domingo, 16 de setembro de 2018

O dia do Senhor

Talvez tenha sido até hoje Max Weber o pensador que mais tenha me marcado. Não digo apenas pela densidade e pela clareza com que enfrentou a análise de problemas sociais, mas a sua visão permeada pela religião me ajudou a conhecer melhor os fundamentos de minha própria fé cristã protestante.

Li, creio que em 2011, o livro "A ética protestante e o espírito do capitalismo". Li depois disso mais algumas obras dele. Todas me impressionaram sobremaneira. 


Max Weber


Em A ética protestante quando é tratado sobre a ideia de vocação dentro do cristianismo reformado tive a nítida compreensão do tema com relação às Sagradas Escrituras. A ideia do trabalho como um castigo pelo pecado original e a ideia de que fazendo bem o nosso trabalho estamos assim louvando à Deus.

Cito aqui um pensamento do doutor Martinho Lutero:


Um sapateiro convertido perguntou a Lutero o que deveria fazer para servir bem a Deus. Ele talvez esperasse o conselho de fechar o seu negócio e tornar-se pregador do Evangelho. Lutero respondeu: "Faça um bom sapato e venda-o por um preço justo". Ele serviria a Deus sendo um profissional competente e honesto (Michael Horton – O Cristão e a Cultura [Fonte]).


O trabalho nos é razão do enfado, do cansaço, por vezes de tristeza e tribulação mas nos será muito mais leve se não insistirmos em estarmos fora de nossa vocação. O cristão, em obediência à vontade de Deus, deve procurar conhecer a sua real vocação. Eu tive consciência da minha direção vocacional no final do Ensino Médio, quando percebi a minha inclinação clara para a comunicação, para o falar e para o explicar. O intento, mais de dez anos atrás era o de ser jornalista, mas os caminhos se voltaram para a educação e desde então sou professor. Passaria toda a minha vida feliz com minha profissão se as condições de trabalho fossem menos aviltantes. Lidar com crianças e adolescentes de hoje é muito próximo à ter que lidar com criminosos ou internados de um hospício, mesmo assim, sigo naquilo que é a preparação de Deus. Prosperar na carreira é parte da compreensão da vontade divina.


Avanço esse texto noutra direção. O dia, historicamente, que os cristãos reservaram para buscar maior intimidade com a sua fé foi o domingo. O primeiro dia da semana começa não como descanso, mas como tempo especial para dedicação exclusiva ao Senhor. Hodiernamente, a maior parte dos cristãos não observa essa dinâmica.


O domingo, sem que se volte o rosto e o coração à Deus é o mais triste e melancólico dos dias da semana. Quando estamos inclinados, totalmente, à religião nesse dia, obtemos refrigério para poder iniciar mais uma semana de labor. O labor é mais leve se o domingo é passado na igreja. É o tempo de limpeza. É o tempo de renovo. É o tempo de depositar com força as nossas assolações nas mãos de Deus e Dele obter uma resposta que nos permita seguir adiante.


Melhor seria se pudéssemos estar todos os dias dentro da casa de Deus:


1. Quão amáveis são os teus tabernáculos, SENHOR dos Exércitos!
2. A minha alma está desejosa, e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne clamam pelo Deus vivo.
3. Até o pardal encontrou casa, e a andorinha ninho para si, onde ponha seus filhos, até mesmo nos teus altares, Senhor dos Exércitos, Rei meu e Deus meu.
4. Bem-aventurados os que habitam em tua casa; louvar-te-ão continuamente. (Selá.)
5. Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.
6. Que, passando pelo vale de Baca, faz dele uma fonte; a chuva também enche os tanques.
7. Vão indo de força em força; cada um deles em Sião aparece perante Deus.
8. Senhor Deus dos Exércitos, escuta a minha oração; inclina os ouvidos, ó Deus de Jacó! (Selá.)
9. Olha, ó Deus, escudo nosso, e contempla o rosto do teu ungido.
10. Porque vale mais um dia nos teus átrios do que mil. Preferiria estar à porta da casa do meu Deus, a habitar nas tendas dos ímpios.
11. Porque o Senhor Deus é um sol e escudo; o Senhor dará graça e glória; não retirará bem algum aos que andam na retidão.
12. Senhor dos Exércitos, bem-aventurado o homem que em ti põe a sua confiança.


Salmos 84:1-12

Se não for possível estar todos os dias dentro dos átrios da Casa de Deus, o cristão deve fazer todos os esforços para estar no domingo dentro da igreja, em plena comunhão com a Esposa de Cristo. Um domingo de louvor ao Altíssimo é a promessa renovada de que o labor será menos pesado. 

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Separatismo e Forças Armadas no Brasil

Um dilema. Pois é, a análise política que fazemos normalmente não é baseada unicamente na razão simples, no puro pensamento abstrato ou então na lógica, mas está muito permeada por sentimentos e por irracionalidade que não é explicada. Ainda nesse sentido, as classificações político-ideológicas ordinárias não podem fazer nenhuma referência verdadeira à realidade. Basear toda a política no critério de esquerda e direita é a coisa mais falha possível! Consulte ao Homer Simpson ou ao Peter Griffin que se diz direitista se ele não acha que o estado deve promover saúde, educação, segurança e transporte de qualidade, ou ainda se o governo não deve controlar propaganda de tabaco, álcool ou publicidade infantil ou controlar a venda de drogas e o aborto. De igual forma, inverta ao polo e vá ao auto identificado esquerdista e pergunte se ele não crê que se deva abaixar os impostos, reforçar políticas de segurança pública, ou ter penas mais duras para crimes graves. Estão vendo a confusão e como as coisas se misturam muito?

Ponto, nesse sentido para os movimentos políticos autoritários da primeira metade do século XX que não se identificavam nem com a esquerda e nem com a direita. Isso os dava a liberdade necessária para poderem empreender medidas práticas que reforçassem o seu poder e atendessem à demandas nacionais. O fascismo italiano, o nacional socialismo na Alemanha, o estado novo de Salazar em Portugal, o Franquismo na Espanha e por ai vai. A terceira posição derrotada pela força das armas provou estar a frente em matéria de pragmatismo político. E, por favor, saiam dessa neura de querer qualificar os movimentos de terceira posição ou terceira via como sendo de esquerda ou de direita apenas para com isso desqualificar os seus oponentes. Isso é ridículo e irreal.

Dito isso, falo do meu dilema, de minha incongruência. Sou um admirador das artes e das virtudes militares. O papel das classes militares ainda não foi devidamente compreendido fora do mundo do estudos internos da caserna. Alguém da Escola Superior de Guerra tem real dimensão do poder simbólico e prático dos militares, mas a extensa maioria dos cientistas sociais da academia e da mídia simplesmente desconhecem esse poder e trabalham sobre eventos históricos isolados ou, o que é muito mais comum, com seus preconceitos sobre o mundo militar. Eu tenho o mínimo de compreensão sobre o papel civilizador da guerra e o que os militares tem de poder real, que é quase todo o poder, muito maior do que o econômico ou o político.

Sei também ler com linearidade o que são as Forças Armadas na história do Brasil: o maior instrumento de promoção da brasilidade e a maior defensora da integridade do território brasileiro. Defender a integridade do território nacional é a missão número um de Marinha, Exército e Aeronáutica. Em nome dessa integridade toda a força deve ser dispensada. Em nome dessa integridade nada deve permanecer no caminho. O regime militar tinha no combate ao comunismo apenas um verniz aplicado sobre a antiga doutrina da integridade e soberania do território nacional. Não preocupava verdadeiramente a liberdade mas só a integridade do país. 

O discurso que pode ser chamado de soberanista tem obtido força na segunda década dos anos 2000. A ascensão de líderes auto identificados na esquerda e na direita em parte está explicada pela defesa da soberania nacional contra o fenômeno da globalização. Vimos isso de Hugo Chavez até Donald Trump. Não digo que isso esteja errado. O ataque às soberanias nacionais é um projeto muito bem articulado pelos grandes magnatas internacionais, os donos do poder econômico e investidores do caos em várias partes do mundo, que tem o objetivo de colocar os governos nacionais unicamente ao seu serviço. Eu também defendo a soberania nacional, mas como encará-la quando tratamos de um país que, embora seja formalmente soberano não constitui uma nação, sendo antes um país plurinacional?

Esse é o caso do Brasil. A República Federativa do Brasil não é uma nação. O processo histórico que temos passado desdo o Império vem, justamente, no sentido de se construir um senso de brasilidade. Se é preciso que um governo seja o arquiteto de uma nacionalidade então não temos uma nação, mas pessoas que se identificam de maneira forçada com um governo e com uma estrutura político-jurídica, um estado soberano. 

Esse é o problema pelo qual todo nacionalismo no Brasil sempre deve ser encarado puramente como chacota e macaquice. O Integralismo de Plínio Salgado, Gustavo Barroso e Miguel Reale, embora recheado de ideias interessantes, era por fora uma galinha adornada, sempre tosco e com um ar de pura cópia dos nacionalismos europeus (esses sim autênticos). O nacionalismo de esquerda, dos "generais nacionalistas" conseguia ser pior ainda: é um nacionalismo geográfico manco (culto ao tamanho do país), um nacionalismo de fronteira (coisa de gaúchos) e é também idólatra do estado e de empresas públicas que encarnam a soberania do estado frente ao mundo (idolatria da Petrobrás e da Cia Vale do Rio Doce, por exemplo). Como levar esse tipo de coisa a sério? Como ser nacionalista em país tão prenhe de incoerências como o Brasil?

Enquanto este for um país uno só vejo no liberalismo político e econômico como uma saída honesta para a promoção da dignidade e do bem comum possível. Nacionalismo no Brasil só o regionalismo! A divisão do país é uma meta que deve estar no horizonte, que não pode ser esquecida. Só assim poderemos ter algum soberanismo que faça sentido e tenha razão prática de existir. Essa tendência desagregadora só poderá se tornar mais visível se os maiores guardiões da integridade do território brasileiro forem enfraquecidos: as Forças Armadas.

Daí o meu dilema: adoraria ser cidadão de um país com um exército poderoso, uma marinha e uma aviação que colocassem pavor nos demais países, mas o meu país e minha nação não é o Brasil e não consigo ver senão as FFAA como sendo o grande entrave para a independência de todos os estados brasileiros e realização da plena liberdade política com a preservação das culturas tradicionais da América Portuguesa. Sinto, Forças Armadas, mas vocês nunca contarão com meu apoio.


Dois homens bons dessa finada res publica: Júlio Prestes e Washington Luís

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Tudo estranho nesse atentado sofrido por Bolsonaro

Sai de casa um pouco depois do meio dia. Fui no mercado comprar algumas babujas: requeijão do norte, cerveja, linguiça, um docinho. Os dias tem se sucedido assim, mais ou menos. Um após outro, uma aflição por dia, um docinho por dia pra compensar.

