sexta-feira, 13 de novembro de 2020

O Lord our governor

 Ó Senhor, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o Teu nome! Pois expuseste nos céus a Tua Majestade.

Da boca dos pequeninos e crianças de peito suscitaste força, por causa dos teus adversários para fazerdes emudecer o inimigo e o vingador.

Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste,

Que é o homem, que dele te lembres? E o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e honra o coroaste.

Deste-lhe domínio sobre as obras da Tua mão e sob Seus pés tudo lhe puseste: ovelhas e bois, todos e também os animais do campo;

As aves do céu, e os peixes do mar, e tudo o que percorre as sendas dos mares.

Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o Teu Nome!

Salmos, 8.




quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Gestão pública e bem comum

Dois exemplos: como uma metrópole, tal como São Paulo, poderia abrir mão de uma companhia que pense e organize o seu transporte público por ônibus, como é a SPTrans? Poderia ser discutido se ela poderia ser mais eficiente, se a sua gestão deveria ser compartilhada com outros municípios circunvizinhos, se uma fusão com a EMTU, Metrô e CPTM seria benéfica (duvido muito). Essas empresas públicas precisam gerar dados da operação do serviço público prestado, para que haja mais eficiência naquilo que é oferecido ao usuário. Se simplesmente essas empresas públicas urbanas fossem extintas, o caos urbano seria ainda maior. O gigantismo de mais de 20 milhões de pessoas em uma região metropolitana, igual a Grande São Paulo, exige a existência de empresas gerenciem certos ramos de atividade, porém sem oferecer o produto ou serviço final, como já é hoje.

O outro exemplo é a saúde pública. Defendo a tese que o Brasil é um país que não saiu totalmente do estado de natureza. Essa terra e os povos que aqui habitam ainda precisam ser civilizados. Não há ética. Possa o funcionário lesar o patrão ou vice-versa, isso será feito. A máxima definição do ser brasileiro é a lei de Gérson. Na saúde é preciso assegurar que uma pessoa, se puder ser salva ou ter a sua dor minimizada, isso deve ser garantido. Pode haver lucro na saúde, na educação ou na exploração da água potável. O que se deve combater é a ideia de que quem não possua dinheiro não possa ter acesso a isso. Sobretudo a saúde, que é no fim a própria existência. É a vida com abundância. Se pode viver sem escola, mas por essência, sem saúde só existe a morte.

Um sistema de saúde privado complementar como existe hoje no Brasil é bom. E o SUS, como conceito é bom, embora a execução seja a pior possível. Quando se liga a tv no Datena e vemos uma mulher agonizar até a morte, implorando por um atendimento simples, não há outro sentimento possível senão o ódio contra essa falta de sensibilidade e de respeito com uma pessoa. E esse desrespeito é provindo de um sistema, de uma burocracia pública e financeira. É inaceitável. Melhorar a gestão e a eficiência de todo o serviço público deveria ser a meta essencial de todo político, mas a próxima eleição ou o tráfico de influência está aí, na cara do gol. A rixa entre o público e o privado é falsa. Precisamos salvar as pessoas.

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

O credo comum.

 Superar a divisão entre direita e esquerda. Divisão rasa e insuficiente, que só causa cizânia nas sociedades. É preciso se voltar para as pessoas e os princípios. Defesa dos direitos naturais, da descentralização do poder, do governo limitado e responsável, da liberdade irrestrita de expressão e de culto, do compromisso com o revezamento dos grupos de poder. Devem ser valores que aqueles que se dizem de direita devem crer, seguir e defender.... e aqueles que são de esquerda também! A defesa das soberanias nacionais, da existência natural das nações, dos acordos bilaterais em economia e política. O compromisso com a busca do pleno emprego. A elaboração de mecanismos para a limitação e controle do poder financeiro e da espoliação das pessoas pela escravidão dos juros. O respeito pelas vicissitudes únicas de todos os indivíduos. É o credo unitário e comum. 

