros, sejam aqueles interesses dos patrões, sejam os das redações. Já não é de hoje eu penso que os interesses desses últimos tem sobressaído.

A cobertura política do Brasil favorece amplamente certos elementos e certos partidos. Exemplo claro é o espaço que o PSOL e representantes dessa legenda acabam por ocupar, inversamente proporcional à relevância que esta pequena legenda de esquerda tem. O mesmo se observa à Rede Sustentabilidade, partido-movimento ancorado em Marina Silva.

Fora esses dois casos ainda se deve destacar que há algum consenso, as vezes meio a fórceps, de que os melhores partidos para o Brasil são mesmo o PT e o PSDB. Gilmar Mendes, ministro do STF também acha e compartilhou esse pensamento em sua Twitter. O PT e o PSDB representariam o que ainda existe de moderno na política, enquanto os partidos pós-modernos ainda não obtém viabilidade eleitoral. A encarnação do mau se dá no MDB, no Centrão e nas bancadas ruralista e evangélica. 

O consenso social-democrata está formado no Brasil desde a redemocratização, mas ele está cansado e não sou roube, por enquanto, se renovar. PT e PSDB ocuparam o poder num consórcio desde 1994, interrompido, de jure, duas vezes, pelos governos interinos de Itamar Franco e agora de Michel Temer. Na política já há hoje mais vozes céticas em relação à social-democracia brasileira do que a vinte anos.

No meio acadêmico, porém, nada mudou. Talvez tenha mudado para pior. O domínio da esquerda é inconteste em todas as áreas. As perseguições do estamento universitário progressista aos dissidentes é enorme: falam de colegas, negam orientações em mestrado e doutorado, vetam bolsas e verbas de pesquisa, tudo isso para manter o status quo de esquerda dominante no meio universitário. Não tenho notado grande avanço e resistência nesse campo.

Na mídia tradicional, como já começamos a tratar no início desses escritos, há alguma mudança, em razão da pressão que a internet tem feito e da concorrência que ela representa para a imprensa tradicional. A mídia oficial perdeu a sua exclusividade na produção de conteúdos e hoje um Youtuber pode ter mais influência do que um comentarista do Jornal da Globo.

É na internet que encontramos resistência ao modelo progressista de sociedade. Alguma resistência. Desorganizada e descentralizada. Se no www temos muitas vozes, muitos influenciadores, não há um que seja o absoluto categórico que domine absolutamente esse meio. A voz mais importante no combate teórico à esquerda no Brasil é o jornalista Olavo de Carvalho e sobre já nos referimos aqui em outros textos. Olavo coleciona amores e desafetos. Há uma torcida organizada a seu favor e outra contra, mas negar a sua relevância no atual momento de transição e de geração que passa o Brasil é mentir.

Na política aquele que com mais relevância irá repercutir as vozes da internet é Jair Messias Bolsonaro. Goste-se dele ou não, foi a durante um bom tempo o único parlamentar assumidamente de direita em Brasília (seja lá que cazzo de direita isso represente). Apanhou e apanha até hoje de todos os lados, mas parece ser como massa de bolo: quanto mais se bate, mais ele cresce. Cansou de ser entrevistado em programas boçais, como o Superpop de Luciana Gimenez ou a arapuca do finado CQC. Seus debates-entrevistas com travestis e atores pornôs, além de outras sub-celebridades na Redetv! são clássicos e lhe deram cancha de como lidar com uma malta de jornalistas raivosos sempre dispostos não a questioná-lo mas a confina-lo num canto e o espremer como se faz com uma barata e um sapato de bico-fino.

Bolsonaro não foi figurinha carimbada, em todos esses anos em que é um fenômeno dissidente na internet, na imprensa tradicional. Na Globonews ele nunca teve o espaço que deputados de esquerda (como Maurício Rands, Chico Alencar, Miro Teixeira, Alessandro Molon e o senador Randolfe Rodrigues) sempre tiveram ao seu dispor, como arautos do mais puro republicanismo. As primeiras entrevistas aos dois mais relevantes programas semanais de política da TV aberta só aconteceram nesse ano: no Canal Livre da Band e no Roda Viva, da TV Cultura, no dia de ontem.