Quando era por volta das duas e quebrados eu me deitei um pouco com o celular e ouvi umas entrevistas velhas do Jô Soares Onze e Meia no Youtube. Adormeci e me levantei pouco antes das seis para ir tomar uma chuveirada e pegar o carro pra ir pra escola. Quando saio do banheiro minha mãe comenta com meu irmão que haviam esfaqueado o Bolsonaro. Fiquei espantado com o que ouvi e minha reação foi pegar o celular pra ver as redes sociais.

Ora, passadas 24 horas do atentado muito já foi dito. O tema do atentado monopolizou a imprensa. Dizem que o Jornal Nacional praticamente só falou disso. A internet também só fala sobre. A direita está em total frenesi com o ocorrido, uns por comoção real com o fato outros pela emoção que o ocorrido traz ao pleito eleitoral. Pessoas normais que são de esquerda acham tudo o que ocorreu um grande risco. Nota-se que foram pegos de surpresa como todo mundo e que estão ainda digerindo todo o forfé.

Não há menor dúvida de que o criminoso era uma pessoa afinada com as pautas da extrema esquerda. Foi filiado ao PSOL. Seu Facebook está repleto de publicações com teor esquerdista. Contudo, chama também a atenção para o conteúdo anti-maçônico que se encontram em outras tantas postagens do sujeito.

A maçonaria, a partir do governo Dilma, passou a dar mais a cara a tapa, publicamente. Ninguém que não seja afetado mentalmente desmerece todo o poder que ao longo da história essa seita teve e permanece tendo. A maçonaria é, talvez, a principal rede de contatos políticos que existe no mundo. Mais forte em seus intentos do que a Igreja Católica. O número de maçons em cargos de eminência no mundo é incontável: governantes, ministros, executivos de grandes corporações, membros do poder judiciário e forças armadas, artistas, elementos do clero. A maçonaria realmente é quase onipresente, embora eu duvide muito da capacidade do coesa plena e total da mesma.

Mas aqui no Bananão os maçons, depois de controlarem total e diretamente, a política do país no Império e na Primeira República, parecem que se afastaram da política miúda, das disputas eleitorais periódicas. Coloco o período da década de 1960 até a atual década como o momento de reclusão da maçonaria brasileira. Ao ver a instabilidade geral e a falta de perspectiva política, a classe dos seguidores de GADU no Brasil aparente ter despertado, saído de sua dormência. É notório o papel desempenhado por relevantes setores e membros da maçonaria em nossa década, contra o governo petista, sobretudo. Um dos mais destacados movimentos de rua que participaram dos protestos contra Dilma Rousseff foi o Avança Brasil Maçons-BR. Nosso atual presidente é maçon adormecido e, rezam as lendas, que é dos graus mais elevados (não digo que ele seja grau 33, o mais alto da seita, por que este, normalmente, é reservado aos grãos mestres). Boa parte dos mais próximos assessores do candidato Jair Bolsonaro é formado por maçons: o princípe Luiz Phellippe de Orleans de Bragança, Major Sérgio Olímpio Gomes, o General Hamilton Mourão, o também General Augusto Heleno. Estas são figuras publicamente maçônicas. Certamente há outros homens da maçonaria no casting de Bolsonaro. Não seria equivocado dizer que, embora não oficialmente, Jair Bolsonaro é o candidato da maçonaria brasileira à presidência da república.

Adélio Bispo de Oliveira, obscuro personagem que apareceu de sopetão no dia de ontem, em seu Facebook se coloca como um anti-maçon. O que teria gerado esse anti-maçonismo dele? Teria ele não sido convidado a participar de alguma loja? Teria sido alvo de algum complô de bairro de maçons contra ele (parece que sim)? A verdade é que muitos podem achar estranho um sujeito que seja anti-maçon e de algum modo religioso ser membro de uma legenda de extrema esquerda, como é o PSOL. As tendências conspiratórias são fortes tanto na esquerda quanto na direita e mesmo fora delas.

Bom, nesse texto, a maior parte do que escrevi são conjecturas. A verdade, acho difícil que venhamos a conhece-la. A imprensa está desbaratinada e preocupada apenas com o alcance eleitoral do evento e com os pontos de audiência que a cobertura do caso podem lhe render. As informações são desencontradas e não irão investigar isso como se deve: não irão, por exemplo, atrás do dinheiro do tal Adélio (desempregado, morador de Santa Catarina, que passava temporada em Juiz de Fora), assim como não me parece que estão interessados em saber se ele agiu sozinho ou em conluio (o ministro Raul Jungmann, da segurança pública, disse em entrevista, que acredita ter sido ação de um lobo solitário). A versão do lobo solitário é aquela que tende a ganhar mais força, apesar da verdade.

Bolsonaro sai mais forte disso tudo. Sai vivo. Não sabemos ainda se ele poderá se dedicar a campanha. Se terá o seu restabelecimento a tempo de pegar a reta final da disputa. Por enquanto tudo está em compasso de espero. Penso que até segunda feira mais coisas devem se aclarar. Tanto sobre o estado físico de Jair Bolsonaro, quanto sobre a corrida eleitoral. O resto, porém, não se aclarará.

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

A humilhação da Globo é sempre uma eterna alegria!

É sabido que no Brasil uma das questões que todo cidadão médio concorda, tenha ele a inclinação política que for, é que a Rede Globo de Televisão é uma organização criminosa. 

Entre aqueles um pouco mais esclarecidos essa consciência é ainda mais clara, por mais que não seja sempre externalizada. 

