sexta-feira, 31 de julho de 2020

A receita para se governar o Brasil

Existe uma receita totalmente pronta, já testada, sobre como o Brasil deve ser governado. 
Aquele que tentar uma outra fórmula será engolido vivo pelo sistema que domina o país.

Não há nenhum modelo alternativo para governar o Brasil. Só um modelo existe. Só uma fórmula.



Primeiro, nunca tente enfrentar o congresso. Ele vai brigar, brigar e te colocar contra as cordas. Pode você ser o Mike Tyson, mas haverão centenas de Maguilas para te espancar. Herói sozinho nenhum consegue vencer esse bando. 

Segundo, arreganhe as pernas dos ministérios, estatais e autarquias para os afilhados políticos do centrão. Dê a eles tudo o que quiserem.

Terceiro, mantenha um bom acordo com o Supremo Tribunal Federal. Evite ao máximo enfrentá-lo.

Quarto, não mexa com a Polícia Federal.

Cinco, não seja ideológico. Algum palavrório a mais para a plateia é de bom tom, afinal, as pessoas ainda vão precisar de algum estímulo para votar novamente.

Seis, não brinque com a economia com fórmulas econômicas muito restritivas ou muito expansivas. Nem a heterodoxia, nem a ortodoxia. Nem Chicago, nem Londres. O caminho entre a social democracia e o liberalismo social é a única coisa que o Brasil pode suportar. Muito mais à esquerda e ao welfare state o país quebra e muito liberalismo à direita rompe o tecido social. 

Sete, dê dinheiro para o povo em forma de vouchers. É a melhor e mais eficaz maneira de se comprar votos.

Oito, mantenha as forças armadas de boca fechadas, mantendo-os ocupados com seus brinquedos caros (aviões, armas, carros de combate, navios, submarinos) e deixando a sua integral aposentadoria intocada.

Nove, mantenha a imprensa com o bico calado. Não faça inimigos na imprensa. Dê entrevistas simples, que pouco falam à quem tem neurônios. Responda cordialmente a todos os repórteres mais imbecis e torpes. Gaste fortunas do dinheiro público com publicidade em emissoras de rádio, tv, jornais, revistas e internet. Também processe e esmague na justiça todo e qualquer dissidente da midia.

Dez, seja demagogo, seja populista. Fale com a língua suja do povo simples. Seja humilde e simples com os humildes. Seja simpático com a elite e tire dela os maiores recursos para o estado, colocando todo gerador de riquezas contra a parede, sempre sem perder o sorriso amarelo e hipócrita.

Onze, puxe o saco do nordeste. A população famélica vota com o estômago e com a imagem de um líder paternalista, na qual ela enxergue segurança. Também os mafiosos coroneis nordestinos (e nortistas) costumam controlar a política nacional no Congresso.

Doze, e por último, crie uma falsa oposição contra você mesmo e busque manter o poder político sempre em consórcio com esse grupo. Trabalhe incessantemente contra o surgimento de qualquer grupo opositor autêntico, na esquerda e na direita.

Essa é a receita para controlar o Brasil eternamente. Passa ano e sai ano, entre presidente e sai presidente a situação política é sempre a mesma. Para governar fora disso só com ditadura bruta, a céu aberto, coisa que nunca mais se verá no Brasil, pois as nossas elites querem mais é manter esses doze passos para sempre.

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Diário da quarentena

Feita a exceção ao uso praticamente indiscriminado de máscaras e de algum receio mais ou menos generalizado sobre a peste chinesa, a nossa quarentena já foi pras cucuias faz muitos tempo. Mesmo assim, a sensação ainda é de que vários de nossos antigos padrões não devem ser restaurados. O medo de uma vacina feita em cima da hora, nas coxas, envolta em várias disputas políticas (vide agora a espionagem russa sobre diversos países que estão desenvolvendo vacinas para o corona) ajudam muito a colocar mais desconfiança em toda a picada que vier nos traseiros nos próximos meses.

Já se fala em não voltar às aulas presenciais nesse ano. As igrejas, cinemas e teatros para funcionarem enquanto o cenário atual se manter, terão que ter no máximo 1/4 de capacidade, por causa das regras de higiene e distanciamento. Eu sei, muitos não ligam para o vírus. Dizem até que é uma arma biológica. Não duvido que realmente possa ser, mas, isso pra mim não importa. Importa que não se morra. Já, já o Brasil vai passar 2 milhões de infectados. E o que vemos na imprensa e entre as pessoas é o puro alarmismo da Globo ou a desconfiança geral na pandemia do outro. Onde está a verdade do meio do caminho?

sábado, 4 de julho de 2020

A guerra do povo contra a sociedade, pelo domínio do estado.

