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quarta-feira, 20 de julho de 2022

Conciliar esquerda e direita na política urbana.

 A esquerda contemporânea, essencialmente urbana, concorda com tais políticas públicas, como elenco abaixo:

  • Plante-se árvores.
  • Se construam bibliotecas públicas.
  • Invista-se na preservação e restauração do meio-ambiente.
  • Invista-se em música clássica.
  • Invista-se em museus.
  • Leis como a "Cidade Limpa" devem ser aplicadas com rigor.
  • Que se controle a construção de novos arranha-céus em bairros antigos.
  • Que regiões decadentes, como o Centro de São Paulo, sejam revitalizadas.
  • Que os prédios construídos hoje possam ser mais altos.
  • Que os novos edifícios "conversem" com o passeio público, tendo comércio no térreo.
  • Criem-se jardins verticais.
  • Criem-se parques e praças públicas.
  • Se ensine ecologia e agricultura nas escolas.
  • Apoie-se hortas e pomares urbanos.
  • Deixem a cidade bela.
Essas medidas não deveriam ser de esquerda ou de direita, porém, que fique registrado, esses temas são pautas que a direita não toca, não leva em consideração e sequer reflete sobre elas. É um erro completo. Deixam a pauta urbanística nas mãos dos meta-capitalistas das grandes construtoras, que lucram horrores com a destruição da cidade (para que eles possam reconstrui-la sempre). A direita deveria (como já fez antes) defender e cultuar o passado, mas não liga para o patrimônio histórico e arquitetônico. Fala de preservar a civilização ocidental, mas não move uma palha para propor projetos que ampliem o acesso das pessoas à cultura clássica. Para a direita que aí está mais vale Gustavo Lima do que Mozart. Depois não reclamem que está tudo perdido. A esquerda e a direita se parecem mais do que gostam de admitir. Stálin construiu as mais belas estações metroferroviárias do mundo. Aqui o regime militar construiu estações de metrô parecidas com enormes galerias de esgoto. 

Diante de tudo, apelo aos membros da esquerda sensata, lutem para fazer conservadores e liberais a adotarem uma pauta urbanística humana e restauradora. E a direita, que se esforce em trazer a esquerda sensata para o centro político, para que ela possa apoiar uma pauta pró vida, anti-ludopatia (lobby da legalização da jogatina) e descentralizadora. No mais, o que não puder se conciliado, que baste.

Esses dois outros textos me parecem que se relacionam que este aqui.


sexta-feira, 6 de novembro de 2020

O credo comum.

 Superar a divisão entre direita e esquerda. Divisão rasa e insuficiente, que só causa cizânia nas sociedades. É preciso se voltar para as pessoas e os princípios. Defesa dos direitos naturais, da descentralização do poder, do governo limitado e responsável, da liberdade irrestrita de expressão e de culto, do compromisso com o revezamento dos grupos de poder. Devem ser valores que aqueles que se dizem de direita devem crer, seguir e defender.... e aqueles que são de esquerda também! A defesa das soberanias nacionais, da existência natural das nações, dos acordos bilaterais em economia e política. O compromisso com a busca do pleno emprego. A elaboração de mecanismos para a limitação e controle do poder financeiro e da espoliação das pessoas pela escravidão dos juros. O respeito pelas vicissitudes únicas de todos os indivíduos. É o credo unitário e comum. 

Marco Maciel e Fernando Henrique Cardoso: o cúmulo do centrismo político no Brasil é o que chegou mais próximo desse credo comum.


quarta-feira, 11 de abril de 2018

A direita e o federalismo

Lula está preso e não sabemos por quanto tempo ele ficará detido. Creio que mesmo que ele venha a sair da cadeia brevemente essa sua saída será temporária, por que ainda há vários outros processos em que ele é réu e deverá ser condenado. 

Porém, o grotesco espetáculo que ele protagonizou no último fim de semana mostra ainda que lhe resta alguma força política e muita força simbólica. Já afirmamos, ano passado, neste blog que caso ficasse livre e pudesse disputar a eleição, os brasileiros, fatalmente, acabariam elegendo o sapo de Garanhuns. É difícil falar de maneira hegemônica e reducionista, mas, a grosso modo, os nordestinos tendem a votar no assistencialismo. Além do eleitorado nordestino, Lula ainda tem muito voto em vários estratos e classes sociais. Seu governo não foi de ruptura política nem econômica. Se seguiu a risca a cartilha demagógica e populista de Getúlio Vargas, sendo considerado um novo "pai dos pobres" também é justo qualificá-lo como sendo a grande mãe dos ricos, vide a política de campeões nacionais e as altíssimas taxas de juros que só interessam aos banqueiros (que nunca lucraram tanto em um mercado hiper concentrado) produzidas pelo petismo.

