sábado, 17 de fevereiro de 2018

Luciano Huck, finalmente fora do páreo

A comparação que alguns fazem entre a situação da eleição de 1989 com a de 2018 não tem, ao meu juízo, razão de ser feita. Pelo menos não no que consiste à postulação de animadores de auditório ao cargo de presidente. 29 anos atrás, quando Silvio Santos se animou para concorrer, instigado pelo PFL (hoje, Democratas, que, curiosamente, foi, junto com o PPS, um dos partidos principais a instigar a candidatura Huck) e chegou a lançar sua campanha, pela nanica legenda de aluguel, o PMB (Partido Municipalista Brasileiro) a situação era distinta, por que o ânimo da população com a disputa era maior, dado o rescaldo da recém findada ditadura militar e por ser a primeira eleição após mais de vinte anos de eleições indiretas e escolhas palacianas. Hoje, a população está inerte, cansada dos políticos e de eleições. Silvio Santos não tinha uma mesma consciência ideológica, como Huck desenvolveu. Sim, Luciano Huck não seria apenas o candidato da mídia, um simples fantoche, mas esperava ser um real agente de transformação política, dentro dos moldes do que ele pensa, ou seja, mais do mesmo projeto liberal-social e social-democrata progressista, que o consórcio PT-PSDB já promove há mais de duas décadas no país.



Silvio Santos não tinha essa clareza ideológica. Tinha mais apelo e mais carisma do que Luciano Huck. O que os iguala é o fato de ambos serem figuras midiáticas e de serem ricos judeus. Além disso, não encontro mais semelhanças. A penetração da figura de Silvio, no fim dos anos 80 era muito maior do que é a de Huck. Silvio, com seu programa aos domingos, à noite, batia, na época, sempre a Globo. O programa de Huck, sábado à tarde, não alcança 20 pontos no Ibope. A afeição das pessoas com Silvio também sempre foi maior do que a que Huck tem.

Huck é um liberal progressista, no sentido americano da expressão. Está mais para Oprah Winfrey, que dá indícios de que pode querer disputar a presidência dos Estados Unidos, do que para Emanuel Macron ou Maurício Macri e Sebastian Piñera. Silvio Santos não era nada, ideologicamente dizendo. Seu espelho, em 89 o recém eleito Carlos Menen.

Esperamos um pouco de racionalidade nessa disputa de 2018 e a presença de um elemento alienígena, de fora do mundo da política, é desnecessária. Com isso e com a ausência de Joaquim Barbosa da disputa (por enquanto) penso que Marina Silva sai fortalecida como o nome principal do campo político progressista. 

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