segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Curtas

 Na Inglaterra, dizem as notícias, grande está a pressão sobre o premiê Keir Starmer, do partido trabalhista (a esquerda de lá). O motivo: seu governo tem sonegado o grande número de paquistaneses que formam gangues para estuprar meninas e mulheres brancas (o detalhe racial é essencial). A razão da sonegação é para evitar uma onda de islamofobia na Inglaterra.

Tenho pra mim que a Europa, no geral, e em especial, os países da banda ocidental, estão todos de quatro socialmente perante a invasão de hordas do terceiro mundo, da África e do Oriente. O europeu não tem mais filhos. A economia europeia é baseada somente em arrolamento de dívidas. O europeu se tornou indolente e folgado, não é mais laborioso. O organização social europeia está claramente ruindo aos nossos olhos. Que destino, homem branco! Fruto de suas escolhas, quase um século atrás, quando preferiu as cantilenas liberais e socialistas. A Europa é um continente de ateus. O europeu não quer saber mais de religião cristã. Não adianta mandar para lá missionários das Américas, porque o europeu está com seus ouvidos tapados para as verdades evangélicas. Os países europeus cairão um a um, primeiro os do oeste e, depois os do leste, daqueles que não se protegerem dos vírus liberais e ateus (a Húngria, provavelmente, deve ser uma ilha de resistência, outros dizem o mesmo da Polônia, mas duvido).

A Inglaterra se quiser ser restaurada não precisa de um gás vindo da monarquia, antes precisa de um novo Lord Protector, Oliver Cromwell. Ele sepultará a decrépita e traidora família real (liberal muçulmana) e colocará os imigrantes para fora do país. Promoverá uma imigração selecionada de países claros, de populações cristãs e bem formadas e preparadas para o mercado de trabalho. É isso ou nada. É isso ou não existirá uma Inglaterra cristã ao dobrar o limiar do próximo século.

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O Governo do PT está alardeando, via imprensa comprada, que o Brasil voltou a ser um país de renda média. Ou essa turma do jornalismo está usando drogas mais pesadas do que o habitual ou está chovendo dinheiro, como nunca, na cabeça dessa gente. Nunca se viu tantas pessoas nas ruas. O Brasil tem milhões de sustentados pelo estado, que passam o dia coçando o rabo sem perspectiva nenhuma de reingressarem no mercado formal de trabalho. Os preços nos mercados são exorbitantes. Nem a classe média real, gente que tem lá a sua renda per capita por volta dos r$ 3.000,00 vive com luxos. Qualquer carro 1.0 sem ar condicionado custa r$ 80.000,00. O brasileiro não come carne ou lácteos todo dia. Ainda assim essa raça maldita do governo quer dizer que o Brasil é um país de classe média e renda média? Por isso eu defendo o fim do Brasil. O brasileiro merece alguém pior que o Lula.

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E se preparem, faz tempo que tenho alertado à algumas pessoas que o Brasil vai passar por uma bolha imobiliária muito forte. A cidade de São Paulo é um grande canteiro de obras. São centenas de empreendimentos imobiliários de prédios subindo, seja para uso residencial, seja para uso comercial. A economia não cresce para acompanhar esse ritmo de construção, absolutamente inflado pelo governo, por meio da Caixa Econômica, que financia essas construções. É muito difícil que a população pobre possa comprar um simples apartamento (ou apertamento) de 37 metros² sem direito a vaga de garagem. Restam as favelas, as invasões, os loteamentos clandestinos do PCC nas áreas de mananciais ou nas franjas do município. Ou sobra o aluguel, que não é barato para a renda média real do país (para a renda oficial do governo do PT o assalariado vai pra Disney todo ano).

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Pela cidade

 Pirituba, Jaguaré, Vila dos Remédios, São Domingos, Perús, Taipas, Vila Maria, Vila Medeiros, Tremembé, São Mateus, Cidade Tiradentes, Itaim Paulista, Penha, Vila Formosa, Teotônio Vilela, enfim, cito alguns distritos da cidade de São Paulo onde jamais coloquei os pés para quaisquer fins de natureza econômica ou material. Nunca fui procurar emprego, nunca fui no médico, nunca foi em uma palestra ou curso ou fui em algum comércio necessário nessas localidades. Todas elas ficam dentro da cidade de São Paulo. E mais, excetuando-se a Penha, onde fui algumas vezes nos últimos dez anos na igreja (portanto, um único endereço), de resto, praticamente não piso nesses lugares. Tenho dúvidas, inclusive, se já fui em Taipas ou na Vila Medeiros. 