Não posso falar tanto. Não sou grande espectador dessa emissora. Assisto a um pouco do jornalismo da casa, de forma esporádica. Mais a primeira edição do SPTV e o Jornal da Globo e o Hoje. Os diários matutinos e o Jornal Nacional não estão no meu menu diário. Da teledramaturgia e a linha de shows da Vênus Platinada também tenho orgulho em afirmar com toda a verdade que não assisto, não vejo, não sei o que se passa. Se uma novela da Globo promove o homossexualismo, a pederastia, a traição, o ódio, a bruxaria ou qualquer outra coisa, isso não me afeta diretamente. Sei que a Globo promove tudo isso, mas sei indiretamente. Não preciso me expôr a tamanho toxidade todos os dias para saber disso.

Jair Bolsonaro hoje esteve na bancada do Jornal Nacional, sendo entrevistado como candidato à presidência da república. É totalmente conhecida a completa repulsa que o deputado Bolsonaro tem em todas as redações dos meios de comunicação nesse país. O seu estilo direto, franco, aberto, popularesco, que fala olho no olho com o cidadão comum é um ultraje para a classe jornalística, na maior parte composta de elementos de classe média, que saíram da pobreza ou vem de famílias igualmente de classe média e que tem por hábito colocar um sujeito comum como sendo uma pessoa desqualificada, despreparada, indigna de ter a sua opinião levada a séria. Na cabeça dessa turma, levar um Bolsonaro a sério é colocar em pé de igualdade consigo àquele parente que teve pouco estudo, um vizinho da infância que falava de boca cheia, peidava na sua frente ou de um colega de escola que não conseguiu avançar em direção à faculdade e que vive sua vidinha simples, preocupado com os resultados do futebol e que domingo a noite, antes de deitar para o início de mais uma semana de labor, gosta de dar risadas vendo as câmeras escondidas do Silvio Santos. Em parte, a ojeriza da imprensa é uma repulsa às próprias memórias afetivas da infância de muitos jornalistas.

Outra possibilidade para explicar o asco que a imprensa tem do candidato do PSL à presidência se deve ao fato dele ser um exemplo vivo de como é possível viver fora dos holofotes do jornalismo televisivo. Bolsonaro só é o fenômeno que é hoje graças a internet. Sem ela, não teria conseguido obter o mesmo sucesso que tem hoje. Um sujeito muito mais capaz e mais preparado para as funções da administração pública, como foi o saudoso doutor Enéas Ferreira Carneiro não teve a chance de chegar a presidência por que dispunha apenas de escassos segundos de propaganda eleitoral na TV. Se tivesse tido a chance de viver nos anos 2010, Enéas seria o grande fenômeno e o que vemos Bolsonaro fazer, colocando jornalistas de todos os veículos no bolso, dia após dia, seria ainda mais estrondoso e assustador. Querem um exemplo? Assistam no Youtube a clássica entrevista do doutor Enéas no Roda Viva, em 1994. Aquilo é um total massacre de um único sujeito frente ao tribunal da inquisição da imprensa. Rodeado de nomes famosos da imprensa, como Fernando Mitre, Clóvis Rossi, José Paulo Kupfer e Heródoto Barbeiro, simplesmente Enéas não deixa espaço para uma única virgula faltante, nenhuma ideia mal articulada, nenhuma resposta dada sem clareza. Vejam isso e tentem imaginar como seria se ele tivesse o Youtube a possibilidade de fazer streamings diários, publicar tweets e encaminhar newsleters. Nessa hipótese absurda, Enéas seria o verdadeiro mito e Bolsonaro só um histriônico deputado.

A Globo consegue ser ainda mais detestável do que qualquer outra emissora, sobretudo pela vida absolutamente maculada do senhor Roberto Marinho, que engordou seus cofres durante a ditadura militar prestando o serviço médico geral de anestesiar milhões de mentes. A Globo infringiu leis, roubou. Com o apoio dos militares. Não é totalmente surpreendente imaginar o porque Bolsonaro devota tanto respeito à figura do senhor Roberto Marinho, a quem citou, entusiasticamente, em sabatina na Globonews e hoje novamente no Jornal Nacional. Marinho, que negava suas origens africanas, passando pó de arroz na cara até seus últimos dias, contudo não abria mão de uma "macumbinha". Programas da Globo, em especial sua teledramaturgia, sempre foram as maiores promotoras do espiritismo e das crenças mágicas afrobrasileiras, como a Umbanda e o Candomblé. A bruxaria é promovida para donas de casa às 19 horas simplesmente por que o dono da emissora era um serva dessas práticas religiosas e crente delas e, portanto, o seu principal promotor público. Bolsonaro, como cristão, deveria parar de exaltar essa figura (mesmo que avise que, assim como quase todo mundo, saiba que a Globo é puro veneno e que irá cortar verbas publicitárias estatais se for vencedor do pleito de outubro -- esperamos que ele cumpra essa promessa!) até por que, dadas as ligações de Marinhos com o Regime Militar e a idolatria que os seguidores do candidato capitão do exército tem também com a milicada, muitos já estão quase querendo que o dono da Globo saiu do mundo mortos e retorne para colocar ordem em sua criação, que teria se rebelado e se tornado um antro de comunistas (como se a Globo não fosse, desde a sua criação, um covil de membros do partidão).

Em se tratando da Globo, vê-la humilhada é sempre uma alegria!

*Texto não revisado*

domingo, 26 de agosto de 2018

Divagações sobre o passado recente do Oriente Médio

Como praticamente ninguém lê este blogue me permito aqui publicar algum pensamento que não resultará em ações práticas jamais.

Me veio a cabeça: após a segunda guerra mundial, por que não se conseguiu chegar a uma pacificação do mundo, muito em especial da região do Oriente Médio? Minhas convicções apontam para o papel negativo que o Estado de Israel desempenhou nisso. 