Quem não assistiu essas entrevistas precisa vê-las não para discutir o candidato em si, mas para analisar e observar, com um olhar quase etnográfico, o comportamento dos experimentados jornalistas que ali estavam sabatinando Bolsonaro. O deputado que já esperava um comportamento agressivo e rancoroso se deparou com aquilo para o que já estava preparado, temas como a ditadura militar, racismo, homofobia, misoginia, enfim, aquilo que interessa ao mundinho histórico e social que só existe na cabeça de membros da imprensa, das artes e da academia. São as taras e fetiches que povoam as mentes dessas pessoas, que, não tem sua luxúria com pés, chicotes, tapas, xingamentos, posições ou acessórios, mas com a dívida histórica com a população negra, o genocídio de homossexuais ou a violência policial. Tanto as taras sexuais clássicas quanto essas são doentias. 

A astúcia do Bolsonaro não precisava ser muita, diante do quadro horrendo de sodomia moral dos inquiridores. A mediocridade da imprensa a faz pensar que com ataques já velhos a tudo aquilo que o candidato sempre defendeu e que até agora só o fez angariar um séquito fiel e disposto a seguir ele até o fim, o fará agora marchar para trás, aprisionando-o ao baixo clero eterno da câmara dos deputados. Isso não vai acontecer. O eleitor quer um Messias que o guie, que o conduza, que o leve a um novo jardim de delícias. Esse condutor precisa ser forte, valente, aguerrido. Bolsonaro encarna o que povo quer e o que as elites não podem ofertar.

quinta-feira, 29 de março de 2018

O excesso de candidaturas é sinal de vacuidade no poder

Estamos no fim de março e até agora várias são as candidaturas postas à presidência da república, elenquemos elas:

1. Lula (ou Haddad/Jacques Wagner) - PT
2. Ciro Gomes - PDT
3. Marina Silva - Rede
4. Geraldo Alckmin - PSDB
5. Jair Bolsonaro - PSL
6. Álvaro Dias - PODEMOS
7. Fernando Collor - PTC
8. Michel Temer (ou Henrique Meirelles) - MDB
9. Rodrigo Maia - DEM
10. Flávio Rocha - PRB
11. João Amoedo - NOVO
12. Guilherme Boulos - PSOL
13. Manoela D'Ávila - PC do B
14. Paulo Rabello de Castro - PSC
15. José Maria Eymael - PSDC
16. Levy Fidelyx - PRTB
17. Valéria Monteiro - PMN
18. Cabo Daciolo - PEN/Patriota

Não estou colocando nessa lista os possíveis candidatos do PSTU e PCO, que sempre tem lançado nomes a essa disputa e também da possibilidade de algum nome do PSB, seja Joaquim Barbosa, seja Aldo Rebelo.

De todo modo, estamos falando em vinte candidatos. Uma disputa como essa não se vê desde 1989, quando também tivemos inúmeras candidaturas e um postulante que representava a elite mais coroca desse país acabou eleito, sendo vendido como vento de novidade, no caso, Fernando Collor de Melo, que diz que irá disputar dessa vez também a presidência.

Podemos também fazer alguns paralelos entre 1989 e 2018, como o fato de 28 anos atrás também a população estar farta com seu chefe do executivo, que não havia sido eleito diretamente pelo povo e havia assumido em circunstâncias nebulosas, no caso, José Sarney. Semelhantemente, vivemos em 2018 um desgaste com um presidente, que, embora eleito pelo voto popular como vice, também assumiu em condições pouco republicanas e vem fazendo um governo baseado em situações ainda menos republicanas. A rejeição ao nome de Temer, apontam as pesquisas, é enorme e mesmo assim ele nos ameaça dizendo querer concorrer a reeleição. Penso que isso não se concretizará e ele acabará abrindo mão para a candidatura de Henrique Meirelles.

Até o momento, a grande novidade dessa disputa tem sido o desempenho do deputado Jair Messias Bolsonaro. Faltando alguns meses para a eleição, os índices do ex-capitão do Exército se mantém estáveis e em projeção de subida. Sem a presença do condenado Lula na disputa, Bolsonaro ocupa a primeira colocação isolada. Resta saber como a sua candidatura irá se comportar, com a perspectiva de pouco tempo de propaganda no rádio e na TV e com a entrada de outros candidatos que busquem votos na mesmo eleitorado dele, como Amoêdo e Flávio Rocha, além de possivelmente também Henrique Meirelles.

