segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Arqueofilia, o amor ao passado

Boa parte, de uns tempos para cá, eu passo boa parte do tempo no YouTube assistindo a entrevistas do programa do Jô Soares. Preferencialmente aquelas mais antigas, dos anos 1990 ainda no SBT.

Aquele cenário com a cidade ao fundo me é nostálgico. Minha memória está muito associada aos fins da noite, quando poucas vezes, quando criança assistia ao programa de entrevista do velho gordo. Poucas vezes por algumas razões, primeiro por que era exibido nas altas horas da noite, já adentrando a madrugada. Segundo, por que minha mãe, que é quem controlava a TV não simpatizava com o programa do Jô. Achava-o exibido. 

Mas aquele papo moderno, cosmopolita, que imitava o que se passava nos filmes e seriados americanos, me era muito atraente. 

Essas lembranças compõem o nosso imaginário, nossa memória visual e afetiva e auxiliam na construção de nossa própria personalidade. Penoso me seria perder a memória. Não saber quem se é seria a própria morte, a perda de toda a identidade e o completo deslocamento da existência material própria.

Por essas e por outras é que tenha tão acentuada tendência ao conservadorismo. É uma tentativa desesperada de poder parar o passar do tempo. É não querer, em pequena parte, encarar desafios desconhecidos, mas, sobretudo, do amor ao passado, o espírito de arqueofilia, que nos empurra para o passado, por que não podemos deixar de ser quem somos. No fundo, é a sobrevalorização do próprio ser.

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