A cidade de São Paulo é enorme. Está comunicada por uma extensa rede de transporte público, ônibus, trem e metrô. Circula-se livremente ainda em todas as regiões da cidade, inclusive aquelas mais perigosas. Claro, não vai entrando em uma viela qualquer no Jardim Angela, no Suvaco de cobra (Jardim Miriam) ou no Jardim Helena se você não for em um lugar muito específico dentro de alguma dessas favelas. De preferência, já esteja combinado com quem vai te receber. Nesses cantinhos andar em São Paulo talvez seja quase tão perigoso como andar no Rio de Janeiro, quiçá até mesmo em Salvador. Ainda assim, não troco as favelas paulistanas, as quais algumas já tive a necessidade de andar e não me senti intimidado. 

Não me consta que um dia na minha vida eu tenha ido até o Jardim Britânia, onde há um terminal (de quem deve ter sido a brilhante ideia de criar um terminalzinho ali? - Imagem fonte.)



Muitas vezes passeei de ônibus pela cidade. Sai sem um destino exato, pulando de terminal em terminal. Indo do Terminal Santo Amaro até o Terminal Praça Princesa Isabel (aliás, esse terminal será consumido pelas obras do novo palácio do governo que o senhor Tarcísio de Freitas está querendo construir nos Campos Elíseos? Talvez o terminal seja o ambiente mais salubre e civilizado de toda aquela região.) Do Terminal Praça Princesa Isabel pegava um ônibus até o Terminal Cidade Tiradentes e dali pegava o trólebus, passando por todo ABCD até chegar no Jabaquara, passando pelo corredor Diadema - Berrini, descendo na Avenida Santo Amaro ou, do Jabaquara pegando um ônibus de volta para o Terminal Santo Amaro. Já fui no Terminal Cachoeirinha, saindo do Largo do Paissandu, apenas para ver o terminal. Desci lá, fui no banheiro, olhei dois minutos e já embarquei de volta para outro local. Na verdade, terminais de ônibus não tem muita coisa a oferecer. 

Conheço a maioria dos terminais da cidade de São Paulo: Parelheiros, Varginha, Grajaú, Santo Amaro, João Dias, Capelinha, Campo Limpo, Amaral Gurgel, Praça Princesa Isabel, Parque Dom Pedro II, São Mateus, Vila Carrão, Cachoeirinha, Casa Verde, Bandeira, Pirituba, Cidade Tiradentes, Mercado, Pinheiros e Lapa. Há dois terminais bem próximos de onde moro e que passo em frente com alguma regularidade (de carro) e nunca andei neles: o Guido Calói (anexo aos fundos da Estação Santo Amaro do Metrô) e o Guarapiranga. Aliás, não sei se o Guido Calói é considerado terminal pela SPTrans.

Isso aqui era o Terminal Largo da Batata, em Pinheiros, no final dos anos 1990. Hoje a região ficou muito valorizada e é frequentada essencialmente por moleques maconheiros.


quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Os rumores silenciosos

Entre aqueles que são envolvidos no meio eleitoral, seja trabalhando para partidos políticos ou candidatos, seja o pessoal dos institutos de pesquisas de opinião ou ainda a imprensa, há uma expressão que, volta e meia, retorna durante uma discussão. Trata-se do fenômeno do "voto envergonhado".

É possível definir o fenômeno do voto envergonhado como aquele em que o eleitor não se manifesta à favor do candidato durante o período de campanha, não dando sinais de que irá votar naquele candidato que não tem apreço de parte das pessoas do seu convívio, porém, no secreto da urna, o eleitor deposito o seu voto naquele candidato pouco apreciado pela opinião pública. 

Eu diria que o voto envergonhado é aquele praticado pela extensa maioria da população.

