terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Os supermercados da minha vida

Preciso esquadrinhar as minhas memórias para poder entender a razão que me leva a gostar tanto de mercados. Pois é, isso pode parecer uma bobagem, uma questão menor, sem qualquer importância, porém não é, ela fatalmente explica algum anseio meu e parte da minha história.

Um dos posts aqui nesse blog "Saudades dos supermercados noventinos" é o que sempre me faz lembrar da existência desse diário. Sempre que vou hoje em um supermercado ou num dos muitos atacarejos que se proliferaram por toda a urbe, me lembro da infância e dos mercados que nela frequentei. Os Batateiros, no Jardim Iporanga e em Santo Amaro (depois de comprado pelo Grupo Pão de Açúcar também os da Vila São José e da Avenida Nossa Senhora do Sabará). O Reimberg, na Vila São José, na Sabará, no Jardim São Bernardo, Embú Guaçu, na Piraporinha e no Casa Grande (todos os Reimberg foram comprados pelo Grupo Pão de Açúcar e viraram Batateiros e depois Compre Bem e, finalmente, Extras, como estão até hoje). O Sé, na rua dona Benta Vieira, em Santo Amaro, atrás do Teatro Paulo Eiró. O Paes Mendonça, na Marginal Pinheiros (onde compramos um microondas Sharp, que estava funcionando até alguns anos atrás). O Eldorado, onde minha mãe comprou um skate tubarão pra mim. O Futurama da Avenida Adolfo Pinheiro, onde antes era uma concessionária Volkswagen (isso já foi de 2000 para cá e o mercado teve que se mudar para o prédio da Praça Dom Francisco de Souza, junto ao Telhanorte, por causa das desapropriações das obras do metrô). O Big, na já citada Praça Dom Francisco de Souza, que depois de adquirido pelo Walmart foi fechado e dividido entre a Telhanorte e o Futurama. Posteriormente as instalações foram demolidas e deram origem a algumas torres residenciais no local (antes da virada da primeira década do novo milênio, eu creio). O Walmart da Avenida Washington Luiz eu fui umas poucas vezes também antes do meu pai adoecer, isso logo quando abriu (mas não sei a data, talvez 2006). Também a Cooperleve, que era o mercado dos funcionários da Metaleve, na rua Suzana Rodrigues, onde hoje é a Kalunga. No Shopping SP Market havia o Superbox (virou Ricoy).O Peralta, da Avenida Morumbi (hoje Pão de Açúcar). O Higuti, na Vila São José e em Embú Guaçu. Vários Extras (Iporanga, Shopping Fiesta, Jardim São Luiz). 

Nos primeiros anos 2000 íamos muito ao Futurama, ao Sé, ao Big e no Extra do Fiesta. Depois que o Tenda Atacado abriu na Avenida Robert Kennedy, próximo de casa, passamos a ter esse atacarejo como nosso centro de consumo número 1 ( e assim permanece até hoje).

Poucas vezes me lembro de ter no Sonda do Shopping Center Sul, sobretudo por que na Rua Carlos Gomes e na João Alfredo não passavam ônibus que iam pelo Veleiros. Na Cidade Dutra só passei a frequentar o Sonda depois de adulto, quando comecei a trabalhar naquele bairro. Antes, ali havia um Supermercado chamado Tulha. 

Na minha tenra mocidade sempre ia ao mercado com meu pai. Até hoje eu suspeito que o Mal de Parkinson que ele desenvolveu foi em decorrência de uma paulada que ele levou na Avenida das Nações Unidas, de um homem que levava no ombro um caibro e que se virou, acertando a nuca do velho. Estávamos indo ao Assaí, um dos mais antigos atacadistas de São Paulo.

Na época do prefeito Celso Pitta, me recordo de ter ficado preso dentro um supermercado Yokoi, na Belmira Marin (próximo do Circo Escola), quando uma greve de perueiros estourou, fazendo com que o estabelecimento baixasse as portas com os clientes dentro, por motivo de segurança.

Hoje os supermercados de redes estão sumindo. O Sonda ainda está em expansão. Há o Pão de Açúcar, normalmente em lojas um pouco menores que cobram um valor um pouco acima de grandes Hipermercados, como o Extra (do próprio Grupo Pão de Açúcar) e o Carrefour. Vários Extras hoje duvidaram o espaço de suas lojas ou simplesmente viraram atacadistas Assaí. Dizem que o Assaí é uma mina de dinheiro para o Grupo Pão de Açúcar. Esse ramo dos atacarejos (atacados + varejo) cresce a plenos pulmões. Há muitas redes novas: Tenda, Akki, Vencedor, Giga, Maxi, Roldão, além dos já veteranos Makro, Atacadão e é claro, o Assaí. O público quer preço e produtos básicos. É isso que as pessoas buscam nesses atacarejos. Não há muita variedade de produtos, o antendimento não é personalizado, há empilhadeiras e pallets pelos corredores, coisas que você nunca vai ver no Pão de Açúcar ou no Zaffari.

Hoje, além de atacarejos como Tenda e Akki, vou com frequência no Sonda da Cidade Dutra, no Zaffari, do Morumbi, no Peg e Pese e no Sacolão São Jorge. Busco aquilo que nos atacados não se encontra: variedades e produtos frescos da padaria. Talvez aí esteja um caminho para essa criação brasileira, os atacarejos: dispôr de padarias e mais variedades de marcas.

Vivo sempre sonhando com o dia em que teria a minha rede de supermercados. É um sonho. E é uma boa coisa pra se sonhar.

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