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sábado, 12 de julho de 2025

O político humano

O melhor político que há é aquele que tem a sua história pequena rastreável: você sabe onde o sujeito toma cerveja, que padaria compra pão, em qual Drogasil vai quando precisa comprar um xarope pra tosse. Aqui em São Paulo há alguns assim. Vereadores, deputados e até mesmo o prefeito. Isso é um privilégio nesses tempos de distopia. É sinal que eles ainda são seres humanos. Brevemente, até isso será roubado de nós. 

quinta-feira, 1 de maio de 2025

Curtas

 Sejamos francos e realistas, a vida na grande metrópole não pode ser democrática, pois, considerando o império do número e do volume, não se pode esperar democracia real. Eleições não significam democracia. Na cidade de São Paulo com mais de dez milhões de moradores não pode haver democracia, pois por seu gigantismo e dinâmica da vida, não pode haver participação do indivíduo nas decisões do estado. A única coisa popular em grandes metrópoles e que realmente é fruto das decisões individuais é o comércio, o mercado. A única manifestação de democracia na metrópole está contida no desditoso livre mercado.

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Populismo: o que começa em fúria termina em fadiga.

Não causaria nenhum espanto que após tanta grita e conflito entre o populismo bolsonarista e o populismo petista um novo governo aparecesse, com um sujeito anêmico, tísico, esquálido, cinza, sem sal e açúcar, que não entusiasmasse, antes passasse desapercebido da opinião pública. Um Eduardo Leite ou um Zema. 

Até que não é má ideia passar um lustro de tédio.

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Leio notícia de que os antigos proprietários da Tok & Stok (não confunda com Tik Tok) compraram a Mobly, que, atualmente, era a controladora da própria Tok & Stok. 

O varejo passa por uma crise gigantesca. 

A margem de lucro dos supermercados, por exemplo, gira em torno de 1,5%, ao ano. Baixíssima. É ramo de risco, ainda que todos dependam dos mercados. 

No ramo de bazar a coisa vai pior ainda. Com a internet se mostrando mais e mais confiável como local para se fazer compras, magazines e lojas de departamento servem mais como mostruário ou como local onde se compra algo quando se está com muita pressa e não se pode esperar o que foi comprado pela internet ser entregue. 

Essa mudança na maneira de se comprar as coisas tem afetado a paisagem urbana. 

Regiões de comércio cada vez mais se veem dominadas por placas de aluga-se. Esse é o grande empreendedor da vez. Andando no Centro de São Paulo o que mais se vê são estabelecimentos comerciais fechados e para alugar. As regiões centrais precisarão ser reinventadas, sobretudo restaurando o império das moradias e o comércio de dia a dia: padarias, vendas, farmácias, quitandas, cabeleireiros, tinturarias, avícolas, etc.

Yakov Chernikhov. "Architectural Fictions," 1933.

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Eu estou convencido que a população mundial do século XXI é obesa e tem outras tantas novas doenças por que estamos sendo envenenados com comida geneticamente modificada, planejada para criar doenças ou mutações genéticas que moldem um homem novo. Um velho italiano que morreu nos anos 1950 passou a vida comendo macarrão todo dia e nunca teve problema com glutem. Bebíamos leite gordo (A ou B) todo dia e não tínhamos intolerância à lactose. Não existia uma epidemia de autistas ou pessoas com Tdah. O que era borderline? 

E, digo mais, não me consta que essa galera que se acha fitness seja mais saudável do que os velhos e velhas do carteado na praça. Podem fazer muito exercício e acharem que comem saudável, mas, se enganam. Não confio nessas coisas que se dizem orgânicas. Pra mim é tudo enganação para uma seita de fanáticos veganos comunistas. Querem comer coisas naturais? Saiam das cidades grandes, voltem para o campo e plantem suas hortas e criem suas galinhas caipiras, com ovos de gemas super amarelas. Ai começamos a conversar.

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Sempre desconfiei.

Em algum momento fui levemente simpático à Igreja Presbiteriana do Brasil.

Se fui, não sou mais.

Hoje tenho mais simpatia por todas as demais igrejas históricas: luteranos, anglicanos, morávios, metodistas, salvacionistas, batistas e tais.

Apesar de crer que ideia da soberania absoluta divina, nisso incluindo a questão da predestinação das almas eleitas para a salvação, tal como eles calvinistas presbiterianos dizem crer, vejo a Igreja Presbiteriana como uma denominação que não procura manter um diálogo aberto com as demais denominações. Como dão muita ênfase ao estudo teológico, numa época de grande vaidade intelectual onde não é cult ser pentecostal, acabam atraindo evangélicos de outros ramos pelos encantos e vaidades da retórica. Azar o daqueles que se deixam atrair por esse falso brilho (como aqueles que procuram o catolicismo pelo esplendor litúrgico ou arquitetônico, ou os que procuram as igrejas ortodoxas pelo tom soturno de seus rituais). 

O calvinismo é sinônimo de presbiterianismo. Não sou calvinista. 

domingo, 24 de março de 2024

Novos estados na Federação Brasileira: alguns são necessários outros gerarão perigosos reflexos.

“A dimensão dramática da diferença é demonstrada no fato de que no início do século XIX a colônia espanhola dividia-se administrativamente em quatro vice-reinados, quatro capitanias gerais e 13 que no meio do século se tinham transformado em 17 países independentes. Em contraste, as 18 capitanias gerais da colônia portuguesa, existentes em 1820 (excluída a Cisplatina), formavam, já em 1825, vencida a Confederação do Equador, um único país independente”.

CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem: a elite política imperial; Teatro de sombras: a política imperial. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, RelumeDumará, 1996. 

"Se o Brasil não se esfacelou 'para fora' (forças centrífugas) ele fragmenta-se 'para dentro' (forças centrípetas)." <Herbert Toledo Martins, sociólogo>

Tirando São Paulo e os estados das regiões Norte e Nordeste, penso que realmente faria muito bem para o país que novos estados fossem criados, no Sudeste e no Sul. Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro podem ser desmembrados. Isso aproximaria o povo das regiões desmembrados dos centros decisórios, dos centros de poder. Melhoraria a qualidade da representação legislativa por meio da descentralização. Mesmo o pequeno estado fluminense deve ser dividido em dois, surgindo o Estado de Itatiaia, na divisa com São Paulo e Minas Gerais e capital em Barra Mansa. 

Entendo que hoje as regiões Nordeste e Norte, pelo número de estados existentes e pelas regras atuais de representação federal, já são super representados, ao contrários de estados como São Paulo ou Rio Grande do Sul, que são sub representados no legislativo federal. A criação de novos estados no Sudeste e no Sul minimizaria essa discrepância. Se novos estados forem criados no Norte ou Nordeste, a discrepância aumenta. 

Deve ser feito o registro: a criação de estados e territórios na região norte foi profícua durante o período do Regime Militar, pois era uma manobra de obter mais representação para a sua legenda, a ARENA, no congresso. Não obstante ainda cite-se que os estados da região norte são vazios demográficos, ao contrário de outras regiões do país. 