O histrionismo por parte do eleitor está longe de ser novidade e é quase um sinônimo de eleições feitas para o homem massa. Os histriônicos sempre tereis no meio de vós! Ainda assim, ele não é o responsável solitário por viradas de votos. O voto é algo, normalmente, bem consolidado, pelo menos para cargos do executivo. O eleitor matuta em silêncio a sua preferência, vai lá e deposita com certeza. O mesmo não ocorre para cargos legislativos, onde a escolha é geralmente bastante irrefletida, quando não aleatória. Como mesário e depois assistente da justiça eleitoral pude ver várias vezes homens e mulheres catando um santinho na calçada para definir em quem irá votar, dois passos antes de entrar na escola. E ainda querem dizer pra mim que o voto não devia ser facultativo. Eu defendo que ele seja facultativo e censitário, não pela grana, mas pelo estudo. Tem determinado grau? Vota para vereador. Tem determinado outro grau? Vota para o resto. Como eleger juízes ou xerifes com uma massa de eleitores que vota drogada, bêbada ou simplesmente ignorante e fraca da cabeça? O poder não pode estar nas mãos da ralé. E nossa elite é uma ralé também, assinale-se.

Hoje tive um sonho lúcido, bastante lúcido. 

Me vi em algum lugar do centro de São Paulo, como perto de algum beco no Brás ou nos Campos Elíseos, sendo acossado por uma turba de vadios insidiosos, uns com caras de drogados, outros de pilantras e golpistas. Me cercaram e, ao me desdobrar tinha em mãos um microfone e uma caixa de som. Eis que quando eu começava a proferir um incisivo discurso falando em resgatar São Paulo de volta aos paulistanos, limpando a cidade dos vagabundos que nos cercam, vi que os meus inimigos se dispersavam e algumas pessoas, idosos simples, pessoas humildes olhavam aquele bravo discurso, como se fosse do Ulisses Guimarães, do Franco Montoro ou do Mário Covas na campanha das Diretas Já, na Praça da Sé. Passado rapidamente o perigo eminente, uma e outra pessoa parava ao lado e cochichava: "olha, parabéns pelo seu discurso, nós precisamos mesmo resgatar São Paulo para nós". 

Tomo o desfecho desse sonho como uma analogia ao caso do voto envergonhado.

Todo discurso político que seja considerado reacionário e radical, no sentido da restauração de uma ordem preexistente, tem acolhida, ainda que sorrateira e escondida, entre boa parte da população. Aquela frase sobre o triunfo dos maus quando os bons não se manifestam passa a fazer ainda mais sentido. 

São Paulo foi invadida no século XX, especialmente a partir da década de 60, quando o tipo de migrante e imigrante que passamos a receber passou a ser a escória de outras partes, em grande parte (não na totalidade). Escória não em termos como os mais pobres ou mais simples, mas os piores, mesmo. Aqueles que tem os piores costumes, os piores hábitos, fugitivos não da seca, mas do trabalho firme, gente que procurava aqui um troquinho mais fácil para gastar em festas e bebidas ou drogas. E é assim que as favelas se tornam um tormento para o sujeito que é miserável materialmente e que precisa ali viver. Tormento dos tormentos deve ser para um trabalhador, uma mãe de família pobre que precisa conviver com a escória que se embebeda, se droga e faz farra todo o dia. Para esse trabalhador e trabalhadora decente, honesto e honrado eu desejo toda a sorte do mundo, independente de sua origem natalícia e que ele venha a prosperar materialmente e possa sumir do convívio grotesco dessa ralé, que por razões econômicas, ele é obrigado a conviver. 

A ralé precisa ser domada, adestrada, pelas duas mãos do poder. A mão do estado, cuja fiscalização sobre o descumprimento de normas de postura deve ser severo. Severo com o pichador pego, severo com quem joga lixo em local inadequado (não só o papel de bala ou a bituca de cigarro, mas os indecentes que largam sofás velhos em esquinas ou os jogam dentro de córregos), severo com quem ouve música alta e perturba o sossego alheio. Severidade no combate à violência de todo o tipo. A outra mão, a do mercado, que pode criar valor forçando hábitos de consumo que alterem determinados padrões entre essa massa. O estado e o mercado são criadores de valores. A primeira mão, a do estado, se quiser, é a mais forte nesse jogo, sobretudo se o cérebro que comanda a mão tiver clareza de propósito (coisa que hoje falta). 