Primeiramente, desempenhou por meio do lobby e do controle que suas elites tinham sobre as elites políticas e econômicas dos países do Ocidente e também da URSS, que fez com que essa ideia tosca do sionismo político fosse plenamente executada como foi, com a ocupação da Palestina pelos judeus.

Segundo, essa mesma elite judaica trabalha contra o avanço do cristianismo pelo mundo, inclusive nos dias de hoje, dentro de Israel. Há mais liberdade para os cristãos no Egito ou até mesmo na Síria do que Israel. Em matéria de hostilidade ao cristianismo, o Estado de Israel é praticamente tão hostil quanto o Irã (que só reconhece os cristãos históricos de seu país e não missões evangelizadoras protestantes) e, sem dúvida, a Arábia Saudita, país wahhabita que é, curiosamente, o principal aliado israelense naquela região.

Pensem, o que teria sido da Líbia, ou do Iraque, se as lideranças que saíram para o domínio desses países, após a II Guerra tivessem sido convertidas ao cristianismo? Pensem no processo maciço de abertura desses países para que a liberdade e a tolerância religiosa total ali fosse implantada! O exemplo da Turquia aqui nos cabe: foi preciso um líder forte ocidentalizado, Atatürk, para que a Turquia saísse do decadente período Otomano e virasse um país mais livre e secular. Atatürk, contudo, fez esse processo não sob a influência do cristianismo, mas da maçonaria, da qual era um membro iniciado.

Pensem que o coronel Gaddafi e Saddam Hussein poderiam ter sido evitados, se as monarquias tradicionais ali estabelecidas após a II Guerra tivessem permanecido no poder com o apoio de uma crescente população cristã (no caso iraquiano isso seria ainda mais fácil, dada a grande presença de cristãos caldeus e assírios que ali até hoje existem).

A pacificação total não seria, algo certamente, alcançada , diante de um cenário como esse, até por que alguma hostilidade partindo de certas autoridades islâmicas, provavelmente, se levantariam contra a desislamização daquela região, mas, mesmo assim, teríamos um ambiente muito menos hostil, ainda mais se pensarmos na inexistência de um estado confessional e etnicamente uno como é o Estado de Israel.

Precisamos, enquanto cristãos, entender o que é Israel na prática, para além de visões teológicas que são amplamente discutíveis. Entender que o judaísmo não é aliado do cristianismo, por que a fé cristã, EM TUDO SUPERA AO JUDAÍSMO, por que o próprio Deus se fez carne e habitou entre nós para a salvação de todo aquele que Nele cresse, fosse judeu ou gentio. Ai foi abolida toda a distinção e todo o privilégio que os hebreus tiveram enquanto etnia desde Abraão. A Igreja (o corpo invisível de todos os eleitos) é o novo Israel! O martírio e o triunfo de Cristo nos fez todos iguais perante Deus.

Um judeu ortodoxo e um muçulmano fundamentalista podem chegar mais facilmente a um acordo teológico do que com um cristão, por que a nossa crença e fé se fundamenta na superação do judaísmo (e o Islã nada mais é do que uma perversão da fé judaica, associada com elementos marginais do cristianismo oriental e de fés pagãs de povos do deserto) e também do maometanismo. Se nós, cristãos, há 2000 anos já superamos o judaísmo EM TODOS OS ASPECTOS, por que achar que aqueles que se julgam descendentes de Abraão nos serão amigos e co-promotores de nossa fé? O judeu, enquanto fiel religioso da lei mosaica, dos profetas e sobretudo do perverso Talmude, jamais poderá ser, verdadeiramente, amigo do cristianismo. A barafunda que é o Médio Oriente tem por base esses problemas que aqui explicitei.

Precisamos fazer a lição de casa e reconverter primeiro as nossas próprias nações, entregues ao ateísmo e, na sequência, avançar para a expansão da fé cristã por meio de novas cruzadas evangelísticas.

Sugiro que assistam o documentário Marcha para Sião, que esclarece mais o porque o Estado de Israel é nocivo e por que o Talmud é a total perversão de uma religião superada.

terça-feira, 31 de julho de 2018

Bolsonaro no Roda Viva: a astúcia frente ao medíocre

A seletividade da imprensa é notória. Ela tem os seus interesses muito claros, sejam aqueles interesses dos patrões, sejam os das redações. Já não é de hoje eu penso que os interesses desses últimos tem sobressaído.

A cobertura política do Brasil favorece amplamente certos elementos e certos partidos. Exemplo claro é o espaço que o PSOL e representantes dessa legenda acabam por ocupar, inversamente proporcional à relevância que esta pequena legenda de esquerda tem. O mesmo se observa à Rede Sustentabilidade, partido-movimento ancorado em Marina Silva.

Fora esses dois casos ainda se deve destacar que há algum consenso, as vezes meio a fórceps, de que os melhores partidos para o Brasil são mesmo o PT e o PSDB. Gilmar Mendes, ministro do STF também acha e compartilhou esse pensamento em sua Twitter. O PT e o PSDB representariam o que ainda existe de moderno na política, enquanto os partidos pós-modernos ainda não obtém viabilidade eleitoral. A encarnação do mau se dá no MDB, no Centrão e nas bancadas ruralista e evangélica. 

O consenso social-democrata está formado no Brasil desde a redemocratização, mas ele está cansado e não sou roube, por enquanto, se renovar. PT e PSDB ocuparam o poder num consórcio desde 1994, interrompido, de jure, duas vezes, pelos governos interinos de Itamar Franco e agora de Michel Temer. Na política já há hoje mais vozes céticas em relação à social-democracia brasileira do que a vinte anos.

