sábado, 10 de junho de 2017

O intelectual petista

Não sei dimensionar qual é o papel profundo que a intelectualidade presente dentro do Partido dos Trabalhadores realmente representa para essa instituição e para o debate público nacional. Não consigo compreender como um partido como esse tem nomes como Fernando Haddad, Marco Aurélio Garcia e os finados Antônio Cândido, Florestan Fernandes, Raymundo Faoro e Sérgio Buarque de Holanda, pode conviver com a liderança de um enganador mór, como é Lula. O ex-presidente tem a lábia de um caixeiro viajante ou de um corretor de imóveis. Despreza deliberadamente o conhecimento em favor da esperteza. Lula é uma perfeita encarnação de um líder político cuja ideologia é a brasileiríssima "Lei de Gerson".

Haddad escreveu um textão na Revista Piauí sobre sua gestão a frente da prefeitura de São Paulo e analisando a situação do país desde 2012 até o presente momento. Eu ressalto dois pontos. Em primeiro lugar ele consegue falar abertamente como o PT, especialmente Dilma e Lula se mostram como inimigos dos Paulistas, por agirem com preconceito (da parte de Lula) ao achar que São Paulo não precisa de mais serviços públicos e com desprezo total (vindo de Dilma) ao perguntar ao prefeito o que São Paulo poderia fazer ao governo federal, como se a cidade fosse serviçal da burocracia brasiliense.

Mesmo vendo essa humilhante situação e sendo representante de mais de 10 milhões de pessoas, na figura de alcaide paulistano, Haddad resignou-se à fidelidade partidária e ideológica do projeto de poder petista. Saiu chorando de Brasília sabendo que São Paulo estava sendo lesada pelo governo de dona Dilma, mas nada fez para mudar isso. Omitiu-se. Ainda hoje não mostra arrependimento de sua ação pusilânime.

Contudo, o ex-prefeito me parece bastante lúcido ao buscar interpretar a conjuntura que hoje vem passando o Brasil, enxergando, mais uma vez, uma crise do estado patrimonial brasileiro e mostrando, puxando como inspiração a interpretação dos founding fathers americanos de que democracia não é sinônimo de república e que esta primeira pode muito facilmente degenerar-se em tirania se não for acompanhada de seu par institucional.

Leiam o texto de Haddad. Apesar de todos os senões e óbices que eu possa colocar o que posso dizer é que me pareceu um relato honesto do que realmente o filisteu prefeito pensa.

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