O ESTADO DE ITATIAIA 

A criação do Estado de Itatiaia seria um enorme ganho para São Paulo. A sua existência ajudaria e enfraquecer e muito a relevância do atual Estado do Rio de Janeiro, nos aspectos da representação política e peso político que essa unidade da federação possui. Seria também um estado tampão entre o Rio de Janeiro e seu caótico cenário de absolutamente degeneração moral e social e de violência. Itatiaia seria uma barreira para São Paulo, ao mesmo tempo que aproximaria essa região de uma maior influência Paulista, pois cidades como Resende, Paraty e Barra Mansa estão próximas do Vale do Paraíba Paulista, recebendo a nossa influência econômica, social e política. 

Além disso, o que não é pouco, a brasilidade, esse conceito fajuto forjado pelos lacaios intelectuais de nossas elites políticas centralizadoras, tem o seu centro entre o eixo do Rio de Janeiro e da Bahia. O novo Estado de Itatiaia ajudaria a minar o soft power ideológico e cultural carioca. É arrancar uma perna da brasilidade e ajudar a destruir essa ideologia, que alguns tem por identidade nacional brasileira. 


MOVIMENTO PELA CRIAÇÃO DO ESTADO DE TAPAJÓS

O último movimento tratando da criação de um novo estado no Brasil foi ainda no ano de 2023, sobre o Estado de Tapajós, que seria desmembrado do Pará. Contaria com 8 deputados federais, 24 estaduais e três senadores. Composto por 23 municípios. Mais burocracia e gastos estaduais? Mas estes gastos já não existem hoje? Não vejo porque necessariamente os gastos devem aumentar. Não é uma condição sine qua non. É antes uma oportunidade para o nascimento de um novo estado, que permita uma melhor representação dos cidadãos, aproximação do centro estadual de poder, descentralização e a chance de um novo estado começar com ideias administrativas novas, contemporâneas, com a austeridade fiscal como pilar e o incentivo ao desenvolvimento econômico. A população e as lideranças dos municípios que comporiam o Estado de Tapajós alegam o que nós, separatistas, alegamos: trabalham, pagam impostos e são abandonados pelo poder público central, em Belém, que se esquece, deliberadamente, da região. 

No caso do plesbicito pelo Tapajós, o projeto de lei coloca que toda a população paraense é interessada e deve votar. Entendo isso como um enorme equívoco. Os únicos chamados a votar deveriam ser os eleitores dos municípios que irão compor o novo estado. Não tem sentido que um povo que não compõe o meu povo seja chamado a discutir uma questão "interna" aos tapajoenses. 

Em 2011, na Câmara dos Deputados, haviam projetos propondo a criação destes novos estados e territórios federais. Ao contrário dos novos estados, os territórios, estes sim, por definição e realidade, já nascem absolutamente dependentes do erário público federal (mantido pela arrecadação de todos os demais estados). A criação de novos territórios não faz nenhum sentido, mas de novos estados sim. 

Fica também uma pergunta: a população de Tocantins, que virou um estado com a Constituição de 1988, se separando de Goiás, formando hoje um próspero e rico estado, baseado no florescente agronegócio, teria se arrependido da secessão? A resposta é evidente. Ninguém quer dar um passo atrás.

Esse argumento é fortíssimo. Quem se separa não olha para trás. País que se separou não quer voltar da condição não soberana de onde partiu. Igualmente, um território que se emancipa e passa a ser um estado membro autônomo não vai querer perder a sua autonomia. Não há motivo que justifique movimento em contrário. A secessão é uma marcha irrefreável.

ESTRATÉGIA EMANCIPACIONISTA

Alguns passos são fundamentais para o sucesso de uma empreitada emancipacionista, no Brasil de hoje. Cito algumas.

1. Ter um discurso duplo articulado e espalhado. Para a região que vai se emancipar, mostrando todas as vantagens da autonomia e para a região que ficará mostrar que eles estão se livrando de um peso, de um fardo pesado que carregam nas costas. A questão aqui não passa pela verdade objetiva da situação, mas pela criação de narrativas capazes de conduzir a opinião pública para os lados que são desejados. Os separatistas sendo à favor porque querem ter mais liberdades e autonomia e os separados também ficando a favor, mas, para poderem se verem livres de um fardo que carregam.

2. Esse discurso precisa estar fortemente alinhado com a classe político das duas regiões e com a imprensa, que deve fazer reportagens a favor da emancipação, mostrando as vantagens dela para ambos os lados. O empresariado precisa ser convencido a usar o seu lobby em favor da emancipação. Promessas de isenções fiscais inseridas na nova constituição estadual que surgirá, favorecendo seus ramos de atividades e favorecendo o comércio. Instigar, com isso, a rivalidade entre o empresariado de ambas regiões, da emancipacionista e da emancipadora.

3. Ressaltar as profundas diferenças regionais, mesmo que elas sejam sutis, para fomentar um processo identitário é essencial. Talvez boa parte do insucesso dos movimentos pela criação de novos estados esteja no fato de que as populações não se enxerguem como diferentes. A separação de irmãos é doida, portanto, para ter sucesso nessa operação é preciso que o sentimento de irmandade seja arrefecido e que a cizânia e a rivalidade entre as duas regiões se acirre. A ênfase fica maior em defesa da emancipação quando não há identificação histórica e cultural como um mesmo povo.

4. A classe política realmente é a mais interessada direta no processo. Todo estado precisa de políticos. Eles vão ter mais espaço de atuação com a emancipação dos novos estados. Por isso, ter uma coesão entre a classe política é fundamental para o sucesso dessa empreita. Diferenças ideológicas entre esquerda e direita devem ser totalmente ignoradas para o êxito da secessão.

Como referencial de pesquisa deixo o link para o seguinte artigo:
https://docs.ufpr.br/~adilar/GEOPOLÍTICA2019/federação%20e%20divisão%20territorial%20no%20Brasil/Divisão%20territorial/Criação%20de%20novos%20estados.pdf

sexta-feira, 1 de março de 2024

Amenidades da história política

 Eu tenho a sensação que o melhor de todos os tucanos modernos foi o Zé Serra. 

Poderia ter sido um presidente melhor que o Fernando Henrique, embora sem ter a possibilidade de ter uma gestão marcada por um fato vultuoso, como o Plano Real.

Depois dele, por simpatia ideológica, Franco Montoro, pois eu também sou um democrata-cristão. Se bem que as vezes o Montoro me passa a sensação de ser um símil do Brizola. O jeito antigo e radialístico de falar, o apelo constante à pautas sociais e humanistas. Nada disso os tucanos seguintes carregaram, nem mesmo o Alckmin.

***

Incrível como todos os senadores paulistas pós redemocratização são absolutamente insípidos. Hoje são três zés-ruelas políticos: Mara Gabrili, Giordano (ninguém o conhece -- era suplente do saudoso Major Olímpio, que veio falecer de COVID) e o vendedor de travesseiros Astronauta Marcos Pontes, que é homem muito estudado (e mais ainda viajado -- e como!).

Major Sérgio Olímpio Gomes tinha tudo para poder ocupar um lugar de eminência na casa da federação, mas quis o destino leva-lo precocemente. Foi um legítimo defensor de S. Paulo.

Voltando pra trás, o próprio Serra foi senador, sem mais destaque, apenas como prêmio de consolação em sua segunda passagem (2015-2023). Aloysio Nunes Ferreira teve um gás a mais. É um ponto fora da curva. Eduardo Suplicy, como é óbvio, sempre foi um peso morto (e continua sendo). Romeu Tuma usou a fama adquirida nos tempos da ditadura para garantir uma poupada aposentadoria (que não chegou a gozar, de fato, pois morreu durante o fim do seu segundo mandado, em 2010, em plena busca da reeleição. 

Aliás, a eleição para o senado de 2010 foi muito emblemática. 

Os paulistas já começavam a rejeitar com mais ênfase o petismo. Isso após José Genoino ter ido para o segundo turno para o governo, em 2002, enfrentando o Alckmin. Não ganhou por duas razões: a primeira e a mais relevante, Genoino não era paulista, o que em tempos pré-tarcísicos era algo muito relevante em matéria eleitoral e o segundo motivo é o fato de ser um petista da linha dura, seco, tradicional. Fosse um elemento mais dócil teria ganhado do Picolé de Chuchu de Pindamonhangaba. A história seria outra. 

Voltando ao senado, candidatos em 2010 eram: Marta Suplicy (que ganhou uma das vagas), do PT, Netinho de Paula, do PC do B, Aloysio Nunes, tucano, Ricardo Young, do Partido Verde (apoiado pela novidade eleitoral Marina Silva), Orestes Quércia, do PMDB e Romeu Tuma, pelo PTB. Os favoritos segundos as pesquisas eram Tuma e Quércia, com a Marta logo na sequência. Faltando um mês para a eleição os dois primeiros colocados passam dessa pra melhor. O eleitorado se mexeu para evitar a eleição mais indesejada: do Netinho. Resultado, migração para Young e sobretudo para o Aloysio Nunes, que ficou com a primeira vaga, com excelente votação. "Alô, alô 451". 



Incrível como o Aloysio não teve capacidade ou interesse de buscar voos eleitorais no executivo. Teria tido êxito. Apesar de ex-comunista, é um tucano simpático, como era o Alberto Goldman, ex-governador, ambos egressos do PMDB raiz.

Poderíamos ter tido o Afif e o Ricardo Young. Seriam nomes mais interessantes em 2006 e 2010. 

São Paulo não anda elegendo muito bem. E a cada dia menos.

Influência externa, claro.

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Virou já tradição vice-governadores assumirem em São Paulo, com a saída dos titulares para disputar a presidência.

2022: Dória > Rodrigo Garcia

2018: Alckmin > Márcio França

2010: Serra > Alberto Goldman

2006: Alckmin > Cláudio Lembo

Em 2014 esse fato não se repetiu, pois Alckmin disputou a reeleição (e venceu com folga na primeira volta) e o candidato tucano foi o Aécio Neves, na altura senador por Minas Gerais.

Em 2026 as chances são grandes do fenômeno se repetir. Sair Tarcísio, para disputar a presidência, já que a depender do estamento burocrático o Bolsonaro não se elege para mais nada, e com isso deixar o Felício Ramuth no governo. Aliás, coincidência ou não, Ramuth é judeu, assim como Goldman, que também foi vice e assumiu, em 2010. 

sábado, 29 de abril de 2023

Revisitando perguntas de doze anos atrás sobre a administração da cidade de São Paulo

 Corria o ano de 2011. São Paulo ainda era uma cidade administrada por Gilberto Kassab. O meteoro Fernando Haddad ainda não havia passado por aqui como um fogo devorador, ajudando a destruir o que ainda sobrava de não tão decrépito na capital bandeirante. 2011. Ainda se falava em Maluf, Marta, Erundina e José Serra como os grandes figurões para cargos do executivo por aqui. O PT ainda estava nacionalmente por cima da carne seca. Dilma não era ameaçada de impeachment. Não havia mobilização de massas de direita e antissistema. Só quem era do meio político ou gostava do assunto sabia quem era Fernando Haddad. Ninguém imaginaria que João Dória Júnior seria prefeito e depois governador. Ninguém levava Bolsonaro a sério como potencial candidato à presidente da república. Os nomes da "direita" para uma futura disputa, enfrentando a Dilma que iria se reeleger ficavam em torno da trinca derrotista do tucanato: Serra, Alckmin e Aécio Neves. Foi o Aécio, que roubado em 2014, acabou mudando para sempre a política desse país, desmantelando o consórcio socialdemocrata "PETUCANO". 

Hoje, 2023, São Paulo é um estado governado por um absoluto desconhecido à época, o carioca Tarcísio de Freitas. A cidade de São Paulo também tem como alcaide um total desconhecido, Ricardo Nunes, um empresário da região do extremo-sul, que havia sido vice candidato de Bruno Covas, na maldita eleição de 2020, onde os paulistanos estiveram entre a "Cruz e a Caldeirinha", opondo de um lado o péssimo e moribundo Bruno Covas e o diabo socialista Guilherme Boulos. Boulos é a encarnação visível da mal (socialismo) na política. Imbecis completos são aqueles que votam nesse senhor, pensando que o discurso "pobrista", "favelista", uma reedição brasileira e adaptada de terceiro-mundismo, pode gerar alguma melhoria para a população. 

Lá em 2011 escrevi um texto com algumas considerações sobre a gestão de Gilberto Kassab como prefeito. Hoje, doze anos depois, ele, Kassab, é secretário de governo do governador Tarcísio de Freitas. É o seu principal articulador político. Kassab virou uma das eminências pardas mais relevantes da república. Não consegue ganhar uma eleição para cargo nenhum. É um fracasso eleitoral, embora não tenha sido, na somatória de tudo um mal prefeito, longe disso. Em comparação com aqueles que o sucederam, Haddad, Dória, Covas e Ricardo Nunes, a ladeira que corria para baixo parecia não ter mais fim. Nunes é um pouco melhor do que os seus antecessores. Está investindo pesado em um projeto de recapeamento de vias públicas, como há muito eu não via por aqui. Parece querer fazer disso a marca de sua primeira gestão na prefeitura, algo para habilitá-lo a poder disputar a reeleição no ano que vem. 

Hoje se pode ler na imprensa que Kassab, para apoiar Ricardo Nunes em seu projeto político, sugere ao prefeito que ele esqueça grandes obras e se concentre em zeladoria urbana. Tenho boa memória para as coisas da cidade. Kassab foi um bom zelador de São Paulo. Os seus sucessores péssimos zeladores urbanos. A zeladoria é fundamental, mas um calcanhar de Aquiles de Kassab foi justamente não investir em nenhuma grande obra como marca indelével de sua administração. Nenhuma obra de vulto se pode encontrar como marca deixada por sua gestão. Construiu alguns CEU'S, que dizem serem melhores construídos do que aqueles que a Marta fez. Não sei dizer. Fora isso, nenhum hospital, nenhuma avenida nova, nem novas pontes ou viadutos. Não teve ambição de ser um novo Maluf, tocador de obras, embora tivesse condições para isso. Agora me parece querer castrar as ideias e os propósitos do prefeito Ricardo Nunes. São Paulo precisa sim de expansão, de grandes obras, sobretudo na Zona Sul, historicamente a menos considerada pela prefeitura paulistana. Parece-me que os ex-prefeitos viam na região de Santo Amaro algum preconceito, afinal, nós que éramos um município separado até 90 anos atrás, talvez não precisássemos de investimentos paulistanos. Um erro. Duplo. Talvez devêssemos mesmo voltar a ser município separado e nos deixassem cuidar dos nossos interesses ao invés de nos boicotar. A elite política Paulista não parece aceitar muito um prefeito que não seja morador dos Jardins ou das áreas centrais da cidade. Há esse preconceito.

