terça-feira, 17 de março de 2020

1968 chegou ao fim

Um bom tempo se passou, tempo em que a sociedade parecia ter se acostumado com ideias belas, idealizadas, prenhes de humanismo, que deixariam Jean Jacques Rousseau morrendo de orgulho. A sociedade passou muito tempo sublimando toda espécie de sentimento mais primitivo, como aqueles que nos orientam, naturalmente, para querer proteger nossa família, nossas posses e nossas liberdades. Pensemos todos em ressocialização. Pensemos na recuperação dos indivíduos e da sociedade. O mal é resultado da sociedade doente e perversa, pelo poder e sobretudo pelo dinheiro, pelo capitalismo. O tempo em que essa cantilena deixava a todos mais mansos parece ter findado.

Cada pessoa que eu pergunto sobre um tema, como a pena capital, castração química ou mesmo prisão perpétua, vejo e ouço respostas sempre favoráveis a implantação geral de tais teses. Parece que passamos da fase de complacência e pietismo vulgar e ingressamos num período de justiçamentos. A eleição dos governos direitistas refletem o total esgotamento com o ciclo humanista radical e social democrata pelo qual passamos, desde o fim da segunda guerra mundial (nessa lógica, os governos militares da América Latina são rupturas nas continuidades), passando, sobretudo, por 1968.

Realmente, é um mundo novo. É uma nova era.

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