São Paulo precisa ser limpa, renovada, reurbanizada, requalificada. A preocupação ambiental urbana precisa ser levada à sério. Não pode ser aceitável que as nossas represas, rios, riachos e córregos sejam somente esgotos à céu aberto. Não se pode aceitar que nada seja feito porque temos favelas ou outras construções nas margens desses mananciais. O estado tem que planejar uma saída firme para isso, com respeito às pessoas, mas pensando na cidade. O invasor de terras, que foi beneficiário de programa público de moradia não pode ser tratado senão como pilantra, caso volte ao estado pretérito de onde foi tirado. É uma maneira de se aproveitar da coletividade. Inúmeros são os casos de pessoas que receberam um apartamento da CDHU ou COHAB e os venderam para então retornar para as favelas, torrando o dinheiro com futilidades. 

Ensinar educação financeira nas escolas é essencial. Não só sobre a virtude da poupança, o que é muito difícil em um país de baixíssima renda, como é o Brasil, mas também ensinar sobre o cumprimento das regras e posturas. Sem isso, não é possível fazer a reforma saneadora que São Paulo merece. Enquanto houver impunidade para invasor, São Paulo será terra sem dono. E, digo mais, os contrários que façam o favor de se botarem pra fora daqui.

Tudo o que aqui está dito ecoa pela cidade. Ainda que seja um eco inaudível. Mas haverá um dia em que esse rumor será ouvido em toda parte com forte alarido e São Paulo se reerguerá e será limpa em definitivo.

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Bla bla bla

Minha mãe fala, religiosamente, todas as noites com um sujeito que eu reputo por "Professor Girafales", sem ser professor de absolutamente nada, mas, assim como o personagem visitava todos os dias Dona Florinda, de igual forma esse outro energúmeno liga todos os dias para minha mãe. Não há assunto que seja digno de qualquer observação mais atenta. Todos os dias, anos a fio, amenidades. Esse tipo de comportamento me é completamente incompreensível. Não consigo pensar na hipótese de ter que falar pelo telefone com a mesma pessoa por tanto tempo, sem ter assunto nenhum que valha a pena. Isso me leva a refletir na seguinte situação: chego a ficar horas e horas a noite sem falar uma só palavra. Embora tenha a companhia da minha mãe sempre em casa, normalmente não falo muito depois das dezenove horas. Gasto esse tempo lendo ou no Twitter. Melhor empregado esse tempo seria se apenas fosse gasto em leituras e não em uma ou outra rede social. Mesmo assim, ainda considero mais útil e tranquilo do que ter que ficar falando trivialidades pelo telefone. Eu passo fácil pelo desafio de ficar calado. E olha que sou até muito comunicativo. 

sábado, 19 de outubro de 2024

Cavalarias digitais

Se eu recuar dez anos no tempo, ok, quinze, era comum ver a cavalaria da polícia militar em uso, no centro da cidade combatendo em montaria aos manifestantes grevistas ou a extrema esquerda anarquista, black blocks, etc. Ou ainda nos estádios de futebol para dispersar multidões enfurecidas com seus times. É impressão minha ou hoje não vemos mais nada disso? Nem cavalos, nem grevistas, nem black blocks. Tudo, ou quase, está na internet. A repressão com cavalos estatais está nas redes sociais. É conduzida por um careca lá de Brasília.






domingo, 24 de março de 2024

Novos estados na Federação Brasileira: alguns são necessários outros gerarão perigosos reflexos.

“A dimensão dramática da diferença é demonstrada no fato de que no início do século XIX a colônia espanhola dividia-se administrativamente em quatro vice-reinados, quatro capitanias gerais e 13 que no meio do século se tinham transformado em 17 países independentes. Em contraste, as 18 capitanias gerais da colônia portuguesa, existentes em 1820 (excluída a Cisplatina), formavam, já em 1825, vencida a Confederação do Equador, um único país independente”.

CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem: a elite política imperial; Teatro de sombras: a política imperial. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, RelumeDumará, 1996. 