Penso que a candidatura de Rodrigo Maia seja um balão de ensaio, que não chegará até o momento das convenções partidárias. O DEM acabará sendo arrastado ou para a campanha de Alckmin ou de Meirelles.

Flávio Rocha, dono da Riachuelo, foi a grande novidade dessa semana. Ele acaba de se filiar ao PRB, partido da Igreja Universal do Reino de Deus. Dinheiro é que não falta para que ele possa investir em sua campanha. Criador do movimento Brasil 200, que reúne empresários que buscam reafirmar seus valores liberais e promoção de uma agenda liberal para o país, como a redução da carga tributária e modernização administrativa do país. É uma boa agenda, mas insuficiente para se ganhar uma eleição em país de vocação estatista, como é o Brasil. Não se tem muita informação sobre as articulações políticas de bastidores acerca de Rocha. Sabemos que ele flertava com o ingresso no MDB, mas com a chegada de Meirelles ao partido e a predisposição de Temer em buscar a reeleição, o empresário pernambucano ficou sem espaço dentro da legenda e buscou refugio no partido de Edir Macedo. Sabe-se que quem está auxiliando Flávio Rocha é o MBL - Movimento Brasil Livre. Se conseguirá agregar mais algum partido em sua coligação não podemos afirmar. Existe uma tendência, caso essa candidatura se concretize, que ela venha a pulverizar votos, tanto de Alckmin (que tem desempenho muito fraco no nordeste), como do candidato do MDB, quanto de Amoêdo e Bolsonaro. O quanto de votos pulverizará é algo também incerto.

Faz tempo neste blog que tenho trazido informações acerca de uma possível candidatura de Joaquim Barbosa, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal. Barbosa está se "marinando", seguindo os passos de Marina Silva, se negando a fazer a política como deve ser feita, se fazendo de difícil. Ele ainda negocia sua filiação ao PSB, que deverá se concretizar até a próxima semana. Caso essa filiação se realize esse é um indício forte de que sua pré-candidatura avança, mas, de todo modo, ela já entra fora do timing da disputa, em um momento em que várias outros nomes já estão colocados ao grande público e alianças já estão costuradas, quando não firmadas. De toda a forma, o nome de Joaquim Barbosa é ainda muito forte no imaginário popular e marcaria o ingresso de um juiz de peso na disputa eleitoral, após anos de operação Lava Jato muitíssimo bem avaliada pelo eleitorado. Barbosa poderia embaralhar sobremaneira essa disputa, com muitas chances de ganhar.

Agora, esse excesso de pré-candidaturas, umas viáveis e outras quase fictícias, mostra a completa desorganização das elites políticas brasileiras e a imaturidade da república nesse país. Durante a década 1990 e 2000, além de primeira parte dessa década de 2010, o poder político brasileiro esteve assentado sobre um consórcio social-democrata de petistas e tucanos. Some-se os oitos anos de FHC e quase quinze de Lula e Dilma e temos a consolidação de uma estrutura de governo e de estado tipicamente social-democrata, com alta carga tributária, muitos serviços públicos e uma onipresença do estado sobre a sociedade e sobre os indivíduos. Vivemos uma encruzilhada desse modelo, que associado aos enormes índices e esquemas de corrupção, tem levado parte da população a enxergar alternativas, como candidatos militares (Bolsonaro) e liberais, como Amoêdo, Meirelles e Flávio Rocha.