No meio acadêmico, porém, nada mudou. Talvez tenha mudado para pior. O domínio da esquerda é inconteste em todas as áreas. As perseguições do estamento universitário progressista aos dissidentes é enorme: falam de colegas, negam orientações em mestrado e doutorado, vetam bolsas e verbas de pesquisa, tudo isso para manter o status quo de esquerda dominante no meio universitário. Não tenho notado grande avanço e resistência nesse campo.

Na mídia tradicional, como já começamos a tratar no início desses escritos, há alguma mudança, em razão da pressão que a internet tem feito e da concorrência que ela representa para a imprensa tradicional. A mídia oficial perdeu a sua exclusividade na produção de conteúdos e hoje um Youtuber pode ter mais influência do que um comentarista do Jornal da Globo.

É na internet que encontramos resistência ao modelo progressista de sociedade. Alguma resistência. Desorganizada e descentralizada. Se no www temos muitas vozes, muitos influenciadores, não há um que seja o absoluto categórico que domine absolutamente esse meio. A voz mais importante no combate teórico à esquerda no Brasil é o jornalista Olavo de Carvalho e sobre já nos referimos aqui em outros textos. Olavo coleciona amores e desafetos. Há uma torcida organizada a seu favor e outra contra, mas negar a sua relevância no atual momento de transição e de geração que passa o Brasil é mentir.

Na política aquele que com mais relevância irá repercutir as vozes da internet é Jair Messias Bolsonaro. Goste-se dele ou não, foi a durante um bom tempo o único parlamentar assumidamente de direita em Brasília (seja lá que cazzo de direita isso represente). Apanhou e apanha até hoje de todos os lados, mas parece ser como massa de bolo: quanto mais se bate, mais ele cresce. Cansou de ser entrevistado em programas boçais, como o Superpop de Luciana Gimenez ou a arapuca do finado CQC. Seus debates-entrevistas com travestis e atores pornôs, além de outras sub-celebridades na Redetv! são clássicos e lhe deram cancha de como lidar com uma malta de jornalistas raivosos sempre dispostos não a questioná-lo mas a confina-lo num canto e o espremer como se faz com uma barata e um sapato de bico-fino.

Bolsonaro não foi figurinha carimbada, em todos esses anos em que é um fenômeno dissidente na internet, na imprensa tradicional. Na Globonews ele nunca teve o espaço que deputados de esquerda (como Maurício Rands, Chico Alencar, Miro Teixeira, Alessandro Molon e o senador Randolfe Rodrigues) sempre tiveram ao seu dispor, como arautos do mais puro republicanismo. As primeiras entrevistas aos dois mais relevantes programas semanais de política da TV aberta só aconteceram nesse ano: no Canal Livre da Band e no Roda Viva, da TV Cultura, no dia de ontem.

Quem não assistiu essas entrevistas precisa vê-las não para discutir o candidato em si, mas para analisar e observar, com um olhar quase etnográfico, o comportamento dos experimentados jornalistas que ali estavam sabatinando Bolsonaro. O deputado que já esperava um comportamento agressivo e rancoroso se deparou com aquilo para o que já estava preparado, temas como a ditadura militar, racismo, homofobia, misoginia, enfim, aquilo que interessa ao mundinho histórico e social que só existe na cabeça de membros da imprensa, das artes e da academia. São as taras e fetiches que povoam as mentes dessas pessoas, que, não tem sua luxúria com pés, chicotes, tapas, xingamentos, posições ou acessórios, mas com a dívida histórica com a população negra, o genocídio de homossexuais ou a violência policial. Tanto as taras sexuais clássicas quanto essas são doentias. 

A astúcia do Bolsonaro não precisava ser muita, diante do quadro horrendo de sodomia moral dos inquiridores. A mediocridade da imprensa a faz pensar que com ataques já velhos a tudo aquilo que o candidato sempre defendeu e que até agora só o fez angariar um séquito fiel e disposto a seguir ele até o fim, o fará agora marchar para trás, aprisionando-o ao baixo clero eterno da câmara dos deputados. Isso não vai acontecer. O eleitor quer um Messias que o guie, que o conduza, que o leve a um novo jardim de delícias. Esse condutor precisa ser forte, valente, aguerrido. Bolsonaro encarna o que povo quer e o que as elites não podem ofertar.

quarta-feira, 25 de julho de 2018

A imaginação realizadora

Não sei como classificar ou qualificar isso. Penso que o mais adequado seja dizer que tenho uma vocação para a imaginação realizadora. Leio ou me deparo com uma coisa qualquer e penso: "isso poderia ser assim, poderia ser assado, eu deveria fazer isso desse ou daquele jeito.".

Me encafifo e fico pensando em como a cidade deveria ser, em como muitos projetos urbanísticos deveriam ser tocados. Como montar uma rede de postos de gasolina, com tudo o que deve ter direito, com novos modelos de bombas, lojas de conveniência, logomarcas e tipos. Qual deve ser o nome do meu plano de saúde? O que a rede de supermercados deve ter de vantagens sobre seus concorrentes? O que fazer com os terrenos localizados na avenida tal e na rua Y?

Não sei quantas mais pessoas tem esse tipo de comportamento, de querer fazer um mundo de coisas segundo o que se passa em suas cabeças. Sei que eu trabalho dessa maneira. Não realizo, tais coisas, por ora, mas me contento em pensar nelas.

Agora mesmo estava lendo sobre o papel de Cláudio Abramo fez em O Estado de S. Paulo e na Folha de São Paulo. Eu lia e pensava: "devia comprar o falido Diário de São Paulo e transformá-lo em um periódico de referência, com esse colunista na segunda-feira semanalmente e esse no domingo, mensalmente, o formato do jornal deveria mudar, as fontes e a tipia do jornal também, fazer anúncios nessa e naquela rede de tv..."

Será que isso me faz mal ou é sintoma de alguma doença mental?

sábado, 9 de junho de 2018

Fundamentalismo político



A ideia de fundamentalismo foi colocada num limbo do vocabulário. Todo aquele que é classificado como fundamentalista passa a ser, automaticamente, um sujeito nocivo, violento, agressivo, retrógrado, reacionário, enfim, basicamente aquilo que o mundo moderno da política costuma classificar como um fascista. 

Contudo, o fundamentalista é aquele que busca agir com lealdade aos fundamentos que crê e defende. O antônimo de fundamentalismo seria, portanto, a maleabilidade, que deve ser entendida na política, em parte, não como uma virtude, mas antes como uma fraqueza. A história mostra também que os grupos políticos que ao longo do tempo foram vencedores sempre souberam se manter inamovíveis em seus ideais, abrindo mão de um ou outro ponto superficial em nome da defesa do que é essencial. São perfeitamente fundamentalistas nessa ótica. 

A política é feita com base em muitas técnicas de engenharia social, envolvendo a mídia, a educação pública, a intelectualidade, as instituições, enfim, a sociedade, sempre usando a manipulação como grande arma. Na esquerda e na direita, polos que na verdade não são opostos, antes complementares, temos exemplos para mostrar isso. 

O socialismo, colocado pela turba de vivandeiras alvoroçadas, como o grande satã a ser vencido, só pode existir por que contou antes com o trabalho frio de navio quebra-gelo do liberalismo, seu irmão um pouco mais velho, que fez o serviço sujo de limpar a estrada do antigo regime e das amarras da religião cristã que atrapalhavam o seguir do caminho da modernidade. Sem a religião e a hierarquia pela frente a tentação do super estado, da grande mente supra individual, capaz de tudo planejar e colocar cada coisa em seu lugar, criando o paraíso da equidade, se tornou muito mais palatável. 

O macarthismo foi a resposta mais grosseira e popular para um certo senso de repúdio que se via notar, no meio do século XX ao caminho progressivo ao socialismo e à centralização administrativa. Foi um fenômeno exclusivo dos EUA. No Brasil, os militares, que desde a segundo império passaram a seguir a doutrina positivista, onde se enxergavam como os máximos protetores do estado e da "unidade nacional", ocuparam o espaço que cabia para que naquele contexto se combatesse a ameaça comunista. 

Devemos ter cuidado com o que desejamos em matéria de política, pois na América o espírito de caça às bruxas do macarthismo permitiu que o estado violasse a privacidade de milhões de cidadãos, criando ainda uma paranoia social que ajudou a romper laços de sociabilidade históricos, já há muito sedimentados. Aqui nestas bandas o militarismo gerou gastos públicos e uma dívida impagável, além de inflação. Também enquanto, tanto aqui como nos EUA, se clamava por moralidade e bons costumes, a imoralidade cavalgava sem rédeas, ainda mais livremente, agora chancelada pelo estado de direito e pelas autoridades que juraram nos proteger dessa ameaça do comunismo ateu e imoral. A Educação pública fomentada pelos militares levou ideias artificias a frente, como o patriotismo e a brasilidade para milhões de pessoas, por meio de matérias como Organização Política e Social Brasileira, Educação Moral e Cívica e Estudos Sociais. A esquerda transformou esse culto a uma nação inexistente dos milicos em uma verdadeira idolatria do estado. A direita, no poder, faz tudo aquilo que a esquerda precisa para poder terminar seu serviço e para completar seu projeto anti civilização. 

O maior nome do socialismo no Brasil, Lula, sempre teceu comentários elogiosos ao presidente Médici e ao Regime Militar. Um dos maiores gurus econômicos do petismo foi o keynesiano e super ministro dos militares Delfim Neto. O PT foi fundado em um dos colégios mais chiques e elitizados de São Paulo, o Sion e teve o velado beneplácito de Golbery do Couto e Silva, que pretendia criar uma legenda de esquerda que jogasse o jogo da política sistêmica. O socialismo sempre foi uma doutrina de ricos querendo usar o estado a serviço de seus monopólios para poderem ficar ainda mais ricos. 

Existe a nação, a família e o indivíduo. Pátria e povo são conceitos ideológicos e artificiais para a manutenção do poder político e econômico. Todos os que agem, seja na academia, na midia, na política e nas instituições para preservar o estamento de poder atual agem no fundo com base em um fundamentalismo, na crença de que devem fazer quase tudo para estabelecer o vindouro reino de delícias infindas na terra, a que alguns chamam de comunismo, outros de economia de mercado, mas que no fundo é apenas um engano, pois é uma inversão das verdades eternas da religião revelada, que transferiu o Paraíso Celeste para a Terra. Para fugir dessa mentira bem contada não devemos olhar para a esquerda e nem para a direita, antes para cima.

Nossa república sempre será uma velha república

Não tenho medo de afirmar que desde os protestos de 2013 o Brasil não é o mesmo. Não estou aqui fazendo nenhum juízo de valor, antes atestando um fato. Não consigo, também, encontrar nenhum paralelo destes cinco anos com nenhum período da história republicana. Todavia, em grupos privados, tenho exposto o meu receio de que o momento que temos passado seja semelhante ao da Primeira República (1889-1930), quando chegava em seus estertores. Uma fração das elites brasileiras, naquele momento, achou por bem "fazer uma revolução antes que o povo a fizesse". 