A força simbólica de Lula é ainda mais forte e não sei dimensionar apropriadamente o seu tamanho. A exceção do PSTU e de setores muito minoritários de correntes dentro de outras legendas, Luis Inácio conseguiu unir a esquerda em torno de sua narrativa de que é um perseguido político nas mãos de um juiz vendilhão. Nesse sentido ele, Lula, seria o bode expiatório colocado em holocausto para o sacrifício de todo um projeto de país por ele conduzido que teria tirado milhões de pessoas da pobreza e tudo mais que já estamos cansados de ver a esquerda repetir.

Todavia, o mais importante que precisamos destacar aqui é que o PT foi o responsável por uma extrema ideologização do país. Creio que a discussão política que é feita hoje em todos os ambientes: escolas, universidades, mídia, igrejas, botecos, zonas, enfim, em toda a parte, é inédito no Brasil. Nem durante a época do Getulismo e da chamada República Populista (1946-1964) tivemos algo igual. Os tempos são outros e a onipresença da mídia (hoje quase que completamente dominada por uma esquerda vociferante) e das redes sociais tem bombardeado o cidadão médio com memes, imagens, textões em caps lock sempre rondando assuntos políticos. Na internet, a força da direita é bem maior do que a da esquerda, em alcance e em capacidade de construir narrativas e vendê-las ao público. Na imprensa tradicional, contudo, permanece a força do ideal esquerdista (uma vulgarização de manual promovida por professores universitários, que ronda em temas como o problema da desigualdade de renda, de raça, de sexo além é claro, de constantemente alertar para os perigos de um inexistente fascismo).

Mas nem tudo se resume ao domínio da esquerda. Na internet, como já dissemos, a direita é dominante. O discurso anti petista é a tônica, tendo como pano de fundo algum senso mais ou menos vago de um liberalismo conservador, que pede "menos estado" sem indicar, contudo, com alguma clareza, onde a presença do estado deve ser diminuída. 

Concordamos e reafirmamos que a onipresença do estado em todas as mínimas relações sociais neste país é sufocante, além de uma carga tributária de mais de 30% do PIB, somada a um défice de 9% nos gastos públicos, que nos qualificam como sendo um país de estrutura social democrata, sem contudo oferecer os benefícios públicos que os países nórdicos (os sociais democratas por excelência) oferecem aos seus cidadãos.

A necessidade de se reduzir a intromissão do estado no Brasil passa necessariamente não apenas pela venda ou extinção de empresas estatais, mas pela redução de leis, normas, portarias, atos normativos e administrativos e regulações, pela redução de oferta de certos serviços públicos que devem ser colocados integralmente sob o guarda chuva de um mercado com mais concorrência e sobretudo pela descentralização do poder político aos estados, eliminando o modelo de federalismo truncado que a Constituição de 1988 fez, construindo um federalismo real, que aproxime o cidadão dos centros de participação e decisão política, criando um senso maior e mais forte de cidadania e exercício do poder.

A esquerda continuará prosperando aqui neste país por que a direita brasileira é pouco articulada e não tem se dedicado a compreender esse fenômeno do federalismo, que eu reputo como sendo o principal problema do Brasil e aquele que nos leva, inexoravelmente, se ele não for resolvido, ao caminho do socialismo. De tempos em tempos a imprensa dá algum destaque aos movimentos separatistas que existem na região sul do Brasil, em São Paulo e em estados do nordeste, sempre com tom pejorativo, mas são poucos aqueles que compreendem que a força que o discurso separatista vem adquirindo está justamente em ser um alerta e ao mesmo tempo uma resposta forte ao excesso de centralização administrativa e política que temos, cujo artífice construtor foi o caudilho Getúlio Vargas.

Enfrentar o problema do federalismo é urgente. Quando tomou posse, o presidente Michel Temer alertou que seu desejo era fazer uma reforma que encarasse e buscasse resolver esse problema. Já nos encaminhamos para o fim de seu mandato e nada no sentido da descentralização do poder foi feito. Temer, assim como outros presidentes que tiveram consciência do problema federativo não tiveram a coragem para enfrentar politicamente a questão (FHC e Figueiredo, por exemplo, apoiavam, idealmente, a descentralização, mas pouco fizeram no sentido de promovê-la). 