Além de revelar um esgarçamento do modelo social democrata e do consórcio de poder tucano-petista, essa eleição mostra que o poder simplesmente não aceita o vazio. As nossas elites estão se rearranjando, por um lado buscando um grande acordo nacional (como quer o estamento burocrático ligado aos principais partidos, como PSDB, MDB, PT) e por outro tentando a sorte em candidaturas que representem uma dissidência dessas mesmas elites, como é o caso de nomes como Bolsonaro, Joaquim Barbosa, Ciro, Marina, Rocha, etc. 2018 é um ano marcante na história eleitoral do país, mas há coisas que nunca mudam, como a busca do brasileiro médio por um salvador da pátria, o pouco ou nenhum apego à convicções políticas e doutrinárias e o domínio do estamento burocrático sobre o todo da população.


quinta-feira, 8 de março de 2018

As eleições cada vez mais perto

Essa semana duas pré-candidaturas se consolidaram. Com a filiação formal de Jair Bolsonaro ao PSL finalmente agora ele tem uma legenda toda ao seu dispor. Junto a ele, outros deputados já se filiaram à legenda, como o deputado Fernando Franscischini, do Paraná. A meta dos sociais liberais é chegar até 40 deputados nesta janela de transferências que abriu no dia de hoje, onde a dança das cadeiras de deputados e senadores, trocando de partidos é intensa.

Também merece destaque o que ocorreu hoje, pela manhã, em Brasília, onde na convenção do Democratas, que colocou ACM Neto como presidente do partido, também aferiu a pré-candidatura de Rodrigo Maia à presidência.

Este blog não crê na viabilidade eleitoral do presidente da Câmara, contudo, não deixa de ser sintomático ver o DEM apostar em uma candidatura para a presidência, coisa que não faz desde 1989, quando o ainda PFL lançou Aureliano Chaves, que teve pífio desempenho e ficou marcado por ter feito uma campanha inócua.

Nem tudo ainda está claro. Não está qual será o papel que Lula e o PT vão ter nesta eleição, se o de tentar disputar a presidência à revelia ou se lançarão algum outro candidato, ao ainda se comporão chapa com Ciro Gomes. Também não está claro se o PSB lançará algum nome e se este nome será o do ex-ministro do supremo Joaquim Barbosa. 

Cabe ainda questionar se daqui pra frente, Rodrigo Maia vai sustentar sua candidatura, ou se na hora H ele e seu partido não irão apoiar Alckmin, Temer ou Meirelles. Hoje, saber quem será o presidente do Brasil em 1° de Janeiro de 2019 é impossível e todas as apostas são de alto risco.

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Considerações eleitorais sobre a disputa de 2018

Ano passado, neste blog, fiz alguns apontamentos sobre a disputa eleitoral que ocorrerá neste ano de 2018. As linhas ali traçadas apontam para um caminho que, passados alguns meses, tem se mostrado corretos.

A condenação de Lula na segunda instância poderá tirá-lo da disputa. É incrível como uma questão como essa ainda esteja em aberto! O sujeito já está condenado por tribunal superior em um dos vários processos em que responde e ainda discutimos (infelizmente, por que é uma hipótese muito viável) se um delinquente condenado pode ou não disputar a presidência da República. Aliás, se poderia disputá-la de dentro da cadeia. E se ele ganha e seus votos são impugnados depois da eleição pelo TSE? Isso ocasionaria uma tensão social enorme e aprofundaria a desconfiança de setores da população nas instituições. É um desgaste desnecessário e se a Justiça tiver um pouco de juízo ela trabalhará para evitar isso, colocando Lula no xadrez e o impedindo definitivamente de participar da disputa e forçando o PT a se renovar, lançando Jacques Wagner ou Fernando Haddad na disputa, encerrando qualquer chance de existir um terceiro governo Lula.

Já iniciamos, então, o comentário seguinte, sobre a situação do PT e das esquerdas no país.

Lula é, historicamente, o maior líder das esquerdas nacionais. Maior não por sua consistência ou firmeza ideológica (simplesmente porque estás não existem nele) mas por que foi o único a conseguir chegar ao poder e a dominá-lo (Dilma Rousseff é uma extensão do Lula que quis se afastar do padrinho e se deu mal). A esquerda já vem discutindo e articulando maneiras de poder superar o lulismo, por mais que setores fortes dentro do PT, claro, e não tão surpreendentemente dentro de outras legendas se neguem a isso. A memória positiva do período do segundo mandato do líder sindical à frente da presidência da República é ainda muito forte, mas muitos não entendem que a bonança daquele período pouco se deve à Lula, mas sim à conjuntura econômica internacional da época.

