sábado, 29 de abril de 2023

Revisitando perguntas de doze anos atrás sobre a administração da cidade de São Paulo

 Corria o ano de 2011. São Paulo ainda era uma cidade administrada por Gilberto Kassab. O meteoro Fernando Haddad ainda não havia passado por aqui como um fogo devorador, ajudando a destruir o que ainda sobrava de não tão decrépito na capital bandeirante. 2011. Ainda se falava em Maluf, Marta, Erundina e José Serra como os grandes figurões para cargos do executivo por aqui. O PT ainda estava nacionalmente por cima da carne seca. Dilma não era ameaçada de impeachment. Não havia mobilização de massas de direita e antissistema. Só quem era do meio político ou gostava do assunto sabia quem era Fernando Haddad. Ninguém imaginaria que João Dória Júnior seria prefeito e depois governador. Ninguém levava Bolsonaro a sério como potencial candidato à presidente da república. Os nomes da "direita" para uma futura disputa, enfrentando a Dilma que iria se reeleger ficavam em torno da trinca derrotista do tucanato: Serra, Alckmin e Aécio Neves. Foi o Aécio, que roubado em 2014, acabou mudando para sempre a política desse país, desmantelando o consórcio socialdemocrata "PETUCANO". 

Hoje, 2023, São Paulo é um estado governado por um absoluto desconhecido à época, o carioca Tarcísio de Freitas. A cidade de São Paulo também tem como alcaide um total desconhecido, Ricardo Nunes, um empresário da região do extremo-sul, que havia sido vice candidato de Bruno Covas, na maldita eleição de 2020, onde os paulistanos estiveram entre a "Cruz e a Caldeirinha", opondo de um lado o péssimo e moribundo Bruno Covas e o diabo socialista Guilherme Boulos. Boulos é a encarnação visível da mal (socialismo) na política. Imbecis completos são aqueles que votam nesse senhor, pensando que o discurso "pobrista", "favelista", uma reedição brasileira e adaptada de terceiro-mundismo, pode gerar alguma melhoria para a população. 

Lá em 2011 escrevi um texto com algumas considerações sobre a gestão de Gilberto Kassab como prefeito. Hoje, doze anos depois, ele, Kassab, é secretário de governo do governador Tarcísio de Freitas. É o seu principal articulador político. Kassab virou uma das eminências pardas mais relevantes da república. Não consegue ganhar uma eleição para cargo nenhum. É um fracasso eleitoral, embora não tenha sido, na somatória de tudo um mal prefeito, longe disso. Em comparação com aqueles que o sucederam, Haddad, Dória, Covas e Ricardo Nunes, a ladeira que corria para baixo parecia não ter mais fim. Nunes é um pouco melhor do que os seus antecessores. Está investindo pesado em um projeto de recapeamento de vias públicas, como há muito eu não via por aqui. Parece querer fazer disso a marca de sua primeira gestão na prefeitura, algo para habilitá-lo a poder disputar a reeleição no ano que vem. 

Hoje se pode ler na imprensa que Kassab, para apoiar Ricardo Nunes em seu projeto político, sugere ao prefeito que ele esqueça grandes obras e se concentre em zeladoria urbana. Tenho boa memória para as coisas da cidade. Kassab foi um bom zelador de São Paulo. Os seus sucessores péssimos zeladores urbanos. A zeladoria é fundamental, mas um calcanhar de Aquiles de Kassab foi justamente não investir em nenhuma grande obra como marca indelével de sua administração. Nenhuma obra de vulto se pode encontrar como marca deixada por sua gestão. Construiu alguns CEU'S, que dizem serem melhores construídos do que aqueles que a Marta fez. Não sei dizer. Fora isso, nenhum hospital, nenhuma avenida nova, nem novas pontes ou viadutos. Não teve ambição de ser um novo Maluf, tocador de obras, embora tivesse condições para isso. Agora me parece querer castrar as ideias e os propósitos do prefeito Ricardo Nunes. São Paulo precisa sim de expansão, de grandes obras, sobretudo na Zona Sul, historicamente a menos considerada pela prefeitura paulistana. Parece-me que os ex-prefeitos viam na região de Santo Amaro algum preconceito, afinal, nós que éramos um município separado até 90 anos atrás, talvez não precisássemos de investimentos paulistanos. Um erro. Duplo. Talvez devêssemos mesmo voltar a ser município separado e nos deixassem cuidar dos nossos interesses ao invés de nos boicotar. A elite política Paulista não parece aceitar muito um prefeito que não seja morador dos Jardins ou das áreas centrais da cidade. Há esse preconceito.

Espero que Ricardo Nunes siga adiante com os seus arrojados planos urbanísticos para São Paulo. Era disso que estávamos carentes.

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