"Se o Brasil não se esfacelou 'para fora' (forças centrífugas) ele fragmenta-se 'para dentro' (forças centrípetas)." <Herbert Toledo Martins, sociólogo>

Tirando São Paulo e os estados das regiões Norte e Nordeste, penso que realmente faria muito bem para o país que novos estados fossem criados, no Sudeste e no Sul. Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro podem ser desmembrados. Isso aproximaria o povo das regiões desmembrados dos centros decisórios, dos centros de poder. Melhoraria a qualidade da representação legislativa por meio da descentralização. Mesmo o pequeno estado fluminense deve ser dividido em dois, surgindo o Estado de Itatiaia, na divisa com São Paulo e Minas Gerais e capital em Barra Mansa. 

Entendo que hoje as regiões Nordeste e Norte, pelo número de estados existentes e pelas regras atuais de representação federal, já são super representados, ao contrários de estados como São Paulo ou Rio Grande do Sul, que são sub representados no legislativo federal. A criação de novos estados no Sudeste e no Sul minimizaria essa discrepância. Se novos estados forem criados no Norte ou Nordeste, a discrepância aumenta. 

Deve ser feito o registro: a criação de estados e territórios na região norte foi profícua durante o período do Regime Militar, pois era uma manobra de obter mais representação para a sua legenda, a ARENA, no congresso. Não obstante ainda cite-se que os estados da região norte são vazios demográficos, ao contrário de outras regiões do país. 

O ESTADO DE ITATIAIA 

A criação do Estado de Itatiaia seria um enorme ganho para São Paulo. A sua existência ajudaria e enfraquecer e muito a relevância do atual Estado do Rio de Janeiro, nos aspectos da representação política e peso político que essa unidade da federação possui. Seria também um estado tampão entre o Rio de Janeiro e seu caótico cenário de absolutamente degeneração moral e social e de violência. Itatiaia seria uma barreira para São Paulo, ao mesmo tempo que aproximaria essa região de uma maior influência Paulista, pois cidades como Resende, Paraty e Barra Mansa estão próximas do Vale do Paraíba Paulista, recebendo a nossa influência econômica, social e política. 

Além disso, o que não é pouco, a brasilidade, esse conceito fajuto forjado pelos lacaios intelectuais de nossas elites políticas centralizadoras, tem o seu centro entre o eixo do Rio de Janeiro e da Bahia. O novo Estado de Itatiaia ajudaria a minar o soft power ideológico e cultural carioca. É arrancar uma perna da brasilidade e ajudar a destruir essa ideologia, que alguns tem por identidade nacional brasileira. 


MOVIMENTO PELA CRIAÇÃO DO ESTADO DE TAPAJÓS

O último movimento tratando da criação de um novo estado no Brasil foi ainda no ano de 2023, sobre o Estado de Tapajós, que seria desmembrado do Pará. Contaria com 8 deputados federais, 24 estaduais e três senadores. Composto por 23 municípios. Mais burocracia e gastos estaduais? Mas estes gastos já não existem hoje? Não vejo porque necessariamente os gastos devem aumentar. Não é uma condição sine qua non. É antes uma oportunidade para o nascimento de um novo estado, que permita uma melhor representação dos cidadãos, aproximação do centro estadual de poder, descentralização e a chance de um novo estado começar com ideias administrativas novas, contemporâneas, com a austeridade fiscal como pilar e o incentivo ao desenvolvimento econômico. A população e as lideranças dos municípios que comporiam o Estado de Tapajós alegam o que nós, separatistas, alegamos: trabalham, pagam impostos e são abandonados pelo poder público central, em Belém, que se esquece, deliberadamente, da região. 

No caso do plesbicito pelo Tapajós, o projeto de lei coloca que toda a população paraense é interessada e deve votar. Entendo isso como um enorme equívoco. Os únicos chamados a votar deveriam ser os eleitores dos municípios que irão compor o novo estado. Não tem sentido que um povo que não compõe o meu povo seja chamado a discutir uma questão "interna" aos tapajoenses. 

Em 2011, na Câmara dos Deputados, haviam projetos propondo a criação destes novos estados e territórios federais. Ao contrário dos novos estados, os territórios, estes sim, por definição e realidade, já nascem absolutamente dependentes do erário público federal (mantido pela arrecadação de todos os demais estados). A criação de novos territórios não faz nenhum sentido, mas de novos estados sim. 

Fica também uma pergunta: a população de Tocantins, que virou um estado com a Constituição de 1988, se separando de Goiás, formando hoje um próspero e rico estado, baseado no florescente agronegócio, teria se arrependido da secessão? A resposta é evidente. Ninguém quer dar um passo atrás.

Esse argumento é fortíssimo. Quem se separa não olha para trás. País que se separou não quer voltar da condição não soberana de onde partiu. Igualmente, um território que se emancipa e passa a ser um estado membro autônomo não vai querer perder a sua autonomia. Não há motivo que justifique movimento em contrário. A secessão é uma marcha irrefreável.

ESTRATÉGIA EMANCIPACIONISTA

Alguns passos são fundamentais para o sucesso de uma empreitada emancipacionista, no Brasil de hoje. Cito algumas.

1. Ter um discurso duplo articulado e espalhado. Para a região que vai se emancipar, mostrando todas as vantagens da autonomia e para a região que ficará mostrar que eles estão se livrando de um peso, de um fardo pesado que carregam nas costas. A questão aqui não passa pela verdade objetiva da situação, mas pela criação de narrativas capazes de conduzir a opinião pública para os lados que são desejados. Os separatistas sendo à favor porque querem ter mais liberdades e autonomia e os separados também ficando a favor, mas, para poderem se verem livres de um fardo que carregam.

2. Esse discurso precisa estar fortemente alinhado com a classe político das duas regiões e com a imprensa, que deve fazer reportagens a favor da emancipação, mostrando as vantagens dela para ambos os lados. O empresariado precisa ser convencido a usar o seu lobby em favor da emancipação. Promessas de isenções fiscais inseridas na nova constituição estadual que surgirá, favorecendo seus ramos de atividades e favorecendo o comércio. Instigar, com isso, a rivalidade entre o empresariado de ambas regiões, da emancipacionista e da emancipadora.

3. Ressaltar as profundas diferenças regionais, mesmo que elas sejam sutis, para fomentar um processo identitário é essencial. Talvez boa parte do insucesso dos movimentos pela criação de novos estados esteja no fato de que as populações não se enxerguem como diferentes. A separação de irmãos é doida, portanto, para ter sucesso nessa operação é preciso que o sentimento de irmandade seja arrefecido e que a cizânia e a rivalidade entre as duas regiões se acirre. A ênfase fica maior em defesa da emancipação quando não há identificação histórica e cultural como um mesmo povo.

4. A classe política realmente é a mais interessada direta no processo. Todo estado precisa de políticos. Eles vão ter mais espaço de atuação com a emancipação dos novos estados. Por isso, ter uma coesão entre a classe política é fundamental para o sucesso dessa empreita. Diferenças ideológicas entre esquerda e direita devem ser totalmente ignoradas para o êxito da secessão.

Como referencial de pesquisa deixo o link para o seguinte artigo:
https://docs.ufpr.br/~adilar/GEOPOLÍTICA2019/federação%20e%20divisão%20territorial%20no%20Brasil/Divisão%20territorial/Criação%20de%20novos%20estados.pdf

sexta-feira, 1 de março de 2024

Amenidades da história política

 Eu tenho a sensação que o melhor de todos os tucanos modernos foi o Zé Serra. 

Poderia ter sido um presidente melhor que o Fernando Henrique, embora sem ter a possibilidade de ter uma gestão marcada por um fato vultuoso, como o Plano Real.

Depois dele, por simpatia ideológica, Franco Montoro, pois eu também sou um democrata-cristão. Se bem que as vezes o Montoro me passa a sensação de ser um símil do Brizola. O jeito antigo e radialístico de falar, o apelo constante à pautas sociais e humanistas. Nada disso os tucanos seguintes carregaram, nem mesmo o Alckmin.

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Incrível como todos os senadores paulistas pós redemocratização são absolutamente insípidos. Hoje são três zés-ruelas políticos: Mara Gabrili, Giordano (ninguém o conhece -- era suplente do saudoso Major Olímpio, que veio falecer de COVID) e o vendedor de travesseiros Astronauta Marcos Pontes, que é homem muito estudado (e mais ainda viajado -- e como!).

Major Sérgio Olímpio Gomes tinha tudo para poder ocupar um lugar de eminência na casa da federação, mas quis o destino leva-lo precocemente. Foi um legítimo defensor de S. Paulo.