Espero que Ricardo Nunes siga adiante com os seus arrojados planos urbanísticos para São Paulo. Era disso que estávamos carentes.

quinta-feira, 27 de abril de 2023

Por que não sou um Integralista

"Eu sou integralista, que é a principal interpretação brasileira da Teoria Política de 3ª Posição. O integralismo é resumido na tríade “Deus, Pátria e Família”. Todo aquele que crê nisso e luta por isso já é integralista, ainda que não queira ou ainda que não saiba." 

(Eduardo Fauzi)

No início da formação de minha identidade política estava a oposição ao petismo, que não época era encarnada na figura radical da senhora prefeita Marta Suplicy. Meus pais eram malufistas e por essa razão meu anti-petismo era tão figadal. Marta era um demônio loiro e grotesco para mim.

Sempre gostei de história e de geografia. Tinha livros didáticos antigos em casa, da década de 80, e que enfatizam o Integralismo, como o nazismo à brasileira. Isso me despertou fortemente a atenção. Era um período em que não tinha acesso à internet. O que eu quisesse saber deveria buscar como fonte de informação nos professores e em poucos livros que eu tinha acesso.

Dessa ênfase que encontrei no Integralismo descrito ali naquele livro acabei por me identificar parcialmente com aquele movimento, embora, já com meus quatorze anos eu já fosse também separatista. Já identificava claramente que São Paulo deveria ser um país. 

O Fauzi, que talvez seja o Integralista mais corajoso vivo no século XXI, escreveu um livro, publicado na internet, que se chama "Metafísica da Terceira Posição". É um testamento político de um homem que foi exilado político da República Federativa do Brasil em pleno regime democrático, suposto, pelo menos, regime democrático. 

Creio na presença da ideia de Deus, Pátria e Família na política, mas minha pátria não é o Brasil unido, pelo qual nutro absoluto desprezo, como ente político e simbólico. O Brasil como país simboliza valores que aqueles que se dizem de terceira posição também desprezam. Não é um país de ordem, de seriedade, de cristianismo forte, de hierarquia, de tradição. É um país de carnaval, de mistura, de bagunça, de desordem. Minha pátria única é São Paulo, por ela sou integralmente nacionalista e patriota. Não como ser integralista brasileiro sendo ciente da inviabilidade intrínseca do Brasil como país. 

sábado, 5 de novembro de 2022

Não sou Nostradamus da política.

 Deus não nos deixa saber o futuro. Há quem creia e jure dizer que ele dá visões, sonhos e premonições. Isso está no campo da experiência pessoal e da fé individual. Mas, ainda assim, o que se veria seriam fatos isolados, trechos de acontecimentos, fatias de momentos da vida pessoal daquele sujeito. A adivinhação é feitiçaria, é pecado. Não tem parte com Deus. Logo, não vou dar uma de Nostradamus e suscitar a ira divinal sobre mim e minha casa. Não faço previsões. Trabalho com diagnósticos e cenários de possibilidades no campo da política. Dito isso e, mais tranquilo, comecemos as hipóteses.

Ainda no terreno do religioso, é uma tristeza, mas precisa ser proclamado: o Brasil é um país predestinado ao fracasso. Tudo o que já aconteceu no terreno da política nesse país é perverso, impuro. A república, esperada por grande parte da intelectualidade progressista e liberal do século XIX, não se consolidou até hoje. Não que essa consolidação esteja em cheque porque os monarquistas sejam uma ameaça. São simpáticos e inofensivos. Não é isso. Ela não se consolidou simplesmente porque não é algo possível. Não há chance de se alcançar paz duradoura. Não há chance de se obter consenso sobre fórmulas e modelos da política. A briga, a disputa, a ameaça de ruptura é presente em todos os momentos, desde 1889. Estamos sempre vendo alguém barbudo, como o Marechal Deodoro prestes a dar mais um golpe. E o pior, os golpes dados são sempre justificáveis, já que sempre a situação presente é caótica. O normal na história da república é o golpe. O anormal é um contragolpe preventivo e restaurativo, como aquele que o Marechal Lott deu, para garantir a posse do JK. Aquilo sim é anormal na política brasileira e ainda assim foi um golpe!

Digo que a república foi impura pela simples razão de ter sido proclamada verticalmente, por meio de uma quartelada, sem qualquer participação popular significativa, por ter copiado mal e porcamente o ideário republicano franco-americano e,  na constituição, o modelo argentino. Nosso federalismo foi invertido. O Brasil nasce em 1822 unitário e se dissolve parcialmente com o federalismo, firmado pela constituição de 1891. As gambiarras políticas são uma marca fundamental da essência desse país. 

Estamos saídos amanhã com oito dias do fim da eleição de 2022. Ano que vem se completará dez anos que o país vive uma guerra psicológica a cada dia. Começou com as manifestações dos vinte centavos e, de jacquerie em jacquerie, estamos todos em convulsão até hoje. Há quem tivesse visto aqueles acontecimentos com esperança revolucionária e que já pereceu e não viu nada mudar. Crises e crises se sucedem. Ameaças de rompimentos institucionais, vindas do PT, vindas dos militares, vindas do bolsonarismo, dos petistas novamente. Presenciar esses tempos não é nem um pouco divertido. 

Aqui posso elencar uns poucos pontos, porém não inválidos, a respeito da tristeza que é viver nesse país miseravelmente condenado. 

Temos crises econômicas subsequentes, intermitentes, que se emendam umas nas outras. Desemprego, subemprego, inflação, perda de poder aquisitivo do salário, bolsas, auxílio governamentais. A economia nunca vai bem. Ela apenas despiora. E realmente, só quem gosta da economia do Brasil é banqueiro espoliador que arranca o nosso couro com os exorbitantes juros.  

Na política, o modelo instituído pela constituição de 1988 é uma piada improvisada. Tem um presidencialismo que obriga o chefe do executivo a arrear as calças para o congresso e tem um congresso com vocação parlamentarista, ainda que lhe faltem predicados representativos (um defeito imposto pela ausência de voto distrital -- mais uma deformidade política desse azarado país). 

A última moda são os juízes com anabolizantes. Ministros da suprema corte super poderosos, super dotados de funções, um poder moderador. Substituem o monarca emplumado. Ainda assim, alguns ainda usam plumas em suas cabeças, de maneira muito mal disfarçada. 

Agora temos aí um choque de titãs, entre o atual presidente e o novo, recém eleito. Um choque entre Nho Ruim e Nho Pior. Entre Asmodeus e Satanás, para citar o velho Jânio Quadros. Ganhou o mais velho, o barbudo, aquele que decepou um dedo para se aposentar mais cedo (ao menos assim dizem as más línguas). O novo presidente não foi eleito pelo voto popular, livre e democrático, mas colocado de volta ao poder pelo sistema, pelo estamento burocrático (by, Raymundo Faoro), pela elite dominante desse país (by Luís Carlos Alborghetti). Foi tirado da cadeia, absolvido depois de ter sido condenado em um processo em que teve direito de ampla defesa, e colocado de volta no trono de presidente da república. Não foram os seus dotes, seus méritos, suas propostas, nem mesmo suas promessas que o puseram no primeiro lugar da votação. Foi botado lá pela possibilidade que ele abre para que velhos esquemas retornem e tenha de volta livre acesso para gerenciar seus negócios espúrios e imorais. 

