Já tem bastante tempo que venho fazendo a análise de alguns cenários possíveis sobre as eleições deste ano. Insisti por muito tempo sobre a viabilidade eleitoral de Joaquim Barbosa, aliás, falei isso com bastante antecedência (basta olhar os posts do ano passado nesse blog para ver isso). Análise não é aposta e eu não apostei que ele já estava eleito, apenas apontei para o fato de se ele viesse mesmo disputar a eleição (algo que sempre coloquei em condicional, afinal, a imprensa e as informações de bastidores sempre apontaram para o fato da reticência de Joaquim Barbosa em participar do pleito) seria o candidato com mais chances de ser exitoso, dada a composição de candidaturas em 2018.
O ex-ministro do STF desistiu de sua candidatura. Era algo dentro do esperado. Barbosa não queria ser candidato. Queria (e quer ainda) ser presidente. Sua expectativa era a da unção. Imaginava que levantaria rapidamente um forte movimento de apoio das classes falantes em torno de si. Imaginava também que sua legenda, o PSB, pularia integralmente e prontamente em sua campanha. Tudo isso que em algum momento passou pela cabeça do retinto ex-ministro é algo fora das proporções. Não digo que fossem coisas irrealizáveis, longe disso, afinal, a imprensa já o estava colocando em patamares apolíneos, boa parte de nossa elite ilustrada demonstrava a possibilidade de empolgar-se com a candidatura JB e mesmo seu partido caminhava em direção à um apoio total à sua campanha. Eram questões que se encaminhavam com extrema rapidez e que estariam consolidadas antes mesmo do prazo final de inscrições de candidaturas.
Aventei também neste blog a hipótese de o PSB sair dessas eleições sendo a maior legenda do país. Sem a presença de Joaquim Barbosa encabeçando a disputa pela presidência da república essa possibilidade se torna residual. As candidaturas que estão por se consolidar, afinal, estamos com pouco mais de um mês para o início dos registros de candidaturas, são todas de políticos tradicionais, o que mostra que o Brasil não foi exitoso em buscar a figura de um outsider, com o perfil, preferencialmente, do francês Emmanuel Macron.
As inúmeras candidaturas que ainda sustentam os seus nomes até esse momento já dão claras demonstrações de que nada foram além de simples balões de ensaios. São os casos de Fernando Collor de Melo, Flávio Rocha, Michel Temer, Henrique Meirelles, Paulo Rabello de Castro, Rodrigo Maia, João Amoêdo, Valéria Monteiro, Cabo Daciolo e Guilherme Afif Domingos (provavelmente esqueci de mais algum candidato sem chances). Destes nomes citados, talvez venham a concretizar suas candidaturas, mas sem conquistar nenhum apelo eleitoral, Collor, Meirelles, Paulo Rabello, Amoêdo e Daciolo. Somem-se a esses os eternos candidatos Eymael, do PSDC, Levy Fidelix (PRTB) e alguém pelo PSTU. Independente dos nomes, cujo registro tem pouco importância histórica, nenhum deles possui chances de disputar a eleição com força (talvez, em condições muito específicas, Meirelles viesse a fazer algum barulho, mas duvido disso).
A verdade é que a eleição ficará em torno de Ciro Gomes, Jair Bolsonaro, Marina Silva, Geraldo Alckmin, além, talvez de um nome do PT que conte com a cara do Lula estampada na sua. Esse nome pode ser Jacques Wagner ou Fernando Haddad.
É preciso esperar mais, por que muitas articulações por ora estão sendo realizadas, como as que saíram como notas, da aproximação de Ciro Gomes com o "centrão", especialmente com o PP e o DEM. Se Ciro conseguir o apoio dessas legendas terá tido um acréscimo considerável de força política, tempo de TV e recursos para a campanha. Se consolidaria como o anti-Bolsonaro.
Apenas, para finalizar, registro que a imprensa, em particular a televisiva, continua ignorando e desprezando Jair Bolsonaro. Me parecem que não o convidam e não colocam para falar ao público com o receio de que ele cresça ainda mais. Não sei se esse temor é fundamentado ou se o Bolsonaro falando mais ao público pode fazer com que ele venha a perder uma fatia de possíveis eleitores por enquanto indecisos. Veremos com ele o mesmo fenômeno de Marine Le Pen, que na França liderou no primeiro turno e foi esmagada por Macron no segundo, com um discurso técnico e centrista, apoiado pela mídia e pelas grandes finanças? Talvez sim. Resta saber quem será esse Macron verde-amarelo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário