Desde 2006, quando o também vice de Alckmin, Cláudio Lembo, na época no ainda PFL, assumiu o governo com a renúncia do titular que iria naquele ano disputar a presidência pela primeira vez, São Paulo não era governado por alguém que não fosse do PSDB. Mesmo assim, o pequeno período de Lembro à frente do executivo paulista foi inexpressivo, sendo marcado, negativamente, apenas pelas séries de ataques terroristas realizados pelo PCC.
Agora, em 2018, Alckmin novamente renuncia no fim de seu mandato para disputar a presidência da república, deixando no comando do estado bandeirante o seu vice, Márcio França, ex-prefeito de São Vicente, filiado ao PSB.
As diferenças entre Lembo e França são muitas. A idade, o estilo, o partido e a disposição em querer permanecer no cargo, inexistente no primeiro e firme no segundo.
Com a quebra da hegemonia tucana em São Paulo em vista, França já constrói amplo arco de apoios partidários, com siglas pequenas e médias, ainda com chances de atrair siglas grandes como PP e DEM.
Seu discurso de posse, feito poucos dias atrás, foi também comovente, pela forma e pelo teor. O grande enfoque na lealdade foi, ao mesmo tempo, uma declaração de total respeito e confiança à Alckmin e um ataque à João Dória, que traiu o eleitor paulistano, deixando a prefeitura para disputar o cargo de governador esse ano.
França será reeleito esse ano e romperá o domínio do grupo tucano em décadas. Vencerá as eleições por que sabe fazer política de bastidor, por que é político, não nega isso e ao contrário, reafirma com veemência. Comenta-se à boca miúda que segue uma máxima antiga: "palavra dada é como seta lançada, quando se solta, ela não volta atrás."
Tem ele também o jeito, o falar e o aspecto de político caipira, de velho cacique do PRP. Em sua posse, fez referência à saudosa memória do itapetiningano Júlio Prestes, impedido de tomar posse como presidente pelo golpe de 1930. Lembrou de grandes Paulistas de todos os tempos: Bartyra, João Ramalho, Osvald de Andrade, Monteiro Lobato.
França também é irmão e é figura de grande exposição na potência Paulista. É pedreiro de loja.
A pesquisa do Datafolha divulgada hoje mostra ele com um índice muito bom: 8%. São 8% de apenas 9% dos entrevistados que o conhecem. O atual governador ainda é um ilustre desconhecido. Dória e Skaf estão na frente pelo recall que possuem. Seus índices desvanecerão. Ainda terá o apoio tácito de Alckmin que o tem por seu candidato, mesmo o PSDB lançando Dória na disputa. Corre ainda muito risco de ter o apoio de Joaquim Barbosa, que pode ser o campeão de votos da eleição presidencial e ajudar a alavancar ainda mais a candidatura do ex-prefeito de São Vicente.
Dória já está usando uma retórica abertamente macarthista, dizendo que o atual governador deveria ser chamado não de Márcio França, mas de Márcio "Cuba" dada a sua inclinação social-democrata. Dória será desmascarado pela própria direita, que já viu nele apenas um oportunista, pois elegeu-se com parte do voto conservador e liberal mas tomou medidas em sua gestão à frente da capital Paulistana que não agradaram ao seu eleitor, como a taxação de serviços digitais (Netflix e Spotfy) e o embróglio mal resolvido envolvendo o Uber e os taxistas. Não creio que terá fôlego para ganhar. Se nada de novo não aparecer, todos os caminhos que levam ao Palácio dos Bandeirantes estarão nas mãos de Márcio França.
E quem diria? O Brasil pode iniciar 2019 tendo o PSB como a sua maior legenda.
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