Mas, falando no porvir, uma hipótese a qual tendo a ver mais chances de se concretizar, é aquela que o Ciro Gomes defende: Lula vai entregar a economia aos banqueiros neoliberais, a política do dia a dia ao Alckmin, os ministérios moderninhos (pretos, mulheres, indígenas, direitos humanos) para a turma da lacração do PT-PSOL e ele mesmo vai passear por aí, fazendo esquemas para o partido e passando para a imprensa internacional o papel de presidente moderado e defensor de agendas modernizantes, um perfeito democrata. 

Não vejo chances do PT conduzir uma política abertamente bolivariana. 

Não vejo chances de a inflação chegar a três dígitos, como na Argentina.

Essencialmente, em economia a coisa fica mais ou menos como está. E está ruim, bem remediada, mas ruim. 

O problema e o risco do PT não estão, pelo menos por ora, na economia, mas na política. É ali que podem querer meter os seus jabutis, com a conivência do Centrão. Aqui podemos ter uma hecatombe. 

Não que não seja a primeira catástrofe política de proporções pré diluvianas que essa desditosa república vem atravessar. Infelizmente, toda a esperança se desgasta e esmorece, mas o Brasil não se dissolve.

Bem, cabe finalizar estas notas fazendo uma profissão de fé: prometo seguir fiel aos meus princípios de jamais crer no sucesso do Brasil. É a fé mais fácil do mundo. Deus a dá a quem quer. Liberalmente. 

Um dia estaremos libertos do martírio desse país. Um dia ele deixará de existir. Um dia São Paulo será um país livre e distante dessa aberração de impurezas, que é o Brasil.

quarta-feira, 20 de julho de 2022

Conciliar esquerda e direita na política urbana.

 A esquerda contemporânea, essencialmente urbana, concorda com tais políticas públicas, como elenco abaixo:

  • Plante-se árvores.
  • Se construam bibliotecas públicas.
  • Invista-se na preservação e restauração do meio-ambiente.
  • Invista-se em música clássica.
  • Invista-se em museus.
  • Leis como a "Cidade Limpa" devem ser aplicadas com rigor.
  • Que se controle a construção de novos arranha-céus em bairros antigos.
  • Que regiões decadentes, como o Centro de São Paulo, sejam revitalizadas.
  • Que os prédios construídos hoje possam ser mais altos.
  • Que os novos edifícios "conversem" com o passeio público, tendo comércio no térreo.
  • Criem-se jardins verticais.
  • Criem-se parques e praças públicas.
  • Se ensine ecologia e agricultura nas escolas.
  • Apoie-se hortas e pomares urbanos.
  • Deixem a cidade bela.
Essas medidas não deveriam ser de esquerda ou de direita, porém, que fique registrado, esses temas são pautas que a direita não toca, não leva em consideração e sequer reflete sobre elas. É um erro completo. Deixam a pauta urbanística nas mãos dos meta-capitalistas das grandes construtoras, que lucram horrores com a destruição da cidade (para que eles possam reconstrui-la sempre). A direita deveria (como já fez antes) defender e cultuar o passado, mas não liga para o patrimônio histórico e arquitetônico. Fala de preservar a civilização ocidental, mas não move uma palha para propor projetos que ampliem o acesso das pessoas à cultura clássica. Para a direita que aí está mais vale Gustavo Lima do que Mozart. Depois não reclamem que está tudo perdido. A esquerda e a direita se parecem mais do que gostam de admitir. Stálin construiu as mais belas estações metroferroviárias do mundo. Aqui o regime militar construiu estações de metrô parecidas com enormes galerias de esgoto. 

Diante de tudo, apelo aos membros da esquerda sensata, lutem para fazer conservadores e liberais a adotarem uma pauta urbanística humana e restauradora. E a direita, que se esforce em trazer a esquerda sensata para o centro político, para que ela possa apoiar uma pauta pró vida, anti-ludopatia (lobby da legalização da jogatina) e descentralizadora. No mais, o que não puder se conciliado, que baste.

Esses dois outros textos me parecem que se relacionam que este aqui.


quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Ser súdito de si mesmo

 Não existiu na história do Ocidente sistema político social mais estável que o feudalismo. Tudo o que veio depois foi o mais completo caos, resultado de crenças religiosas espúrias, milenaristas e messiânicas. As pessoas buscam líderes políticos capazes de resolver tudo com um toque mágico. Líderes políticos que vão criar uma terra sem males. O líder político não é mais um homem, mas uma divindade com um séquito de fieis que espera ver milagres ocorrendo como nos tempos bíblicos. O messianismo político é uma doença social gravíssima. Há países de terceiro mundo que foram além e conseguiram superar uma política baseada apenas em tiranos e tiranetes, mas que permaneceram igualmente corruptos, talvez até mais do que outros países que seguiram líderes populistas. O México é o melhor exemplo. Entra presidente, sai presidente o Partido Revolucionário Institucional (partido maçônico) continua no poder. Nenhum presidente mexicano, por mais carisma que tenha, acabou por se tornar figura política maior do que o partido. Nem quando o presidente foi de outras legendas como na época de Fox (PAN) e agora do López - Obrador (MORENA), O PRI foi desalojado do poder. 

Vejam o caso desse malfadado país reconhecido por Brasil. Vários atores chamam para si o peso de ser o poder moderador da república, os militares, o judiciário, o senado, a imprensa, a sociedade, mas, sabemos que quando é chegada aquela hora amarga, de trazer as coisas para o velho balanço que não desagrade as nossas elites dominantes, o poder moderador é exercido pelo estamento burocrático, composto por representantes de todos os setores de nossas elites. É o MDB em ação. Ele é a condensação de toda a elite do Brasil. Essa elite não espera outra coisa senão conservar os seus privilégios, suas boquinhas, suas condições de poder. É a elite do funcionalismo, a elite da Faria Lima e Berrini e a elite do agro. Todos são pop e tech! O Brasil, lamentavelmente, indo além dos males que assombram o México, compartilha não só a característica de ter se tornado um narcoestado e de ser controlado por uma elite absolutamente predatória e cretina, temos o privilégio de termos uma abundância de candidatos ao posto de líder messiânico da nação. Bolsonaro, Moro, Joaquim Barbosa, Lula, Collor, Jânio, Getúlio, Conde D'eu, todos tiveram suas (ou ainda tem) pretensões messiânicas e redentoras, de liderar esse quinto império que é a América Portuguesa. Todos fracassados pela natureza do próprio país e de sua própria sociedade, que espera um líder que represente e simbolize um grande sentimento de esperança, de libertação do povo e desenvolvimento do país, ao mesmo tempo em que deixe todos os caminhos do estado abertos e livres para que os donos do poder possam continuar tendo as suas aberturas majoritárias ao erário público.