Voltando pra trás, o próprio Serra foi senador, sem mais destaque, apenas como prêmio de consolação em sua segunda passagem (2015-2023). Aloysio Nunes Ferreira teve um gás a mais. É um ponto fora da curva. Eduardo Suplicy, como é óbvio, sempre foi um peso morto (e continua sendo). Romeu Tuma usou a fama adquirida nos tempos da ditadura para garantir uma poupada aposentadoria (que não chegou a gozar, de fato, pois morreu durante o fim do seu segundo mandado, em 2010, em plena busca da reeleição. 

Aliás, a eleição para o senado de 2010 foi muito emblemática. 

Os paulistas já começavam a rejeitar com mais ênfase o petismo. Isso após José Genoino ter ido para o segundo turno para o governo, em 2002, enfrentando o Alckmin. Não ganhou por duas razões: a primeira e a mais relevante, Genoino não era paulista, o que em tempos pré-tarcísicos era algo muito relevante em matéria eleitoral e o segundo motivo é o fato de ser um petista da linha dura, seco, tradicional. Fosse um elemento mais dócil teria ganhado do Picolé de Chuchu de Pindamonhangaba. A história seria outra. 

Voltando ao senado, candidatos em 2010 eram: Marta Suplicy (que ganhou uma das vagas), do PT, Netinho de Paula, do PC do B, Aloysio Nunes, tucano, Ricardo Young, do Partido Verde (apoiado pela novidade eleitoral Marina Silva), Orestes Quércia, do PMDB e Romeu Tuma, pelo PTB. Os favoritos segundos as pesquisas eram Tuma e Quércia, com a Marta logo na sequência. Faltando um mês para a eleição os dois primeiros colocados passam dessa pra melhor. O eleitorado se mexeu para evitar a eleição mais indesejada: do Netinho. Resultado, migração para Young e sobretudo para o Aloysio Nunes, que ficou com a primeira vaga, com excelente votação. "Alô, alô 451". 



Incrível como o Aloysio não teve capacidade ou interesse de buscar voos eleitorais no executivo. Teria tido êxito. Apesar de ex-comunista, é um tucano simpático, como era o Alberto Goldman, ex-governador, ambos egressos do PMDB raiz.

Poderíamos ter tido o Afif e o Ricardo Young. Seriam nomes mais interessantes em 2006 e 2010. 

São Paulo não anda elegendo muito bem. E a cada dia menos.

Influência externa, claro.

***

Virou já tradição vice-governadores assumirem em São Paulo, com a saída dos titulares para disputar a presidência.

2022: Dória > Rodrigo Garcia

2018: Alckmin > Márcio França

2010: Serra > Alberto Goldman

2006: Alckmin > Cláudio Lembo

Em 2014 esse fato não se repetiu, pois Alckmin disputou a reeleição (e venceu com folga na primeira volta) e o candidato tucano foi o Aécio Neves, na altura senador por Minas Gerais.

Em 2026 as chances são grandes do fenômeno se repetir. Sair Tarcísio, para disputar a presidência, já que a depender do estamento burocrático o Bolsonaro não se elege para mais nada, e com isso deixar o Felício Ramuth no governo. Aliás, coincidência ou não, Ramuth é judeu, assim como Goldman, que também foi vice e assumiu, em 2010. 

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Correta restrição ao EAD

 O buraco da educação no Brasil não é mais embaixo. Ele já está no pré sal.

O MEC ano passado restringiu parte da liberdade universitária com os cursos à distância. Medida correta, assim vejo.

Poder-se-ia obstar, dizendo que o há cursos em ead de excelência. Mas, em contraponto, há outros tantos, às centenas, que não valem um caracol sequer. 

Facilmente pode-se licenciar em história, via ead, sem saber absolutamente nada do passado. As perguntas você pesquisa no Google. Se houver algum texto a postar num fórum, basta recorrer ao chat gpt. O estágio obrigatório? Na internet, pagando módica quantia, também se arranja com facilidade. No fim de 3 ou 4 anos basta sair por aí com seu diploma e se alistar na colégio estadual mais próximo para se tornar um ilustre mestre escola. É um sistema inaceitável.

Acertou o governo em restringir o ead. Acertará mais ainda se proibir definitivamente todas as graduações e especializações em ead, que não exijam provas físicas em papel, pesquisa de campo, seminários de corpo presente, submissão de artigo em banca, etc, como o nosso vetusto sistema universitário sempre fez. 