Me parece dialético o papel do estado contemporâneo, em ser um agente ordenador da sociedade que é integrada nele. Claro, essa sociedade não representa o todo do corpo de cidadãos, antes setores das elites econômicas e culturais. A sociedade que vive para o controle do estado é aquilo a que se chama de classes falantes. Essa sociedade controladora do estado é quem promove todas as políticas públicas, em acordo com a sua agenda de hábitos e costumes. Se o estado passou a promover e aceitar coisas como o divórcio, o casamento e direitos gays, políticas afirmativas e demais pautas é por que a sociedade cria nisso, pelo menos como ideia geral, vaga e abstrata, mesmo que não adotasse isso em suas casas.

A sociedade que controla o estado e o estado, que determina os limites de ação da sociedade, vivem um para o outro. Essa sociedade, composta pela elite, não considera o Vox Populi. Povo é outra coisa. O povo não faz parte da sociedade, portanto, está à margem do estado. O povo, o "afegão médio" ou o Homer Simpson tem vergonha do filho bicha. O homem comum é conservador. Quer sua família bem constituída, quer viver com a sua simplicidade, com uma ordinária mentirinha aqui ou ali. Um pecadinho aqui, outro lá. Um maridinho e uma mulherzinha, com seus filhos, todos comuns. Com seus cursos de soldador industrial do Senai. Essa gente é o esteio da vida social. É essa gente, que vai na missa um dia e na mesa branca outro, ou que dá dízimo pro Edir Macedo, por que acredita no evangelho de cura e prosperidade pregado pelo Bispo. São os corinthianos e flamenguistas. É a gente morena, bronzeada e marrom. Mas também preta ou branca. É o pobre clássico, não o das estatísticas forçadas do IBGE. Essa gente a sociedade não considera como parte de si, não acha que seja merecedora de voz, de direito de opinião. Por isso que a sociedade, que controla o estado (e é claro, os políticos e os partidos) sempre dá um jeito de colocar nas eleições candidatos que sejam pessoas da sociedade e não do povo. Ou vocês acham que o Lula era do povo? Foi um brinquedinho nas mãos dos donos do poder.

A popularização da internet fez um milagre. Ela criou um poder paralelo, onde o Zé Ninguém e o afetado professor universitário concorrem em pé de igualdade. Isso enfurece aos nossos luminares. Eles não aceitam que as pessoas simples tenham as suas opiniões, normalmente toscas mesmo, sobre remédios alternativos, sobre coisas que envolvam a administração pública ou ainda sobre o desejo do governo em ensinar aos seus filhos a enfiarem coisas na bunda desde o jardim de infância.

A internet proporcionou longos anos de grande liberdade de expressão, para falar tudo aquilo que há de mais e escroto e abjeto. Hoje, o receio nos censura e, em vários casos, essa censura toma a forma de mandados de busca e apreensão ou mesmo de cana. É a resposta da sociedade, que controla o estado, sobre algo que ela mesma não consegue, ainda, ter controle total.

Um dos direitos naturais, se não me engano, expostos por John Locke, é o direito de se rebelar contra um governo que avilte todos os demais direitos e liberdades básicas. Nosso governo tem feito isso diuturnamente. Não exatamente o chefe do poder executivo federal atual. Esse não parece ter esse perfil. Mas os demais poderes do estado são controlados pela sociedade (e parte do executivo também é composta por infiltrações da sociedade). Não é hora de opor a sociedade contra o estado, mas de opor o povo contra a sociedade e dar ao povo o direito de controlar o estado. Se o povo realmente não é o extrato social que tem a melhor dentição, menos vermes nos intestinos ou o melhor domínio do vernáculo, pelo menos, por ser a maioria e por ter hábitos morais mais honestos, merece essa oportunidade. É preciso vencer a sociedade. 

Os rumores silenciosos

Entre aqueles que são envolvidos no meio eleitoral, seja trabalhando para partidos políticos ou candidatos, seja o pessoal dos institutos de...