Essa questão não é enfrentada por que existe uma super representação congressual dos estados mais atrasados do país, das regiões norte e nordeste, em detrimento das regiões mais avançadas e desenvolvidas, o sudeste, o sul e também o centro-oeste. Um bom começo para tentar mudar esse problema da representação talvez fosse a implantação do voto distrital, porém vejo-o como insuficiente para resolver o problema, mas já seria um bom avanço no sentido da descentralização. Enfrentar a força do estados nordestinos e nortistas é uma necessidade urgente. A direita brasileira não entende que são esses estados que dão sustentação a todos os presidentes que implantaram agendas intervencionistas e extremamente estatistas no país. A direita brasileira compreende que o problema do Brasil é basicamente o PT e seus demais partidos satélites, mas não atenta para a oligarquia nordestina que comanda a política nacional nos bastidores, apoiando todo o tipo de política que venha inchar ainda mais o estado. Não adianta apenas gozar com a prisão do Lula se Renan Calheiros, José Sarney, Jader Barbalho, Eunício Oliveira, Ciro Gomes, Tasso Jereissatti, ACM Neto, Fernando Collor de Melo, Ronaldo Lessa, Agripino Maia, Marcondes Gadelha, Teotônio Vilela, Cunha Lima e tantos outros coronéis e suas famílias continuarem mandando nos bastidores políticos, perpetuando esse estamento burocrático parasitário e perdulário, que somente draga a energia moral e social do país. 

A extrema desigualdade regional que existe no Brasil terá difícil resolução e não será um homem como Jair Bolsonaro ou qualquer outro líder político messiânico que queira repartir o espólio eleitoral pós lulismo com os velhos caciques nordestinos que irá mudar alguma coisa. Vejo que a saída está em algumas possibilidades: um federalismo hegemônico centrado no estado de São Paulo (como estava a se construir na Primeira República, até o advento do Varguismo), a confederação ou a separação de todos os estados brasileiros. Sou um entusiasta e fiel defensor da última proposta. Acredito que a melhor saída para todos os estados brasileiros seria a secessão. Confio e trabalho por isso, todavia, não descarto a importância processual das outras duas alternativas.

Lula e Dilma governaram com o apoio dos políticos do PMDB, PP, PR, PDT, PTB, PSC, PSB e outros sempre com o forte apoio dos nordestinos e nortistas dessas legendas. Enquanto a economia mundial caminhou bem e o Brasil foi puxado por esse movimento externo o país viveu em superávit e isso significava vultosos repasses de verbas do governo federal para os políticos dessas regiões. Quando a crise chegou pra valer no governo Dilma os repasses diminuíram as cisões na base de apoio desses mesmos partidos ao petismo começaram a ganhar força, até o fim com o impeachment e agora com a prisão de Lula. Porém, o que os senhores auto identificados como direitistas precisam entender é que caso a esquerda volte à presidência novamente esse ano (ou mesmo esquerdistas soft como Alckmin, Joaquim Barbosa ou Marina) e a economia torne a se recuperar, esses mesmos políticos fisiológicos (notadamente os nortistas e os nordestinos) apoiarão integralmente políticas de esquerda, como as que o PT implantou. É necessário quebrar a estrutura de poder político que existe e que foi criada não pelo PT mas por todos os partidos na Assembleia Constituinte de 1988. Ou se rompe com essas estruturas ou o júbilo direitista será sempre provisório.


quarta-feira, 12 de abril de 2017

Um sindicalismo à direita

Época de crise, de transtornos políticos e institucionais no Brasil, é época de colocar reformas em pauta e é justamente isso que o presidente Michel Temer vem realizando em seu governo. Discorde-se de como as reformas tem sido realizadas, discorde-se do próprio teor do que tem sido discutido, mas ninguém pode negar que é mais do que necessário realizar uma modernização em vários campos que tem travado o desempenho econômico e institucional do pais.

Só governantes muito bem avaliados e com ampla base política ou então sem nenhuma pretensão em reeleger-se é que podem fazer as tais reformas que o país tanto necessita. Essa segunda situação é o caso do governo Temer.