Em um país onde a burrice é campeã nacional, restringir o ensino superior é um dever. 

Que arrotem superioridade sem diploma.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Memórias de Pinheiros

 Em Pinheiros, 2020 em seus fins, estava parado dentro do carro, numa esquina, juntando forças para me levantar e caminhar uns poucos passos para entrar na igreja. Era uma época estranha. A rua que era sempre cheia de pessoas com vida externa, aparente, nos bares e botequins, estava naquele dia esvaziada. Bairro burguês, de gente que acredita na imprensa, muitos com medo paralisante do vírus. Não há cultos aos sábados na igreja de Pinheiros, mas, quando houve o retorno controlado aos cultos, após a reabertura dos templos, os dias passaram a ser uniforme. Quinta, sábado e domingo, se não me falha a curta memória. 

Ali em Pinheiros a igreja é vazia. São poucas as famílias que frequentam, a maioria idosos já no quarto final de suas vidas terrenas. Outrora aquela igreja esteve cheia, mas a mudança no perfil do bairro, que passou a ser, em vinte anos, essencialmente um bairro chique e lotado de restaurantes, bares e baladas, afastou parte dos frequentadores comuns de igrejas. Eu gosto de ir lá justamente porque é uma igreja vazia. Vazia e antiga, de tons beges, ao contrário do azulejado branco que se tornou padrão na última década nas congregações. 

Antes das nove da noite, quando o culto acabou, eu sai, sozinho e voltei para o meu carro. Fiquei reparando numa vilinha que tem ali na Padre Carvalho. Também em uns sobradinhos sem garagem que há na esquina com a Marcos de Azevedo. Olhei o movimento e senti um sentimento que não sei nem como chamar, se saudosismo de uma imagem idealizada e não vivida (ou pouco vivida). Quando eu tinha onze anos ia numa sorveteria com meu pai, para tomar um picolé de groselha por ali. Hoje não tem mais sorveteria ali.


sábado, 16 de dezembro de 2023

Anotações sobre o pensamento autoritário no Brasil

 E lembra que Benito Mussolini exprimiu uma vez, de modo lapidar, essa missão do estadista revolucionário, dizendo que "não bastava ter coragem para reformar, mas era preciso também a coragem de conservar".

O autoritarismo colocado em um local especial, divorciado do conservadorismo, pois, antes de tudo, carrega consigo um apelo francamente revolucionário. É uma posição que busca conciliar a preservação de aspectos do passado, impedindo a tomada do poder pela turba socialista e anarquista, ao mesmo tempo que propõe uma ruptura da dominação das estruturas do estado pelo grupos oligárquicos conservadores, que pretendem impedir mudanças modernizadoras, sobretudo na economia e nas relações de trabalho. Entendo que esse fenômeno é decorrente de uma sociedade industrial ou em industrialização, necessariamente urbana. É a resposta na tentativa de promover mudanças, conforme a nova realidade de proletários urbanos e industrialização, frente o desejo de imobilismo das classes conservadoras (agrárias e exportadoras) e a ânsia anárquica revolucionária dos comunistas, no século XX. Mudança com ordem, hierarquia e autoridade, provindas do estado, liderado por um chefe forte que encarne as necessidades pátrias. Essencialmente, me parece, um déspota esclarecido.

Um possível fato que me parece curioso e sobre o qual poderia ser feita uma pesquisa mais profunda, já na década de 1930 parecia que era algo asqueroso dizer-se simpático ou inspirado pelo fascismo italiano. Por mais que aproximações ou mesmo imitações de diversos aspectos do fascismo tenham ocorrido nos círculos de pensamento autoritário no Brasil via de regra não se lê que tal autor, abertamente, se dizia fascista. Isso entre os integralistas e também entre os demais autoritários não alinhados aos Camisas-Verdes, casos, por exemplo, de Afonso Arinos e Azevedo Amaral. O mesmo vai valer para os trabalhistas que daí acabam derivando, como Alberto Pasqualini. (Vide artigo)

Curtas

 Na Inglaterra, dizem as notícias, grande está a pressão sobre o premiê Keir Starmer, do partido trabalhista (a esquerda de lá). O motivo: s...