sábado, 27 de novembro de 2010

O Papai Noel Pondeano

Li esse artigo (mais um) maravilhoso do Pondé e não pude deixar de publicá-lo aqui em meu blog.
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Luiz Felipe Pondé
Fonte: Folha de São Paulo

PAPAI NOEL
EM 1965, eu tinha seis anos. Morava em Jequié, cidade no interior da Bahia. Meu pai era diretor do hospital da cidade. Fui para a escolinha do clube de tênis local, uma espécie de clube Pinheiros do sertão. Perto do Natal, a sala foi invadida por um Papai Noel. Foi uma farra para as crianças, menos para mim.
Cresci num ambiente secular. Ateísmo era tão comum como dizer “passe a manteiga”. Desde cedo, meus pais me ensinaram que Papai Noel não existia. Mas não me disseram que eu deveria calar a boca em situações como a que vivi naquele Natal de 1965. Reconheci uma das professoras vestida com aquele traje ridículo. Imagine o calor de dezembro no Nordeste brasileiro, este mesmo que hoje tantos querem idolatrar e outros demonizar.
De pronto, levantei a mão e pedi para fazer uma pergunta. O Papai Noel me disse: “Pode falar, Felipe”. Eu desabei a dizer que sabia que “ele” era a professora X e que era feio ficar enganando as crianças com essas coisas bobas porque Papai Noel não existia.
Pronto! Uma gritaria geral. Uma menina, do meu lado, se pôs a chorar. Achei bonitinho ela chorando. No dia seguinte, tentei falar com ela no parque, mas ela ainda estava brava comigo. Resultado, eu fiquei com um trauma: basta qualquer mulher chorar perto de mim que me sinto culpado. Que praga!
A professora, correndo, me tirou da sala. Minha mãe foi chamada à escola. As professoras me disseram que eu havia me comportado mal. Mas, afinal, qual era meu erro, se a verdade é que Papai Noel não existia? Depois de tantos anos, ainda me irrito com quem acredita em “Papai Noel” ou com quem tenta fazer os outros aceitarem suas crenças infantis.
Questão profundamente filosófica, não? Quem sabe foi por isso que decidi ser filósofo. E, para meu espanto, às vezes sinto que continuo naquela sala de aula dizendo o óbvio e levando bronca porque os “coleguinhas” insistem em acreditar em “Papai Noel” ou “tirar” da sala quem afirma que ele não existe.
Acabei vindo para São Paulo. Nunca senti preconceito (começo a detestar essa palavra, porque hoje ela é usada normalmente para calar a boca de quem diz o que não é politicamente correto, essa praga contemporânea). Em apenas dois episódios, que me lembre, ouvi comentários que claramente faziam referência à minha “nordestinidade” como traço de ignorância. E as duas pessoas, pasme você, leitor, eram pessoas “de esquerda” e “inteligentes”.
Nada de novo. As pessoas “de esquerda” foram responsáveis pela maior parte da chacina política no século 20. As patologias do pensamento hegeliano-marxista e sua vocação para o “Estado total” mataram mais gente do que o nazismo.
E ainda querem me convencer de que posso confiar nas suas boas intenções? Contra os delírios de Hegel, leia Isaiah Berlin e seu brilhante “Limites da Utopia” (Companhia das Letras; R$ 48, 224 págs.). O Inferno está cheio de reformadores políticos. O Estado deve ser ocupado por pessoas que não querem reformar o mundo. Fora, Papai Noel!
Pessoas que se dizem defensoras de “uma sociedade melhor” ou da “liberdade igual para todos” são autoritárias e são as que primeiro aderem à violência contra a liberdade de fato e contra aqueles que pensam diferente delas.
Quer uma dica? Quem usar muito expressões como “repúdio”, “isso é desprezível”, “interesse coletivo” “estou indignado”, “preconceito”, não merece confiança.
Adoro São Paulo. Entre tantas razões, porque é uma cidade aberta para a única forma de liberdade de fato conhecida: a liberdade de você ter méritos e ter esses méritos reconhecidos pelos outros, independentemente de raça, família, credo, classe social ou sexo.
São Paulo é maravilhosa porque acolhe quem trabalha sem por a culpa nos outros. Liberdade não é sinônimo de felicidade, liberdade é conflito, agonia, solidão.
Até onde conhecemos a história, só há liberdade onde há capitalismo, mesmo com suas miseráveis contradições. Todo mundo que quis “inventar outra liberdade” queria mesmo era meter a mão no patrimônio alheio e matar o dono.
Entre a felicidade e a liberdade, escolho a segunda. Escolho São Paulo.

Grifos meus.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Aplicando à "Raça de Gigantes"

O guerreiro ao fundo é Viriato, líder, combatente lusitano, contra os romanos. Traçando um paralelo com os paulistas e seu estado: não tínhamos ouro para comprar nossa liberdade, mas tínhamos ferro para nos levantar contra aqueles que tentaram subjugá-la. Salve 1932 !
 Vi no Pena e Espada, que por sua vez viu no Dissidente.

Tendência ao parlatório

Nas últimas semanas eu não venho escrevendo muita coisa no Twitter (o mesmo se aplica a esse blogue), talvez este seja o principal motivo de minha atual sede de escrever, todavia não julgaria eu ser a única, além dela, o fraco semestre na faculdade e alguns problemas familiares me incitam a parlar.

Acredito que daqui umas semanas quando voltar de minhas férias eu devo escrever com mais frequencia, neste e em outros canais.

sábado, 20 de novembro de 2010

Universidade Presbiteriana Mackenzie: Em defesa da liberdade de expressão religiosa

Publicado em um catatau de blogs e sites e copiado por mim do Mídia sem Máscara:

O Mídia Sem Máscara publica o manifesto em defesa do posicionamento da Universidade Mackenzie em relação ao homossexualismo e aos ataques realizados pelo movimento gayzista contra a liberdade de opinião e expressão religiosa. O manifesto, elaborado por cristãos de várias denominações, foi publicado em mais de mil blogs nesta sexta-feira (19).
A Universidade Presbiteriana Mackenzie vem recebendo ataques e críticas por um texto alegadamente "homofóbico" veiculado em seu site desde 2007. Nós, de várias denominações cristãs, vimos prestar solidariedade à instituição. Nós nos levantamos contra o uso indiscriminado do termo "homofobia", que pretende aplicar-se tanto a assassinos, agressores e discriminadores de homossexuais quanto a líderes religiosos cristãos que, à luz da Escritura Sagrada, consideram a homossexualidade um pecado. Ora, nossa liberdade de consciência e de expressão não nos pode ser negada, nem confundida com violência. Consideramos que mencionar pecados para chamar os homens a um arrependimento voluntário é parte integrante do anúncio do Evangelho de Jesus Cristo. Nenhum discurso de ódio pode se calcar na pregação do amor e da graça de Deus.
Como cristãos, temos o mandato bíblico de oferecer o Evangelho da salvação a todas as pessoas. Jesus Cristo morreu para salvar e reconciliar o ser humano com Deus. Cremos, de acordo com as Escrituras, que "todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Romanos 3.23). Somos pecadores, todos nós. Não existe uma divisão entre "pecadores" e "não-pecadores". A Bíblia apresenta longas listas de pecado e informa que sem o perdão de Deus o homem está perdido e condenado. Sabemos que são pecado: "prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, contendas, rivalidades, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias" (Gálatas 5.19). Em sua interpretação tradicional e histórica, as Escrituras judaico-cristãs tratam da conduta homossexual como um pecado, como demonstram os textos de Levítico 18.22, 1Coríntios 6.9-10, Romanos 1.18-32, entre outros. Se queremos o arrependimento e a conversão do perdido, precisamos nomear também esse pecado. Não desejamos mudança de comportamento por força de lei, mas sim, a conversão do coração. E a conversão do coração não passa por pressão externa, mas pela ação graciosa e persuasiva do Espírito Santo de Deus, que, como ensinou o Senhor Jesus Cristo, convence "do pecado, da justiça e do juízo" (João 16.8).
Queremos assim nos certificar de que a eventual aprovação de leis chamadas anti-homofobia não nos impedirá de estender esse convite livremente a todos, um convite que também pode ser recusado. Não somos a favor de nenhum tipo de lei que proíba a conduta homossexual da mesma forma, somos contrários a qualquer lei que atente contra um princípio caro à sociedade brasileira: a liberdade de consciência. A Constituição Federal (artigo 5º) assegura que "todos são iguais perante a lei", "estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença" e "estipula que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política". Também nos opomos a qualquer força exterior - intimidação, ameaças, agressões verbais e físicas - que vise à mudança de mentalidades. Não aceitamos que a criminalização da opinião seja um instrumento válido para transformações sociais, pois, além de inconstitucional, fomenta uma indesejável onda de autoritarismo, ferindo as bases da democracia. Assim como não buscamos reprimir a conduta homossexual por esses meios coercivos, não queremos que os mesmos meios sejam utilizados para que deixemos de pregar o que cremos. Queremos manter nossa liberdade de anunciar o arrependimento e o perdão de Deus publicamente. Queremos sustentar nosso direito de abrir instituições de ensino confessionais, que reflitam a cosmovisão cristã. Queremos garantir que a comunidade religiosa possa exprimir-se sobre todos os assuntos importantes para a sociedade.
Manifestamos, portanto, nosso total apoio ao pronunciamento da Igreja Presbiteriana do Brasil publicado no ano de 2007e reproduzido parcialmente, também em 2007, no site da Universidade Presbiteriana Mackenzie, por seu chanceler, Reverendo Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes. Se ativistas homossexuais pretendem criminalizar a postura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, devem se preparar para confrontar igualmente a Igreja Presbiteriana do Brasil, as igrejas evangélicas de todo o país, a Igreja Católica Apostólica Romana, a Congregação Judaica do Brasil e, em última instância, censurar as próprias Escrituras judaico-cristãs. Indivíduos, grupos religiosos e instituições têm o direito garantido por lei de expressar sua confessionalidade e sua consciência sujeitas à Palavra de Deus. Postamo-nos firmemente para que essa liberdade não nos seja tirada.
Este manifesto é uma criação coletiva com vistas a representar o pensamento cristão brasileiro.Para ampla divulgação.

sábado, 13 de novembro de 2010

Res periti domino*

Eu estive revendo alguns textos por mim escritos neste blog, exatamente do ano passado, e notei alguns erros de português, outros de digitação, mudanças de opinião, enfim, coisas que com o passar do tempo inevitavelmente se alterariam, todavia eu ponderei e decidi que deveria manter todos os textos como se encontram. Trata-se de um registro das condições que vivia naquele momento, quando escrevi e/ou publiquei aquela postagem, portanto estes registros devem permanecer como se encontram.

