Não consigo enxergar as pessoas da minha geração senão com tristeza, incluindo a mim nisso.
Não só pessoas da mesma geração, mas do mesmo extrato social.
Somos filhos da pequena classe média, cujos pais muito fizeram para nos ofertar somente o melhor, em matéria de estudos, preparo e de existência. Fomos todos criados com leite, pêra e Ovomaltine.
A expectativa era enorme. Seríamos uma geração que iria dar certo. A expectativa só se transformou em fracasso.
Comemos mal, vivemos mal, nos relacionamos mal. Temos empregos medíocres, formação de nível superior, estabilidade empregatícia, mas pouca felicidade real e duradoura.
Olhamos ao lado e vemos nossos pais indo embora. Eles nos olham com um ar ainda de esperança, da esperança de sermos felizes, bem sucedidos, ricos, plenos em saúde e bem casados. Nossos pais se foram e não viram isso sair da sua imaginação para a realidade.
Vamos ao mercado, compramos comida industrializada, congelados, comida pra cães e gatos. Olhamos preços, reparamos em embalagens. A compra parece ter saído de um filme americano, quando um personagem qualquer, também medíocre, vai ao 7 Eleven para pegar uns poucos ítens e cerveja e cigarros.
Saímos, voltamos aos nossos carros velhos e decrépitos. Comemos um chocolate. Olhamos aos jovens e pensamos "eu já fui inocente assim, já tive aspirações leves e puras dessa forma; por que virei isso?"
Se aqueles que hoje tem trinta anos, aos cinquenta tiverem mudado suas vidas eu ficaria muito surpreso. Não atoa somos a geração depressão. Não atoa tomamos antidepressivos, drogas, bebemos muito e fingimos muito uma sociabilidade que nos livra, momentaneamente, de nossa pequenez.
Escrevendo isso o meu coração só aponta pra um lugar, que nessa terra não se pode achar, mas aqui somos alcançados para em outra parte estar e gozar. À quem tiver a mesma sensação terá a sua desesperança diminuída.