Verdade seja dita que de alguma forma os materialistas estão muito corretos. A influência de nossas condições econômicas e materiais são extremamente decisivas para a nossa psicologia, para explicar como reagimos a agimos diariamente.
Minha vida está associada, diretamente, com a criação que tive, e essa está totalmente ligada com as condições materiais que tive na infância, com o que me foi colocado a disposição, com os lugares que frequentei, com a cultura que absorvi da convivência nesses espaços e com tais objetos e pessoas.
Hoje fui ao Zaffari e fiquei pensando nas circunstâncias materiais das coisas. Comprei o que precisava e fui para o caixa. As atendentes ali costumam ser um pouco mais simpáticas do que as de outras redes do comércio em retalho. Pelo menos nos dão boa tarde ainda, coisa que anda ficando rara entre os atendentes de comércios em São Paulo, em nossos dias.
Pouco antes de terminar de passar minha compra que se resumiu em massa de pizza e bolinhos, a empacotadora do caixa ao lado derrubou uma sacola, com uma garrafa de azeite, que se espatifou pelo estreito espaço entre os caixas. Em um local de público seleto, olhava para a cara das atendentes e empacotadoras e via que ninguém sabia o que fazer. Acredito que eles esperavam que viesse uma bronca, alguma reação destemperada, grosseira. Felizmente nenhuma dessas hipóteses se concretizou. Pegaram a garrafa quebrada e a dispensaram no lixo e um gerente foi tomar outras medidas, fazendo aquilo que se espera de quem ocupa alguma função ou cargo de liderança.
A caixa que me atendia terminou de passar meus ítens, validei o ticket de estacionamento, paguei e, pouco antes de sair com as sacolas nas mãos, vejo que o gerente chega ao local do acidente, carregando um saco de meio quilo de FAROFA CONDIMENTADA! Abriu a embalagem e começou a jogar farofa sobre o azeite esparramado no corredor.
Não fiquei para ver o fim, mas sai falando com meus botões: "esse sujeito vai fazer uma macumba aí nesse lugar".
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