Um interessante livro. Um romance de história alternativa. Não conheço muitas obras desse feitio, tratando da realidade política, social e histórica do Brasil. Imagine que ali nos anos 80, na época da redemocratização, o clima político gerasse uma nova Farroupilha.
O cenário é bastante parecido com o que vivemos há mais de trinta anos. Aponto alguns elementos da paisagem que encontram total lastro na realidade.
1. Greve de arrozeiros.
2. Bloqueio de rodovias.
3.Agitações militares.
4. Greve de professores.
5. Greve dos demais servidores.
6. Greve de celetistas.
7. Invasão da assembleia legislativa e palácio do governo.
8. Brigada militar aquartelada.
9. Pessoas feridas por militares em manifestações.
10. Mobilizações de sem terra.
11. Inexistência de reforma agrária.
12. Estações de rádio encampadas.
13. Discurso anti-mídia estrangeira.
14. Formação de milícias civis.
15. Empresário alemães gaúchos neonazistas!!!
16. Cenas de flerte e lascívia entre um aspone e uma grevista.
17. Falência das contas públicas.
18. Explosão de bomba (ref. RioCentro).
19. O candidato da direita citado é um industrial Paulista.
20. Expectativa por ação dos militares.
21. Final com acordão político, embora com alterações no modelo legal/constitucional (ou seja, uma revolução que dá certo).
Todos esses 21 itens são factíveis com a realidade. É o que se vê acontecer na política desse país. Claro, há elementos aí que são absolutamente literários e servem para dar ares mais interessantes ao romance, como a presença de um espectro de industriais neonazistas gaúchos, que se reúnem de tempos em tempos para vestir suas velhas fardas pretas da época da II Guerra Mundial. Isso, claramente, é um elemento que não tem importância nenhuma na nossa política, mas, em se tratar da mente progressista, que vê fantasmas de fascistas e nazistas em toda a parte e que chama todos aqueles que são seus adversários políticos ou que apenas pensem diferente de fascistas, a presença desses personagens passageiros não chega a causar espanto.
Se eu fosse da Rede Globo toparia filmar isso como minissérie. Teria apelo. Se bem que aqui o Brizola é personagem que passa discreto, mas está presente e a Globo odiava o "Brisa". Quer dizer, o Roberto Marinho. Essa Globo de hoje adora esquerdistas.
Há alusões em uma passagem que me lembram um livro que foi usado nas aulas de geografia da 7ª série, chamado A Invasão Cultural Norte Americana, da Júlia Falivene Alves. Aquele papo de Mcdonalds e Coca Cola, imperialismo cultural e etc. É a cara do discurso de quem frequentava o Fórum Social Mundial...
Mas, no fim, a nova Farroupilha consegue melhores condições para o Rio Grande num contexto constitucional de um federalismo político mais amplo ou de um estado autonômico. Não é recriada a República Rio-Grandense, como o leitor espera durante o livro. Seria um cenário divertido.
Eu gostaria de ver um desenlace como esse ocorrer. Uma revolta que proporcionasse um cenário de mais descentralização política e colocasse o governo federal de plantão de joelhos. Seria bom não só para o Rio Grande do Sul, mas para todos os estados da federação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário