sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Tudo estranho nesse atentado sofrido por Bolsonaro

Sai de casa um pouco depois do meio dia. Fui no mercado comprar algumas babujas: requeijão do norte, cerveja, linguiça, um docinho. Os dias tem se sucedido assim, mais ou menos. Um após outro, uma aflição por dia, um docinho por dia pra compensar.

Quando era por volta das duas e quebrados eu me deitei um pouco com o celular e ouvi umas entrevistas velhas do Jô Soares Onze e Meia no Youtube. Adormeci e me levantei pouco antes das seis para ir tomar uma chuveirada e pegar o carro pra ir pra escola. Quando saio do banheiro minha mãe comenta com meu irmão que haviam esfaqueado o Bolsonaro. Fiquei espantado com o que ouvi e minha reação foi pegar o celular pra ver as redes sociais.

Ora, passadas 24 horas do atentado muito já foi dito. O tema do atentado monopolizou a imprensa. Dizem que o Jornal Nacional praticamente só falou disso. A internet também só fala sobre. A direita está em total frenesi com o ocorrido, uns por comoção real com o fato outros pela emoção que o ocorrido traz ao pleito eleitoral. Pessoas normais que são de esquerda acham tudo o que ocorreu um grande risco. Nota-se que foram pegos de surpresa como todo mundo e que estão ainda digerindo todo o forfé.

Não há menor dúvida de que o criminoso era uma pessoa afinada com as pautas da extrema esquerda. Foi filiado ao PSOL. Seu Facebook está repleto de publicações com teor esquerdista. Contudo, chama também a atenção para o conteúdo anti-maçônico que se encontram em outras tantas postagens do sujeito.

A maçonaria, a partir do governo Dilma, passou a dar mais a cara a tapa, publicamente. Ninguém que não seja afetado mentalmente desmerece todo o poder que ao longo da história essa seita teve e permanece tendo. A maçonaria é, talvez, a principal rede de contatos políticos que existe no mundo. Mais forte em seus intentos do que a Igreja Católica. O número de maçons em cargos de eminência no mundo é incontável: governantes, ministros, executivos de grandes corporações, membros do poder judiciário e forças armadas, artistas, elementos do clero. A maçonaria realmente é quase onipresente, embora eu duvide muito da capacidade do coesa plena e total da mesma.

Mas aqui no Bananão os maçons, depois de controlarem total e diretamente, a política do país no Império e na Primeira República, parecem que se afastaram da política miúda, das disputas eleitorais periódicas. Coloco o período da década de 1960 até a atual década como o momento de reclusão da maçonaria brasileira. Ao ver a instabilidade geral e a falta de perspectiva política, a classe dos seguidores de GADU no Brasil aparente ter despertado, saído de sua dormência. É notório o papel desempenhado por relevantes setores e membros da maçonaria em nossa década, contra o governo petista, sobretudo. Um dos mais destacados movimentos de rua que participaram dos protestos contra Dilma Rousseff foi o Avança Brasil Maçons-BR. Nosso atual presidente é maçon adormecido e, rezam as lendas, que é dos graus mais elevados (não digo que ele seja grau 33, o mais alto da seita, por que este, normalmente, é reservado aos grãos mestres). Boa parte dos mais próximos assessores do candidato Jair Bolsonaro é formado por maçons: o princípe Luiz Phellippe de Orleans de Bragança, Major Sérgio Olímpio Gomes, o General Hamilton Mourão, o também General Augusto Heleno. Estas são figuras publicamente maçônicas. Certamente há outros homens da maçonaria no casting de Bolsonaro. Não seria equivocado dizer que, embora não oficialmente, Jair Bolsonaro é o candidato da maçonaria brasileira à presidência da república.

Adélio Bispo de Oliveira, obscuro personagem que apareceu de sopetão no dia de ontem, em seu Facebook se coloca como um anti-maçon. O que teria gerado esse anti-maçonismo dele? Teria ele não sido convidado a participar de alguma loja? Teria sido alvo de algum complô de bairro de maçons contra ele (parece que sim)? A verdade é que muitos podem achar estranho um sujeito que seja anti-maçon e de algum modo religioso ser membro de uma legenda de extrema esquerda, como é o PSOL. As tendências conspiratórias são fortes tanto na esquerda quanto na direita e mesmo fora delas.

Bom, nesse texto, a maior parte do que escrevi são conjecturas. A verdade, acho difícil que venhamos a conhece-la. A imprensa está desbaratinada e preocupada apenas com o alcance eleitoral do evento e com os pontos de audiência que a cobertura do caso podem lhe render. As informações são desencontradas e não irão investigar isso como se deve: não irão, por exemplo, atrás do dinheiro do tal Adélio (desempregado, morador de Santa Catarina, que passava temporada em Juiz de Fora), assim como não me parece que estão interessados em saber se ele agiu sozinho ou em conluio (o ministro Raul Jungmann, da segurança pública, disse em entrevista, que acredita ter sido ação de um lobo solitário). A versão do lobo solitário é aquela que tende a ganhar mais força, apesar da verdade.

Bolsonaro sai mais forte disso tudo. Sai vivo. Não sabemos ainda se ele poderá se dedicar a campanha. Se terá o seu restabelecimento a tempo de pegar a reta final da disputa. Por enquanto tudo está em compasso de espero. Penso que até segunda feira mais coisas devem se aclarar. Tanto sobre o estado físico de Jair Bolsonaro, quanto sobre a corrida eleitoral. O resto, porém, não se aclarará.

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