Por favor, você pobre atormentado que agora lê esse texto, se você é brasileiro, abandone já essa ideia. Seja cidadão de sua própria pátria e súdito de si mesmo. 

terça-feira, 23 de março de 2021

A gambiarra existencial brasileira

 Quando eu adentrei esse grande monstro chamado direita, identificar-se com esse campo político significava automaticamente ser nazista, ou integralista, votar no Paulo Maluf ou, in extremis, ser da UDR, se você fosse do campo. Me lembro quando no ensino médio, querendo entender o que era tudo aquilo e achando mesmo um tanto fascinante ser dissidente do que era o status do momento, ou seja, a esquerda. Minhas referências eram os livros didáticos e a imprensa (estava a sair do ensino médio). Nisso, Maluf e Plínio Salgado viraram Reagan e Milton Friedman para mim. Perguntei a um professor em 2006 quem ele via como sendo de direita no Brasil. A resposta foi Geraldo Alckmin. E redargui querendo saber quem estava na extrema direita e ele citou a União Democrática Ruralista. Quando passei a ter computador e internet em casa, pesquisar o que era a tão maligna UDR foi uma frustração pra mim. Por que fazendeiros que queriam manter aquilo que era seu contra invasores baderneiros poderiam ser tão malvados? As presentes gerações não terão esse tipo de sofrimento. Tudo pra eles em matéria de informação está disponível. O liberalismo político, Smith, Malthus, Bentham, Stuart-Mill, Spencer, o liberalismo econômico radical, como Mises, Hayek, Friedmann, toda a Escola Austríaca. O Conservadorismo em todas as suas vertentes europeias e americanas. A economia social de mercado. Muita coisa está aí. E o Brasil escolheu não ser absolutamente nada. É uma mistura de muitas coisas e acaba sendo só uma lastimável orgia das piores características de uma civilização decadente. Aliás, o próprio Claude Levi-Strauss disse que o Brasil caminhava da barbárie para a decadência sem ter passado pela civilização. Ele estava certo. Os dados estão aí. As informações estão aí. Vamos ficar pra sempre com essas monstruosidades morais, modelos políticos e econômicos híbridos e toscos (gambiarras mesmo) e com lideranças políticas igualmente escrotas? Vamos sim.

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Gestão pública e bem comum

Dois exemplos: como uma metrópole, tal como São Paulo, poderia abrir mão de uma companhia que pense e organize o seu transporte público por ônibus, como é a SPTrans? Poderia ser discutido se ela poderia ser mais eficiente, se a sua gestão deveria ser compartilhada com outros municípios circunvizinhos, se uma fusão com a EMTU, Metrô e CPTM seria benéfica (duvido muito). Essas empresas públicas precisam gerar dados da operação do serviço público prestado, para que haja mais eficiência naquilo que é oferecido ao usuário. Se simplesmente essas empresas públicas urbanas fossem extintas, o caos urbano seria ainda maior. O gigantismo de mais de 20 milhões de pessoas em uma região metropolitana, igual a Grande São Paulo, exige a existência de empresas gerenciem certos ramos de atividade, porém sem oferecer o produto ou serviço final, como já é hoje.

O outro exemplo é a saúde pública. Defendo a tese que o Brasil é um país que não saiu totalmente do estado de natureza. Essa terra e os povos que aqui habitam ainda precisam ser civilizados. Não há ética. Possa o funcionário lesar o patrão ou vice-versa, isso será feito. A máxima definição do ser brasileiro é a lei de Gérson. Na saúde é preciso assegurar que uma pessoa, se puder ser salva ou ter a sua dor minimizada, isso deve ser garantido. Pode haver lucro na saúde, na educação ou na exploração da água potável. O que se deve combater é a ideia de que quem não possua dinheiro não possa ter acesso a isso. Sobretudo a saúde, que é no fim a própria existência. É a vida com abundância. Se pode viver sem escola, mas por essência, sem saúde só existe a morte.

Um sistema de saúde privado complementar como existe hoje no Brasil é bom. E o SUS, como conceito é bom, embora a execução seja a pior possível. Quando se liga a tv no Datena e vemos uma mulher agonizar até a morte, implorando por um atendimento simples, não há outro sentimento possível senão o ódio contra essa falta de sensibilidade e de respeito com uma pessoa. E esse desrespeito é provindo de um sistema, de uma burocracia pública e financeira. É inaceitável. Melhorar a gestão e a eficiência de todo o serviço público deveria ser a meta essencial de todo político, mas a próxima eleição ou o tráfico de influência está aí, na cara do gol. A rixa entre o público e o privado é falsa. Precisamos salvar as pessoas.

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

O credo comum.

 Superar a divisão entre direita e esquerda. Divisão rasa e insuficiente, que só causa cizânia nas sociedades. É preciso se voltar para as pessoas e os princípios. Defesa dos direitos naturais, da descentralização do poder, do governo limitado e responsável, da liberdade irrestrita de expressão e de culto, do compromisso com o revezamento dos grupos de poder. Devem ser valores que aqueles que se dizem de direita devem crer, seguir e defender.... e aqueles que são de esquerda também! A defesa das soberanias nacionais, da existência natural das nações, dos acordos bilaterais em economia e política. O compromisso com a busca do pleno emprego. A elaboração de mecanismos para a limitação e controle do poder financeiro e da espoliação das pessoas pela escravidão dos juros. O respeito pelas vicissitudes únicas de todos os indivíduos. É o credo unitário e comum. 

Marco Maciel e Fernando Henrique Cardoso: o cúmulo do centrismo político no Brasil é o que chegou mais próximo desse credo comum.


sexta-feira, 31 de julho de 2020

A receita para se governar o Brasil

Existe uma receita totalmente pronta, já testada, sobre como o Brasil deve ser governado. 
Aquele que tentar uma outra fórmula será engolido vivo pelo sistema que domina o país.

Não há nenhum modelo alternativo para governar o Brasil. Só um modelo existe. Só uma fórmula.



Primeiro, nunca tente enfrentar o congresso. Ele vai brigar, brigar e te colocar contra as cordas. Pode você ser o Mike Tyson, mas haverão centenas de Maguilas para te espancar. Herói sozinho nenhum consegue vencer esse bando. 

Segundo, arreganhe as pernas dos ministérios, estatais e autarquias para os afilhados políticos do centrão. Dê a eles tudo o que quiserem.

Terceiro, mantenha um bom acordo com o Supremo Tribunal Federal. Evite ao máximo enfrentá-lo.

Quarto, não mexa com a Polícia Federal.

Cinco, não seja ideológico. Algum palavrório a mais para a plateia é de bom tom, afinal, as pessoas ainda vão precisar de algum estímulo para votar novamente.

Seis, não brinque com a economia com fórmulas econômicas muito restritivas ou muito expansivas. Nem a heterodoxia, nem a ortodoxia. Nem Chicago, nem Londres. O caminho entre a social democracia e o liberalismo social é a única coisa que o Brasil pode suportar. Muito mais à esquerda e ao welfare state o país quebra e muito liberalismo à direita rompe o tecido social. 

Sete, dê dinheiro para o povo em forma de vouchers. É a melhor e mais eficaz maneira de se comprar votos.

Oito, mantenha as forças armadas de boca fechadas, mantendo-os ocupados com seus brinquedos caros (aviões, armas, carros de combate, navios, submarinos) e deixando a sua integral aposentadoria intocada.