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, maior intelectual vivo dentro da esquerda nacional, já apontou para as circunstâncias em que passamos hoje serem aquelas típicas de momentos pré-revolucionários. Há que se lembrar ainda que o Brasil não passou por uma "revolução burguesa", como ocorreu na Europa e nos Estados Unidos. A Revolução (golpe) de 1930 foi tramado pelos militares em comunhão com uma elite dissidente, mas que compartilhava até então do poder e cujo projeto político em nada se diferenciava de seus adversários reais. Não havia uma burguesia para que uma revolução real ocorresse e, sendo assim, essa jamais de completou totalmente. 

Hoje, como na Primeira República, há suspeitas de fraudes eleitorais. Há também candidatos que procuram se mostrar como limpos e desligados das velhas e carcomidas elites tradicionais. Há também um certo histerismo com um fantasma sem contornos claros da esquerda. E, por fim, um senso de que é preciso "salvar a república". Essa é uma conversa antiga. A história se repetirá, mais uma vez, como farsa? Torço para que ela não se repita.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Há como prever o resultado das eleições?

Já tem bastante tempo que venho fazendo a análise de alguns cenários possíveis sobre as eleições deste ano. Insisti por muito tempo sobre a viabilidade eleitoral de Joaquim Barbosa, aliás, falei isso com bastante antecedência (basta olhar os posts do ano passado nesse blog para ver isso). Análise não é aposta e eu não apostei que ele já estava eleito, apenas apontei para o fato de se ele viesse mesmo disputar a eleição (algo que sempre coloquei em condicional, afinal, a imprensa e as informações de bastidores sempre apontaram para o fato da reticência de Joaquim Barbosa em participar do pleito) seria o candidato com mais chances de ser exitoso, dada a composição de candidaturas em 2018.

O ex-ministro do STF desistiu de sua candidatura. Era algo dentro do esperado. Barbosa não queria ser candidato. Queria (e quer ainda) ser presidente. Sua expectativa era a da unção. Imaginava que levantaria rapidamente um forte movimento de apoio das classes falantes em torno de si. Imaginava também que sua legenda, o PSB, pularia integralmente e prontamente em sua campanha. Tudo isso que em algum momento passou pela cabeça do retinto ex-ministro é algo fora das proporções. Não digo que fossem coisas irrealizáveis, longe disso, afinal, a imprensa já o estava colocando em patamares apolíneos, boa parte de nossa elite ilustrada demonstrava a possibilidade de empolgar-se com a candidatura JB e mesmo seu partido caminhava em direção à um apoio total à sua campanha. Eram questões que se encaminhavam com extrema rapidez e que estariam consolidadas antes mesmo do prazo final de inscrições de candidaturas.

Aventei também neste blog a hipótese de o PSB sair dessas eleições sendo a maior legenda do país. Sem a presença de Joaquim Barbosa encabeçando a disputa pela presidência da república essa possibilidade se torna residual. As candidaturas que estão por se consolidar, afinal, estamos com pouco mais de um mês para o início dos registros de candidaturas, são todas de políticos tradicionais, o que mostra que o Brasil não foi exitoso em buscar a figura de um outsider, com o perfil, preferencialmente, do francês Emmanuel Macron.

As inúmeras candidaturas que ainda sustentam os seus nomes até esse momento já dão claras demonstrações de que nada foram além de simples balões de ensaios. São os casos de Fernando Collor de Melo, Flávio Rocha, Michel Temer, Henrique Meirelles, Paulo Rabello de Castro, Rodrigo Maia, João Amoêdo, Valéria Monteiro, Cabo Daciolo e Guilherme Afif Domingos (provavelmente esqueci de mais algum candidato sem chances). Destes nomes citados, talvez venham a concretizar suas candidaturas, mas sem conquistar nenhum apelo eleitoral, Collor, Meirelles, Paulo Rabello, Amoêdo e Daciolo. Somem-se a esses os eternos candidatos Eymael, do PSDC, Levy Fidelix (PRTB) e alguém pelo PSTU. Independente dos nomes, cujo registro tem pouco importância histórica, nenhum deles possui chances de disputar a eleição com força (talvez, em condições muito específicas, Meirelles viesse a fazer algum barulho, mas duvido disso).

A verdade é que a eleição ficará em torno de Ciro Gomes, Jair Bolsonaro, Marina Silva, Geraldo Alckmin, além, talvez de um nome do PT que conte com a cara do Lula estampada na sua. Esse nome pode ser Jacques Wagner ou Fernando Haddad. 

É preciso esperar mais, por que muitas articulações por ora estão sendo realizadas, como as que saíram como notas, da aproximação de Ciro Gomes com o "centrão", especialmente com o PP e o DEM. Se Ciro conseguir o apoio dessas legendas terá tido um acréscimo considerável de força política, tempo de TV e recursos para a campanha. Se consolidaria como o anti-Bolsonaro.

Apenas, para finalizar, registro que a imprensa, em particular a televisiva, continua ignorando e desprezando Jair Bolsonaro. Me parecem que não o convidam e não colocam para falar ao público com o receio de que ele cresça ainda mais. Não sei se esse temor é fundamentado ou se o Bolsonaro falando mais ao público pode fazer com que ele venha a perder uma fatia de possíveis eleitores por enquanto indecisos. Veremos com ele o mesmo fenômeno de Marine Le Pen, que na França liderou no primeiro turno e foi esmagada por Macron no segundo, com um discurso técnico e centrista, apoiado pela mídia e pelas grandes finanças? Talvez sim. Resta saber quem será esse Macron verde-amarelo.




O paulistano eterno

 Me identifico com o paulistano que mora na casa que restou numa rua em dissolução. É como o velho morador de Pinheiros, que habitava uma ca...