A Reforma da Previdência que hoje é aquela que o governo federal mais luta para aprová-la, no meu entender, é uma reforma que vêm para sepultar o fim da vida de muita gente. Pessoas que irão se aposentar após os 70 anos, independente mesmo dos dados de estimativa de vida, estão mesmo condenadas a trabalhar até a morte, sem desfrutar um só dia do repouso. Descanso mesmo só no sono eterno dentro caixão. A verdadeira reforma da previdência, deveria, justamente, eliminar o INSS e acabar com o atual sistema, permitindo que as pessoas que quisessem se aposentar fizessem planos de previdência privada, mais customizados aos seus interesses e ao ritmo de suas vidas, mas para isso não falta coragem do governo, falta mesmo é conscientização e formação doutrinária e ideológica.

A outra Reforma que está sendo tocada pelo Parlamento nesse momento é a Reforma Trabalhista, que pode vir a melhorar as condições para a empregabilidade no país.

Só de ouvir alguém dizer que se deve mexer em pontos da atual legislação trabalhista vigente eis que muita gente salta da cadeira, com completa exasperação para gritar "não mexam nos meus direitos"!

Essa turma não tem na verdade é real noção da situação do país, onde, segundo os dados oficiais, em uma estimativa conservadora, temos 12 milhões de pessoas desempregadas. O que é melhor, trabalhar em condições não tão ideias, como aquelas que a legislação trabalhista brasileira presume ou ficar sem trabalhar?

Os sindicatos e ainda mais as centrais sindicais tem ficado com o cabelo em pé diante da perspectiva de mudanças na legislação trabalhista. O que mais tem mobilizado os sindicalistas é justamente uma proposta que deve ser apresentada pelo relator do projeto de Reforma Trabalhista, o deputado tucano (mas, curiosamente, liberal) Rogério Marinho, que prevê o fim do imposto sindical. 

Se vier a ser aprovada, tal medida será um grande avanço para eliminar este tumor que adoece o país e que vive de sugar a já combalida classe trabalhadora. 

O imposto sindical serve para manter as infraestruturas dos sindicatos e sobretudo  das centrais sindicais. Em teoria, tais organismos deveriam existir para amparar trabalhadores e defender os seus interesses coletivos frente ao patronato e ao estado, contudo, a realidade se encontra muito longe disso. No Brasil, assim como em toda a América Latina, o sindicalismo é uma atividade político-partidária e não laboral. As principais lideranças sindicais do país: Lula, José Genoíno, Gushiken, Medeiros, Paulinho da Força e outros são há muito e muito tempo agitadores e lideranças políticas e não trabalhadores que defendem o interesse de sua categoria.

O fim do imposto sindical vai fazer minguar o dinheiro que hoje sustenta essa máquina de auxílio político da esquerda, que manipula trabalhadores incautos para o seus interesses ideológicos. 

O sindicato não é moralmente ruim, ao contrário, a sua existência se faz necessária, ainda mais em um país de mentalidade tão diabólica como é o Brasil, onde valores como a solidariedade e a verdadeira fraternidade não existem. Nós não tivemos uma base religiosa consistente que nos fornecesse isso. Se um patrão puder explorar, até a última gota de suor do seu empregado, ele vai fazer. De igual maneira, se o funcionário puder procrastinar o dia todo, também assim fará. Levar vantagem em tudo é a razão de vida de qualquer brasileiro.

Portanto, é necessário que exista uma organização que realmente venha defender o ponto de vista classista (assim como também acho extremamente válido que existam associações patronais que defendam os seus ganhos) e que não faça política ou exista para servir de apêndice para os fins ideológicos subversivos e revolucionários, como hoje é a realidade desse campo no país.

Com o fim da contribuição sindical, os sindicatos terão que correr atrás do prejuízo e tirar a ferrugem de suas engrenagens, para voltar a ser um serviço de defesa do trabalhador. Vai ser ótimo ver uma modernização no discurso sindical, nas estruturas dos sindicatos e das centrais, que tentarão atrair mais o trabalhador para que ele tenha uma efetiva participação e veja o seu interesse ser verdadeiramente defendido. Isso vai tirar o sindicalismo das mãos da esquerda, em último caso e, no primeiro momento, abrir espaço para que novas correntes de trabalhadores livres se organizem para defenderem suas causas, sem que assim sejam massa de manobra dos partidos socialistas, como PT, PC do B, PSTU, PSOL e PCO.

O paulistano eterno

 Me identifico com o paulistano que mora na casa que restou numa rua em dissolução. É como o velho morador de Pinheiros, que habitava uma ca...