Nove, mantenha a imprensa com o bico calado. Não faça inimigos na imprensa. Dê entrevistas simples, que pouco falam à quem tem neurônios. Responda cordialmente a todos os repórteres mais imbecis e torpes. Gaste fortunas do dinheiro público com publicidade em emissoras de rádio, tv, jornais, revistas e internet. Também processe e esmague na justiça todo e qualquer dissidente da midia.

Dez, seja demagogo, seja populista. Fale com a língua suja do povo simples. Seja humilde e simples com os humildes. Seja simpático com a elite e tire dela os maiores recursos para o estado, colocando todo gerador de riquezas contra a parede, sempre sem perder o sorriso amarelo e hipócrita.

Onze, puxe o saco do nordeste. A população famélica vota com o estômago e com a imagem de um líder paternalista, na qual ela enxergue segurança. Também os mafiosos coroneis nordestinos (e nortistas) costumam controlar a política nacional no Congresso.

Doze, e por último, crie uma falsa oposição contra você mesmo e busque manter o poder político sempre em consórcio com esse grupo. Trabalhe incessantemente contra o surgimento de qualquer grupo opositor autêntico, na esquerda e na direita.

Essa é a receita para controlar o Brasil eternamente. Passa ano e sai ano, entre presidente e sai presidente a situação política é sempre a mesma. Para governar fora disso só com ditadura bruta, a céu aberto, coisa que nunca mais se verá no Brasil, pois as nossas elites querem mais é manter esses doze passos para sempre.

segunda-feira, 29 de junho de 2020

TV Record faz excelente reportagem sobre as pessoas sem documentos no Brasil: mais uma realidade da miséria que se mantém no país.

O programa investigativo Câmera Record de ontem apresentou reportagem exclusiva muito boa. 
Uma realidade de pessoas extremamente simples, que não possuem aquilo que mais elementar se tem para que alguém seja considerado cidadão: documentos. Duas realidades que se ligam, sertanejos abaixo da linha pobreza, no Piauí, vivendo em casas de taipa de pilão, sem energia elétrica e muito menos saneamento básico. Água? Só quando o caminhão pipa passa para abastecer as sujas cisternas e essa água ainda precisa durar meses. Nem sempre é possível tomar banho ou cozinhar. Aliás, muitas vezes a impossibilidade de cozinhar não se deve pela escassez de água, mas também de comida. 

É essa gente que precisa receber apoio governamental para auxiliar a sua subsistência. A renda que o Bolsa Família poderia proporcionar a uma família sertaneja como essas que a reportagem da Record mostrou mudaria a realidade deles, proporcionando alimentação diária básica e a certeza de alguma esperança ainda pode ser mantida. Curiosamente, o Piauí, um dos estados mais miseráveis do Brasil, é hoje governado pelo Partido dos Trabalhadores. A ajuda que essas pessoas precisam receber é urgente, é uma cesta básica mensal que alteraria totalmente a vida dessa gente. Onde está a sensibilidade dos senhores governadores e prefeitos?

A outra realidade mostrada é a de dependentes químicos que, em grandes cidades, como São Paulo ou Rio de Janeiro, por suas vidas errantes e pela completa falta de estrutura familiar, não tem sequer o registro de onde nasceram. Pessoas que não tem a menor ideia do dia, mês e mesmo o ano em que vieram ao mundo. É impensável que existam milhares de pessoas nessa situação. 

Sempre fui muito crítico (e permaneço sendo) da forma como esses programas assistenciais de transferência de renda são executados. No meio urbano paulista, todo mundo tem o conhecimento de pessoas que recebem esses recursos indevidamente (por fraude) ou por não terem renda nem emprego formais, embora tenham bons rendimentos mensais. Nesses casos, o que está sendo feito é injusto e imoral e precisa ser extinto. Uma boa revisão, um verdadeiro pente fino em quem recebe tais provimentos é mais do que necessário. Uma atualização nas faixas de renda de quem precisa recebe-lo também é desejável. Se isso não for feito, o dinheiro público é, novamente, mal empregado, e pessoas realmente em situação de miséria, que precisam de algum valor do governo para que simplesmente não pereçam, acabam por não receberem. É uma política nefasta, no fim das contas. O Brasil, que desde a redemocratização, passou por um longo ciclo de políticas públicas sociais democratas, não conseguiu enxergar a todas as pessoas que habitam o país, não conseguiu chegar a todos os rincões mais afastados e completamente esquecidos. Enquanto isso, o neo coronelismo avançou bastante e as antigas estruturas de poder, sobretudo na região nordeste, permanecem as mesmas de um século atrás, com uma elite mandatária medíocre, que nem para governar serve, mantendo-se no poder, apenas por meio dos recursos transferidos pelo Governo Federal, as expensas dos estados ricos e produtores. O Brasil não muda mesmo é inocência continuar acreditando que algum governo vá conseguir mudar esse país.

A reportagem da Record merece um prêmio pelo excelente jornalismo praticado.

domingo, 24 de maio de 2020

Esquerda versus Direita



Ainda cabe afirmar: A política lida com os gostos das pessoas e as pessoas só gostam de pura merda

terça-feira, 17 de março de 2020

1968 chegou ao fim

Um bom tempo se passou, tempo em que a sociedade parecia ter se acostumado com ideias belas, idealizadas, prenhes de humanismo, que deixariam Jean Jacques Rousseau morrendo de orgulho. A sociedade passou muito tempo sublimando toda espécie de sentimento mais primitivo, como aqueles que nos orientam, naturalmente, para querer proteger nossa família, nossas posses e nossas liberdades. Pensemos todos em ressocialização. Pensemos na recuperação dos indivíduos e da sociedade. O mal é resultado da sociedade doente e perversa, pelo poder e sobretudo pelo dinheiro, pelo capitalismo. O tempo em que essa cantilena deixava a todos mais mansos parece ter findado.

Cada pessoa que eu pergunto sobre um tema, como a pena capital, castração química ou mesmo prisão perpétua, vejo e ouço respostas sempre favoráveis a implantação geral de tais teses. Parece que passamos da fase de complacência e pietismo vulgar e ingressamos num período de justiçamentos. A eleição dos governos direitistas refletem o total esgotamento com o ciclo humanista radical e social democrata pelo qual passamos, desde o fim da segunda guerra mundial (nessa lógica, os governos militares da América Latina são rupturas nas continuidades), passando, sobretudo, por 1968.

Realmente, é um mundo novo. É uma nova era.

terça-feira, 10 de março de 2020

O presidente cristão

Bolsonaro é cristão. Se perguntado, Lula dirá que também é cristão. E Dilma. E Sarney. E Collor. E qualquer político brasileiro também. 

Esse cristianismo, contudo, é só um verniz, uma aparência sem forma definida, se clareza, torpe. Somente um presidente cristão de verdade poderia tomar medidas que fossem decisivas e significativas. Qualquer presidente pretensamente cristão, quando dá um passo a frente nalguma medida, noutra proporção desvia-se para a direita e para a esquerda, move-se a serviço do inimigo. Não basta a guerra cultural, kulturkampf do Bolsonarismo. Só há uma oposição ao mundo: Cristo! E o evangelho precisa entrar de vez para a política, não na forma de pastores deputados vendilhões, mas de homens de bem e de bom testemunho, que empunhem o pendão da Pátria Eterna. 