Manuela D'Ávila, do PC do B colocou seu nome para a disputa. Não deve se sustentar. Penso que ela é candidata à vice e, colocando seu nome no show das pré-campanhas, tenta justamente é se cacifar para compor chapa com outro candidato mais competitivo. Joaquim Barbosa, pelo PSB, não é uma hipótese que possa ser descartada, embora informações nos apontem que é soberbo ex-ministro do STF só sai se os socialistas estiverem totalmente unidos em torno de sua campanha, coisa que, dificilmente, deve acontecer, já que a legenda é rachada entre aqueles que esperam poder apoiar Lula ou quem ele indicar, os que querem apoiar Alckimin, os que querem Barbosa e aqueles que apoiam uma candidatura da casa, como Beto Albuquerque (ex-vice da Marina Silva em 2014) e Aldo Rebelo. Há ainda os que pensam e defendem que o PSB não lance e não apoie ninguém para presidente. 

Ciro Gomes, creio, é aquele que tem o maior potencial na esquerda para poder chegar ao poder. O fato de ser um coronel nordestino e conhecer bem os gostos eleitorais daquele público tende a fortalece-lo, na ausência do sapo de Garanhuns. O PDT, em 2016, cresceu eleitoralmente, em grande parte ocupando o vácuo deixado pelo desgaste do PT. Sozinho, o partido teria não muito tempo de TV, mas Ciro é um velho político, que entende bem da arte do "comício e do cochicho", como diziam as raposas do antigo PSD mineiro. Pode levar para sua chapa outros partidos médios, como o próprio PC do B, talvez PHS, PROS e AVANTE.

Marina Silva é outra que se fortalece com a possível saída de Lula da disputa. Ela é a candidata mais insossa dessa disputa e isso não é novidade. Disputando a presidência pela terceira vez (e pelo terceiro partido), Marina hoje já não tem o mesmo fôlego de campanhas anteriores, mas, ainda sim tem um recall muito forte na cabeça do eleitor. Não deve ter muito tempo de TV na campanha e pouca possibilidade de ampliação desse tempo.

O PSOL tende a lançar o líder provocador e agitador social Guilherme Boulos. Ele é a apontado como o novo Lula do futuro! Chefe do MTST, Movimento dos Trabalhadores sem Teto,vem ganhando algum espaço na mídia, sobretudo em jornais como a Folha de SP e na Globonews. Se ele não decidir por sua candidatura, o PSOL que é uma das legendas que mais ganha com o declínio do PT irá decidir em convenção o seu futuro. Hoje, além de Boulos, a legenda de extrema esquerda tem como postulantes ao cargo de presidente os professores Nildo Ouriques, Plínio de Arruda Sampaio Júnior e a liderança indigenista Sônia Guajajara. 

O Centro está desbarato. Não sabe que caminho tomar, embora esteja consciente de que essa eleição tem tudo para ser vencida por um candidato com o perfil centrista.

Geraldo Alckmin, do PSDB, não tem arrancado nenhum suspiro, ao contrário, tem chamado a atenção as sérias dificuldades que vem tendo para poder subir nas pesquisas. Não chega aos dois dígitos nem por reza. Isso já aumentou e muito os ânimos de partidos que em eleições passadas nem sonhariam em lançar candidatos, já que a posição de apoio à candidatos do PSDB ou do PT lhe eram muito cômodas. Falo aqui sobre as pré-candidaturas possíveis de Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados pelo renascido DEM (ex-PFL), do Ministro da Fazenda Henrique Meirelles, do PSD e do próprio presidente Michel Temer, pelo PMDB.

Francamente, penso que é impossível iniciarmos o ano de 2019 sendo governados por Temer, Maia ou Meirelles. Essa divisão no Centro e a inexistência de uma candidatura nesse campo que consiga obter fôlego eleitoral, pode acabar dando o segundo turno para Jair Bolsonaro e alguém da esquerda, como Ciro ou Marina. Mesmo assim, se for apontar para um centrista, todas as fichas deveriam ser colocadas em Geraldo Alckmin.

Essa inexistência de um forte nome pelo centro tem trazido, novamente, à tona o nome de Luciano Huck. Essa semana muito se falou sobre o seu nome. Fernando Henrique Cardoso parece ser a figura mais entusiasmada com a possibilidade do animador sair candidato. Huck, por mais que não seja candidato à presidente, não deixará de se fazer presente nesta eleição, por meio do dinheiro que será investido por ele e outros ricassos progressistas em campanhas de deputados ligados aos grupos Renova BR e Agora.

A ausência de um nome forte pelo centro chegou ao extremo de trazer de volta ao centro das atenções o ex-presidente Fernando Collor de Melo, que lançou a sua pré-candidatura pelo PTC, justamente com o mote de candidato centrista. O que Collor realmente quer é uma icógnita. É carta fora do baralho, mas pode deixar a disputa do primeiro turno ainda mais acentuada e embaralhada, favorecendo a ida para o segundo turno de candidatos com baixa votação individual.

Me parece que há apenas hoje um nome que se consolida como pré-candidato sólido e com um pé no segundo turno: Jair Bolsonaro. O ex-capitão do exército tem inúmeros defeitos, que vem sendo, sistematicamente e exaustivamente explorados pela imprensa, mas, mesmo assim, não desaba nas pesquisas. A força dele na internet é assustadora e supera a de qualquer outro candidato. Seu partido futuro, o PSL, é nanico e com poucos segundos de TV. Deverá fazer uma boa bancada de deputados, puxados pela associação ao nome de Bolsonaro. Se ele vai conseguir manter o fôlego para firmar sua candidatura e chegar ao segundo turno não sabemos e eu não apostaria nada.

Infelizmente, diante de um quadro tão horrendo quanto este, fico mais uma vez emputecido com a passividade da população, que assiste a tudo bovinamente. Não que eu esperasse uma revolução ou coisa do gênero, mas esse desprezo das pessoas pela política não é um desprezo total, indiferente. Esses mesmos que estão com ar blasé a desprezar todos os ladrões, por que todos se equivalem, no dia eleição irão lá votar naquele nome que estiver em primeiro lugar nas pesquisas ou no candidato que a grande imprensa ungir como seu. É uma falsa indiferença. Se essa se mostrasse como abstenções, nulos e brancos, ai sim teríamos uma grande vitória eleitoral.


quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Quem será o próximo presidente do Brasil?

Há mais de um ano para as próximas eleições e tudo o que nós podemos fazer são conjecturas. Quais serão os candidatos à presidência do Bananão? Quais serão os nomes dos partidos políticos? Qual o sistema eleitoral? Haverão coligações? Tudo daqui em diante pode mudar.

Há, contudo, algumas perspectivas. Vários analistas tem apontado que uma tendência do eleitorado seria buscar um nome que oferecesse segurança institucional e estabilidade. O nome dos sonhos para esse pessoal seria Geraldo Alckmin. Nada menos empolgante pode existir do que um governo do senhor Picolé de Chuchu. Mentira, tem sim. Imaginem uma palestra do Eduardo Suplicy sobre a renda básica de cidadania. Isso sim é chato pra caramba, mas voltemos a 2018.

Se o eleitorado está realmente querendo fugir das radicalizações políticas, por que raios os dois candidatos que hoje ocupam a dianteira em todas as pesquisas, são candidatos radicais, Lula e Bolsonaro?

Lula tem feito um discurso para agradar um amplo espectro de esquerdas. Parte diminuta do esquerdismo pátrio, refugiado no irrelevante PSTU e em setores do PSOL, não aceitam o lulismo, mas no resto, há um entusiasmo sobre o retorno do sapo barbudo, quase como havia em 1989.

Bolsonaro é um fenômeno de mídias sociais e vamos ver nas próximas eleições se ele conseguirá se transformar em um fenômeno eleitoral, elevando seu patamar de chefe de militantes web para o de comandante de um país.

Só coloco hoje na disputa dois outros nomes que podem embaralhar essa polarização de Lula vs Bolsonaro: Dória e Joaquim Barbosa.

