sábado, 9 de junho de 2018

Nossa república sempre será uma velha república

Não tenho medo de afirmar que desde os protestos de 2013 o Brasil não é o mesmo. Não estou aqui fazendo nenhum juízo de valor, antes atestando um fato. Não consigo, também, encontrar nenhum paralelo destes cinco anos com nenhum período da história republicana. Todavia, em grupos privados, tenho exposto o meu receio de que o momento que temos passado seja semelhante ao da Primeira República (1889-1930), quando chegava em seus estertores. Uma fração das elites brasileiras, naquele momento, achou por bem "fazer uma revolução antes que o povo a fizesse". 

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, maior intelectual vivo dentro da esquerda nacional, já apontou para as circunstâncias em que passamos hoje serem aquelas típicas de momentos pré-revolucionários. Há que se lembrar ainda que o Brasil não passou por uma "revolução burguesa", como ocorreu na Europa e nos Estados Unidos. A Revolução (golpe) de 1930 foi tramado pelos militares em comunhão com uma elite dissidente, mas que compartilhava até então do poder e cujo projeto político em nada se diferenciava de seus adversários reais. Não havia uma burguesia para que uma revolução real ocorresse e, sendo assim, essa jamais de completou totalmente. 

Hoje, como na Primeira República, há suspeitas de fraudes eleitorais. Há também candidatos que procuram se mostrar como limpos e desligados das velhas e carcomidas elites tradicionais. Há também um certo histerismo com um fantasma sem contornos claros da esquerda. E, por fim, um senso de que é preciso "salvar a república". Essa é uma conversa antiga. A história se repetirá, mais uma vez, como farsa? Torço para que ela não se repita.

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