Vamos deixar o mundo!

sábado, 7 de março de 2020

Mussolini liberal

Penso ser difícil colocar um fim definitivo no serviço público, assim como preconizam os anarco capitalistas, que prefiguram uma sociedade onde toda a burocracia é ausente e mesmo o estado desparece totalmente de cena.

Enquanto a vida continuar avançando em direção inequívoca às cidades, a necessidade de uma burocracia que seja capaz de trabalhar unicamente com a regulação de processos será sempre necessária. Outras formas, como a terceirização dos serviços e a informatização podem continuar sendo implantados, sem, contudo, significarem um caminho sem volta para o fim do funcionalismo.

Além disso, em toda esse discussão, o contexto não pode jamais ser ignorado. Se um cidade pequena, de 600 habitantes, decidir não ter um serviço público de saúde ou de educação, um arranjo comunitário pode ser possível, com um plano de saúde privado se tornando o provedor de assistência médica, eliminando toda a burocracia que é inerente ao serviço público. Claro, quem financiaria tal convênio? Os próprios cidadãos. O SUS é também um convênio médico, mas, cujo serviço deixa a desejar e cujo o seu pagamento cidadão nenhum pode deixar de pagar, por meio de seus impostos. Ele é federal, e como tudo o que é federal, é ruim, ineficiente e por vezes injusto. 

Em São Paulo, uma megalópole tremenda, a presença e a atuação do estado se transformam é algo absolutamente indispensável. Trânsito, saúde pública, creches, saneamento básico, manutenção do viário e infraestrutura urbana, dificilmente tudo isso poderá ser colocado um dia totalmente sob o guarda chuva da livre iniciativa. Que se procurem arranjos híbridos é desejável, mas sistemas exclusivos, seja todo estatal, seja todo privado, será injusto e incapaz de manter a paz social. 

Falo sempre que no Brasil, Mussolini seria um liberal. Há muito a que se trabalhar pela livre iniciativa nesse país, para que o estado não se agigante e se torne um inimigo declarado da liberdade e da propriedade. Isso não significa que a extinção do estado e da burocracia pública seja uma meta desejável.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

O desafio do estado

Vejo pelas redes sociais até hoje (e talvez ainda mais hoje) muita gente brigando para se mostrar mais ou menos de direta ou mais ou menos de esquerda e, alguns bem poucos, ao centro político.

Faz tempo que considero a simples divisão entre esquerda e direita como insuficientes para poder explicar a grande complexidade do mundo político.

Existem grupos políticos ou doutrinas políticas que, por certos aspectos, podem ser classificadas ora na direita, ora na esquerda. Vejamos os movimentos de perfil nacionalista do século passado. O nacional socialismo, o fascismo, o salazarismo, o franquismo, o integralismo, o peronismo, o varguismo e outros, mas paremos por aqui.

Na economia, o caminho que esses movimentos seguiram pode ser colocado mais à esquerda, sem contudo ser considerado marxista. No aspecto social, eles estão mais a direita, propondo a manutenção ou a restauração de aspectos morais e sociais que acabaram perdendo forças com as dinâmicas sociais do fim do século XIX em diante.

E mesmo entre eles as diferenças são muitas e inconciliáveis. Como associar o nacional socialismo com o integralismo? Um é racista, anti-miscigenação, anti-cristão, imperial. O outro é a favor da miscigenação, nada racista, católico ultramontano e municipalista. Apesar de poderem ser classificados dentre de um mesmo conjunto de movimentos políticos que possuem algo em comum (o repúdio ao liberalismo político e econômico e ao marxismo e a defesa do estado corporativo) ainda assim as diferenças entre eles são enormes.

Agora, no Brasil de hoje, o estado tem uma atuação ainda muito forte. Mussolini no Brasil seria um liberal! A carga tributária e a maneira como os impostos são arrecadados e gastos são vergonhosas. É uma verdadeira expropriação dos indivíduos e das empresas. Receio que nenhum dos regimes de tipo "fascista" tivesse uma arrecadação de impostos tão inadequada como essa que existe no Brasil. E a nossa esquerda fecha completamente os olhos para esse problema e só vê a completa espoliação como saída, inventando agora a descabida e ineficiente tributação de heranças e grandes fortunas (um ideário claramente marxista-reformista).

Não há jeito, o Brasil precisa acabar! O estado brasileiro é o maior promotor de injustiças desde Pôncio Pilatos!








quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Democracia cristã

Tem muita gente realmente preocupada, realmente tensa com o seu futuro profissional. O medo é de que o novo governo liberal de Bolsonaro, Paulo Guedes e equipe acabe com a estabilidade do servidor público e comece programas de demissão voluntária e, por fim, demissões compulsórias.

Esse é um temor justificado. Tenho certeza que, do que dependesse do futuro ministro da economia, isso iria ocorrer.

A mentalidade do serviço público é típica das civilizações contemporâneas. Conforme a vida urbana avança, avança ao mesmo passo o estado e a necessidade dele gerenciar a vida nas grandes cidades. O idílico liberalismo do século XIX, as vezes quase anárquico, é impossível nas metrópoles modernas. Grandes cidades, grandes populações, grandes problemas e grande estado.

Esperar alguma mudança que passe pela quase extinção do serviço público não é despropositada, vinda de pessoas que estão acostumadas apenas com o mercado financeiro. Se verdade é que o presidente é também um servidor de carreira, e isso poderia servir como algum alento, também é verdade que o poder pode cegar e envergar nossa cerviz. Teremos em Bolsonaro alguém que sirva de freio ao liberalismo ortodoxo do Dr. Paulo Guedes?

Dito isso, eis que vejo a necessidade do surgimento de uma força política que consiga unir a esquerda do trabalho e a direita dos valores. Em países ocidentais, em tempos de paz, esse papel deveria ser desempenhado pela democracia cristã. Aqui em Banânia, os demo-cristianos simplesmente não existem como força política partidária faz muito tempo. O último lampejo forte nesse sentido esteve ancorado na ala liderada por Franco Montoro, no PSDB. Com sua morte e com a morte do PSDB, a democracia cristã está desaparecida do Brasil. Ela poderia ser uma força política relevante, verdadeiramente de centro, tendendo à direita, que equilibraria o jogo partidária, dando alguma racionalidade nesse teatro que vemos agora.

Não sei quanto tempo a onda liberal vai durar. O liberalismo de Reagan e Thatcher tiverem seus limites políticos, gerando novos governos democratas e trabalhistas. O consenso burocrático entre sociais democratas de esquerda e de direita permite esse tipo de situação. O liberalismo de Guedes deverá se esgotar em pouco tempo. Se bem sucedido, ajudará Bolsonaro a se reeleger daqui quatro anos e a fazer o seu sucessor. Daí em diante prefiro já não fazer conjecturas. De toda a forma, o liberalismo do século XIX já não pode existir. Ele é um pássaro Dodô. Ave extinta. Querer recria-lo hoje é uma aventura que resultará em grandioso fracasso.

O paulistano eterno

 Me identifico com o paulistano que mora na casa que restou numa rua em dissolução. É como o velho morador de Pinheiros, que habitava uma ca...