Em tempo:
Este blog completou em outubro último, mais precisamente no dia 01, seu primeiro ano de vida. Eis, então uma interessante vitória para minha pessoa, que sofria com o terrível vício de trocar de blogs com muita frequência.

*Res periti domino: Expressão latina que significa "a coisa parece por conta do dono".

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Confederação e separação no caso paulista

A questão que envolve a secessão de uma determinada região de um país ou Estado e a formação de uma nova unidade administrativa é quase sempre motivo para enormes polêmicas. E não sem justa causa há tanta discórdia.
No Brasil, vemos casos como mais recentemente foi anunciado por parte da mídia do país, a situação enfrentada pelo Estado do Pará, um dos mais tradicionais da América portuguesa desde os tempos colonias, quando o Grão Pará e Maranhão foram junto com o Estado do Brasil uma das administrações implantadas nessas terras quando ainda fazia parte da pátria de Camões. Lamentavelmente o Pará vive uma situação extremamente dificil. Ineficácia na segurança pública - sobretudo - entre tantos outros temas, como educação e saúde tiram os ânimos de quem vê a situação paraense. Tudo isso fruto da ineficiência de uma administração central governar um Estado do tamanho do Pará. A solução então proposta: dividir o Estado.
- Dividir !?Não. Não pode.
- Por que não pode ?
- Porque não pode !
No Brasil se costuma tratar essa situação dessa forma. As coisas simplesmente não podem e muita gente não sabe explicar porque elas não podem. Quando alguém se atreve a tentar de modo mais racional explicar o motivo, não é capaz de dar eficaz resposta, já que até onde sei existem coisas que simplesmente não tem explicação inata desperta aos nossos olhos, algo que grite aos ouvidos daqueles que desejam ouvir: é por isso, isso e isso.
Quando falamos em separar uma região qual é o primeiro motivo suscitador de grande polêmica ? É quanto que quem não deseja se separar vai perder econômicamente. O Brasil, vê assim São Paulo, dentro dos papeis que deveríamos representar dentro da federação e é assim que, por exemplo, parte da sociedade e o governo boliviano analisa o caso da região de Santa Cruz de La Sierra e a Nação Camba.
Ora, cabe então àqueles que tem interesse, de não mais sofrer com as injustiças que tais situações provocam, lutar pela mudança dessa situação. Cabe a nós todos, paulistas, libertar o nosso povo dessas relações penosas com o Brasil.
Libertar significa aqui trilhar qual caminho ? Romper de modo a preservar absoluta soberania do país dos paulistas frente ao Brasil ao propôr a libertação por vias que podem fornecer mais vantagens a ambos os Estados ?
A instalação de um novo modelo de administração que vise tão somente a descentralização das ações governativas sobretudo ao âmbito dos estados e municípios, alterando algo que já se mostrou ser ineficiente e injusto para as realidades apresentadas pelo Brasil, a federação, nos moldes como até hoje conseguimos aplicar, para um modelo confederativo, cedendo maiores funções aos estados para se auto gerir, em questões que interessam somente a si e a nenhum outro ente confederado.
O que proponho já existe. O melhor exemplo é o Reino Unido.
Formado pelo País de Gales, pela Inglaterra, Escócia além da Irlanda do Norte, essas nações constituem o Reino Unido, além de outros territórios menores, como a Ilha de Man, que é associado com um status de membro confederado. Tem se devida autonomia para defender amplamente medidas legais que são justa e plenamente aplicáveis às realidades locais e não a toda União.
Separação ou confederação ? O que melhor se aplicaria ao caso São Paulo - Brasil ?
Acredito que a instituição de Confederação de Estados Livres Associados é a melhor solução. Com isso seriam eliminados entraves de carácter econômicos, legais e práticos a todos os povos que delam participariam. Basta observar como a geo política tem moldado as relações entre todos os países na atualidade. A tendência é a união - com ampla responsabilidade - entre povos e a formação de blocos econômicos. Nafta, Mercosul, União Europeia. Não quero criar fronteiras, entraves ou barreiras, desejo ver justiça em seus limites e o que vemos no Brasil é a injustiça nos limites dos poderes da administração central frente ao regional.
Artigo de Julio C S Bueno

Novos estados na Federação Brasileira: alguns são necessários outros gerarão perigosos reflexos.

“A dimensão dramática da diferença é demonstrada no fato de que no início do século XIX a colônia espanhola dividia-se administrativamente e...