O atual alcaide paulistano também vem tendo um bom desempenho nas redes sociais, tem obtido o apoio de um bom séquito de entusiastas, é político, ao contrário do que prega em público, está em um partido grande e se lhe for negada a vaga para disputar a presidência pelo PSDB, pode ir para o MDB ou o novo DEM, que lhe abririam as portas e garantiriam espaço para tentar chegar ao Palácio do Planalto. Ele seria um nome, à "direita" para ser a alternativa mais palatável e do establishment ao nome de Jair Bolsonaro. Dória também é único presidenciável tucano cujo nome consegue chegar aos dois dígitos nas pesquisas eleitorais.

Joaquim Barbosa está fazendo manha para ingressar na carreira política. Não sei se ele quer mesmo embarcar nessa. Sinto que sim. Seu destino político seria a REDE da ex-senadora Marina Silva que, nessa situação acabaria sendo sua vice (como era para ter ocorrido em 2014 com Eduardo Campos). Barbosa seria o grande abalo político. Ele conseguiria obter apoio de grande parte de nossas classes falantes, da esquerda ao centro, e também teria um apoio popular significativo, pois a sua associação com o papel que desempenhou no judiciário, no processo do Mensalão, ainda tem forte apelo entre a sociedade.

Como disse, é cedo ainda para dar um veredicto. Não sabemos mesmo se Lula vai ou não disputar a eleição. Se vier a disputá-la, será aquele que tem as maiores chances de vencê-la. O seu peso entre o eleitorado mais humilde do nordeste será decisivo. Não é o pobre que vai eleger ele. Os pobres do centro-sul, os favelados de São Paulo, não votam nele hoje, pois não enxergam em sua figura alguém com os mesmos valores que si, de gente que quer emergir socialmente e sair da pobreza (embora durante a era Lula tenha existido grande mobilidade social). No fundo, é o messianismo o fenômeno que lhe concede forças. Só outra figura que vista a capa de Dom Sebastião é que poderá enfrentar o lulismo. Dória, Bolsonaro ou Joaquim Barbosa terão que dar ao populacho mais atrasado aquilo que sonham: o grande líder, o grande pai.

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Bolsonaro e seus limites

Conforme as eleições de 2018 vão ficando a cada dia mais perto, mais a imprensa tem se interessado em ouvir, de maneira séria, o deputado Jair Bolsonaro. Ocupando hoje na maior parte das pesquisas o segundo lugar, sempre atrás de Lula, Bolsonaro se consolida como um pré candidato sério, pelo menos sério na pretensão em disputar a presidência.

Vamos deixar as coisas mais claras: Bolsonaro é um sujeito de visão política muito limitada. De formação nacional desenvolvimentista (que é parte da formação de todo oficial militar brasileiro) ele flertou, todavia, com o liberalismo econômico. A alma de Bolsonaro não é liberal, é nacionalista. Ele buscou uma aproximação com o lobby pró Israel e o que vem recebendo? Hostilidades da maior parte da comunidade judaica, sempre ressabiada com políticos extremamente autênticos.

Bolsonaro, embora pré candidato a presidência ano que vem, ainda sequer tem um partido definido para disputar: aventam-se muitas hipóteses, desde o PR, de Valdemar Costa Neto, passando pelo PRB da Igreja Universal, além de Muda Brasil (partido em formação, criado também por Valdemar, que não agregaria tempo de TV nem fundo partidário para a campanha de 2018) e o PTN (que está mudando de nome para Podemos e é dominado pela família Abreu, dona de vários meios de comunicação, como rádios e tvs em São Paulo).

Se fosse um pouco mais "ligeiro" politicamente falando, Bolsonaro há muito já controlaria um partido, mas lhe faltou visão para isso. Tudo com ele parece ser sempre muito amador, feito de improviso, em cima da hora, de qualquer jeito, mesmo que seja certo ou venha dar certo é um risco que ele corre, de jogar fora a única oportunidade real que ele terá para ocupar a presidência. Se ele não levar este posto em 2018 não o levará em outra disputa, isso é um claro prognóstico. Caberia ai então preparar o filho Eduardo Bolsonaro para ocupar o lugar do pai, tal como a Frente Nacional da França fez com Jean Marie Le Pen e com Marine Le Pen.


O paulistano eterno

 Me identifico com o paulistano que mora na casa que restou numa rua em dissolução. É como o velho morador de Pinheiros, que habitava uma ca...