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segunda-feira, 16 de abril de 2018

Márcio França será reeleito governador de São Paulo

Desde 2006, quando o também vice de Alckmin, Cláudio Lembo, na época no ainda PFL, assumiu o governo com a renúncia do titular que iria naquele ano disputar a presidência pela primeira vez, São Paulo não era governado por alguém que não fosse do PSDB. Mesmo assim, o pequeno período de Lembro à frente do executivo paulista foi inexpressivo, sendo marcado, negativamente, apenas pelas séries de ataques terroristas realizados pelo PCC.

Agora, em 2018, Alckmin novamente renuncia no fim de seu mandato para disputar a presidência da república, deixando no comando do estado bandeirante o seu vice, Márcio França, ex-prefeito de São Vicente, filiado ao PSB. 

As diferenças entre Lembo e França são muitas. A idade, o estilo, o partido e a disposição em querer permanecer no cargo, inexistente no primeiro e firme no segundo. 

Com a quebra da hegemonia tucana em São Paulo em vista, França já constrói amplo arco de apoios partidários, com siglas pequenas e médias, ainda com chances de atrair siglas grandes como PP e DEM. 

Seu discurso de posse, feito poucos dias atrás, foi também comovente, pela forma e pelo teor. O grande enfoque na lealdade foi, ao mesmo tempo, uma declaração de total respeito e confiança à Alckmin e um ataque à João Dória, que traiu o eleitor paulistano, deixando a prefeitura para disputar o cargo de governador esse ano. 

França será reeleito esse ano e romperá o domínio do grupo tucano em décadas. Vencerá as eleições por que sabe fazer política de bastidor, por que é político, não nega isso e ao contrário, reafirma com veemência. Comenta-se à boca miúda que segue uma máxima antiga: "palavra dada é como seta lançada, quando se solta, ela não volta atrás."

Tem ele também o jeito, o falar e o aspecto de político caipira, de velho cacique do PRP. Em sua posse, fez referência à saudosa memória do itapetiningano Júlio Prestes, impedido de tomar posse como presidente pelo golpe de 1930. Lembrou de grandes Paulistas de todos os tempos: Bartyra, João Ramalho, Osvald de Andrade, Monteiro Lobato. 

França também é irmão e é figura de grande exposição na potência Paulista. É pedreiro de loja. 

A pesquisa do Datafolha divulgada hoje mostra ele com um índice muito bom: 8%. São 8% de apenas 9% dos entrevistados que o conhecem. O atual governador ainda é um ilustre desconhecido. Dória e Skaf estão na frente pelo recall que possuem. Seus índices desvanecerão. Ainda terá o apoio tácito de Alckmin que o tem por seu candidato, mesmo o PSDB lançando Dória na disputa. Corre ainda muito risco de ter o apoio de Joaquim Barbosa, que pode ser o campeão de votos da eleição presidencial e ajudar a alavancar ainda mais a candidatura do ex-prefeito de São Vicente.



Dória já está usando uma retórica abertamente macarthista, dizendo que o atual governador deveria ser chamado não de Márcio França, mas de Márcio "Cuba" dada a sua inclinação social-democrata. Dória será desmascarado pela própria direita, que já viu nele apenas um oportunista, pois elegeu-se com parte do voto conservador e liberal mas tomou medidas em sua gestão à frente da capital Paulistana que não agradaram ao seu eleitor, como a taxação de serviços digitais (Netflix e Spotfy) e o embróglio mal resolvido envolvendo o Uber e os taxistas. Não creio que terá fôlego para ganhar. Se nada de novo não aparecer, todos os caminhos que levam ao Palácio dos Bandeirantes estarão nas mãos de Márcio França. 

E quem diria? O Brasil pode iniciar 2019 tendo o PSB como a sua maior legenda.


quarta-feira, 28 de março de 2018

É preciso destronar o PSDB

No início do próximo mês de Abril, Geraldo Alckmin irá se descompatibilizar do cargo de governador do Estado de São Paulo (cargo que ocupou por quatro mandatos) para, assim como em 2006, disputar a presidência da República. Na época, quem ocupou seu lugar foi o vice Cláudio Lembo, do então PFL (hoje no PSD, de Gilberto Kassab). Lembo em sua curta passagem teve que enfrentar a maior crise das últimas décadas em nosso estado: a série de ataques criminosos perpetrados pelo Primeiro Comando da Capital, o PCC. Reza a lenda, à boca miúda, que após esses atentados, o governo estadual fez um acordo de co-governança com as lideranças dessa quadrilha, o que explicaria a redução dos índices de criminalidade, tão alardeados por Alckmin.

Passados doze anos, quem ficará como governador entre Abril e Dezembro é o ex-prefeito de São Vicente, Márcio França. Homem de um só partido, ele é um dos caciques do Partido Socialista Brasileiro, o PSB, legenda que foi uma das que mais cresceu na última década, governando estados importantes como Pernambuco, Paraíba e Distrito Federal. 

Lembo era velho e não maiores pretensões eleitorais, ao contrário de França que almeja ganhar a reeleição para governador em São Paulo e conseguir a proeza de destronar o reinado tucano na terra dos Bandeirantes, que vem se mantendo desde 1994 (se contarmos com o tempo em que o PMDB chefiou o executivo estadual, teremos que remontar ao governo Franco Montoro e ai podemos contar quase 4 décadas de domínio do mesmo grupo político sobre a política Paulista).

Márcio França sempre teve como meta se tornar governador de São Paulo. Além de prefeito de São Vicente, bem avaliado por suas gestões, foi ainda deputado federal e secretário de governo. Está agora montando uma frente de partidos bastante ampla, o que, fatalmente, irá lhe oferecer o maior tempo de propaganda gratuita no rádio e na TV, além de recursos dos fundos partidários e eleitoral. Já declararam apoio PV, Avante, Solidariedade, PHS, PMB, PPS, PHS, PR, PRP, PPL, PSC e PROS. Ainda negociam, com perspectiva de firmar apoio à candidatura socialista: DEM, PRB, PP, PDT, PC do B, PTB, Podemos e PTC. As outras candidaturas até o momento sofrerão para montar alianças, seja o PSDB com Dória e que até agora só firmou parceria com o PSD, de Gilberto Kassab que será seu vice-candidato, seja o MDB com Skaf (sem alianças oficiais divulgadas) e o PT, cujo candidato, o sindicalista e ex-prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, já trabalha com a hipótese de não se coligar com nenhuma outra legenda.

Creio que a eleição de 2018 será aquela onde os Paulistas terão a maior oportunidade de tirar o PSDB do Palácio dos Bandeirantes. O projeto de poder social-democrata já está estafado, não há mais para onde levá-lo. Covas, Alckmin e Serra, quando ocuparam o governo sempre prezaram por uma boa gestão das contas públicas estaduais, mas ao custo do não investimento em grandes obras de infraestrutura (como o Metrô, cuja expansão é lentíssima, apesar dos gastos da Companhia do Metrô e da CPTM em querer vender o contrário) além do Rodoanel, obra que também nunca é concluída. O PSDB ainda conta com o ônus de ter privatizado quase todo o patrimônio público estadual (ressalva importante a Sabesp) sem que isso tenha trazido grandes dividendos para a população, sobretudo em relação aos dois bancos estaduais, o BANESPA, que foi roubado (essa é a expressão correta) pelo também tucano FHC e depois revendido ao espanhol Santander em uma operação ainda hoje envolta em muitas informações desencontradas e também a Nossa Caixa, vendida, vejam só, para uma outra estatal, o Banco do Brasil. Faz isso algum sentido? O único sentido é o de colocar São Paulo cada vez mais nas mãos do governo federal e longe de sua vocação de autonomia e liderança.

Já critiquei outras vezes o fato de talvez o maior defeito de todos os governadores tucanos ser o de governar São Paulo com a cabeça na presidência da República. Covas, Alckmin e Serra, sempre quando ocuparam o governo Paulista tinham como objetivo máximo usá-lo como trampolim e plataforma para chegar ao Palácio do Planalto. Diante disso, nunca colocaram o interesse do povo de São Paulo acima de suas pretensões de poder. Jamais enfrentaram o governo federal como deveriam ter feito (como fez Itamar Franco em MG e Requião, no PR) por que não podiam minar a autoridade e poder imperial do cargo que sonhavam em ocupar brevemente. São Paulo é o estado que mais arrecada impostos e contribui com a Federação e é, proporcionalmente, o que menos repasses federais recebe e nossos governadores não tiveram a coragem de enfrentar essa situação, cobrando uma melhor redistribuição desses recursos. Só por isso os tucanos merecem ser varridos da política de São Paulo.

Se acusamos o PT de ter um projeto de poder hegemônico, em São Paulo podemos ver com clareza a sua execução mais bem acabada, feita por seu gêmeo siamês social democrata. A corrupção em governos tucanos é tão grande quanto a feita em governos petistas, ambas tem como objetivo a preservação desses grupos no poder e implantação de um projeto hegemônico de dominação. A diferença é que esse projeto de dominação, da parte dos tucanos, vem pelas mãos de gente letrada, que estudou na França, que tem doutorado, enquanto a contraparte petista é feita por líderes sindicais, comunitários e de movimentos sociais, mas a essência do pensam e do que implantam em suas gestões é a mesma.

França é do PSB, um partido também socialista, mas que nunca havia ocupado espaços políticos tão relevantes quanto agora. Não é um partido tão ideológico em essência como PT e PSDB. Suas lideranças tem formação de esquerda, mas aliam a isso outras tendências, como o populismo mais tradicional. Não dá pra saber muito bem ao certo o que farão. Temos alguns indicativos: até agora, Márcio França avisou que pretende montar um programa de recrutamento de jovens para que trabalhem para o estado, coisa de 100 mil moleques. É uma estratégia um pouco antiga (me lembra as legiões de trabalho, que os regimes fascistas faziam no começo do século passado) mas pode dar resultado, caso bem feita. Também tem dado algum destaque à causa animal, que é uma bandeira política que atrai votos, sobretudo de mulheres. No mais, não creio que não essência difira muito do que ai já está, contudo, vejo em um homem como Márcio França algumas diferenças fundamentais.

Primeiro, apesar de formalmente o PSB pertencer ao Foro de São Paulo, essa legenda sempre foi um partido periférico, alheio aos grandes esquemas continentais de poder, arquitetados e executados pelo trio Lula, Castro e Chaves, o que já é alguma quebra no esquema de poder hoje hegemônico no Brasil (contudo, nada impede que esse nova força política possa vir a se conciliar com o consórcio pt-psdb). Segundo, não me parece que França pense em se tornar presidente do Brasil, com isso ele poderia ter mais autonomia para buscar mais recursos para São Paulo em Brasília, reduzindo as atuais distorções nos repasses de verbas para União para o estado Paulista. Em terceiro lugar, mas não menos importante, seria saudável desalojar milhares de tucanos lotados na administração pública estadual por décadas, eliminando um foco de parasitismo do estado.

Ainda é cedo para maiores considerações e para saber se estou certo ou não, mas esse é uma aposta que hoje faço. Me cobrem depois.

O paulistano eterno

 Me identifico com o paulistano que mora na casa que restou numa rua em dissolução. É como o velho morador de Pinheiros, que habitava uma ca...