Marco Maciel e Fernando Henrique Cardoso: o cúmulo do centrismo político no Brasil é o que chegou mais próximo desse credo comum.


segunda-feira, 2 de novembro de 2020

A Angústia

Angústia (1880), August Friedrich Schenck.

Que imagem!



"Valores modernos"

 

Essa é a família moderna! "A mamãe é o alto ou o barbudo?"

Original: http://reverentia-lusa.blogspot.com/2016/12/valores-modernos.html



O cenário eterno.

 Um amigo está se preparando para ir morar nos Estados Unidos. Seguindo o já manjado caminho de imigrante que vai com a cara e a coragem. Me convidou para ir junto e embarcar nessa aventura. 

Confesso que conhecer os Estados Unidos sempre foi uma ideia que rondou a minha mente com alguma recorrência. Nada de Nova Iorque, Miami ou Los Angeles, ou ainda Newark, lugar apinhado de brazucas por todas as partes. Me interesso pela América profunda, pela América branca que elegeu Trump presidente quatros anos atrás.

Cidades pequenas ou médias (ou mesmo grandes para o padrão americano, como Boston, Houston ou Atlanta) sempre me chamaram a atenção em filmes e seriados. NY? Já tenho São Paulo com a mesma cara. Prefiro a minha terra bandeirante mesmo.

Não sei se teria a coragem para emigrar. Não tenho o perfil de profissional que esses países precisam. Sou burocrata público e professor. Que faria na América? Jardinagem, garçom, carregador de caixas, pintor de paredes? Não se encaixa muito no meu perfil. 

São Paulo tem muitos defeitos e as soluções não se aproximam no radar: trânsito, transporte público deficitário, habitação, criminalidade, carestia e favelização. Tudo isso é real e uma realidade que compartilhamos com toda cidade média e grande do Brasil. 

Hoje ainda prefiro apostar no ritmo lento que a vida tem se encaminhado pra mim. A possibilidade de ascensão na carreira do funcionalismo, a chance de empreender um pequeno comércio. Comprar um apartamento pequeno e um carro seminovo. É aquilo que hoje se entende de classe média nesse país. E pensar que onde moro todos éramos de uma antiga classe média, de pais e avós funcionários de indústrias, que tinham uma renda e um poder aquisitivo bem maior para uma denominada classe média do que hoje uma dita middle class tem. 

Ao contrário dos ansiosos, que veem os dias se passando de maneira muito lenta, para mim, todo dia é como o outro e voa, passa como um conto ligeiro. Meu feriado de finados teve quatro dias e parece na minha cabeça que apenas o primeiro dia passou (quando, na verdade, o feriado começou na sexta e hoje é segunda a noite).

Fernand Braudel, o historiador das longas durações.

Já registrei aqui: a minha vida é marcada pela lentidão das decisões e das mudanças. Tudo é tardio. Exceto o tempo, pois esse passa muito rápido. Eu invejo quem consegue ver seu tempo passar mais lentamente. Três décadas já se foram. Muitos dias se passaram e as coisas, apesar de todas as mudanças e transformações parecem estar mais ou menos no mesmo lugar. O Diogo Mainardi fala que o Brasil é como um desenho da Hanna Barbera, onde só mudam as ilustrações dos personagens em ação, mas o fundo onde se passa é sempre o mesmo. A minha vida é como um desenho da Tartaruga Tuchê ou da Formiga Atômica, ou ainda do Pica Pau. Os episódios tem sempre o mesmo cenário: a mesma casa, as mesmas pessoas, as mesmas roupas, tudo é rápido em volta mas o cenário permanece lá, parado.

O amanhã será mais um dia. A próxima emenda de feriado já está na cara do gol. Tudo vai continuar se repetindo. É sempre o dia da marmota. Certo estão os historiadores que estudam as permanências e não as mudanças. Aquilo que dura vale mais do que o que se passa. O cenário é eterno. 

Novos estados na Federação Brasileira: alguns são necessários outros gerarão perigosos reflexos.

“A dimensão dramática da diferença é demonstrada no fato de que no início do século XIX a colônia espanhola dividia-se administrativamente e...