quinta-feira, 13 de abril de 2017

Quem ganha com a Guerra da Síria?



Dois são os indicados ao prêmio de maiores interessados na completa aniquilação da Síria: a Turquia e Israel.

Breve panorama do Oriente Médio

Turquia

Quem governa a Turquia hoje é Recep Tayyp Erdogan. Erdogan vem tentando e obtendo êxito em destruir a obra e o legado de Mustafá Kemal Atatürk, líder maçon do país que no começo do século passado transformou o antigo império Otomano em uma democracia liberal, laica e pró Ocidente. Erdogan é contra tudo isso: é islamita, autoritário e não é pró Ocidente (também não é a favor da Rússia por que os russos são os maiores inimigos históricos dos turcos). 

A Turquia no ano passado viu um golpe de estado, dado pelos militares contra Erdogan ser frustrado, o que só concedeu mais poder e notoriedade para o líder político do Partido da Justiça e do Desenvolvimento. Hoje presidente, acumula amplos poderes. O exército que sempre foi o fiel da balança para guardar o legado institucional de Atatürk hoje está desmoralizado frente ao poder executivo.

O que quer Erdogan nada mais é do que é fazer reviver o antigo Império Turco Otomano, morto com o fim da I Guerra Mundial, em 1918. Seus domínios passam, em um primeiro momento, sobre a Síria, Líbano, Jordânia (território também alvo da cobiço sionista) e Iraque. Um Curdistão independente ou mesmo autônomo não está no radar dos novos otomanos.

Israel

Os judeus que mantém seu estado na região desde o fim da II Guerra Mundial sonham com o dia em que verão o Eretz Israel se cumprir, com domínios estendidos entre os rios Nilo e Eufrates, contemplando todo o chamado Crescente Fértil. É a meta final do movimento sionista do ponto de vista geográfico. Para que isso ocorra é necessário sumir com a Síria, Jordânia e Iraque do mapa. Desses países o Iraque já não é mais um problema e a Síria também está deixando de ser. Quando será a vez da Jordânia se render aos caprichos das tais revoluções coloridas que tem destruído as bases de governos laicos na região para entregar o poder aos radicais islâmicos de linha Wahhabita ou à Irmandade Muçulmana? Hoje a Jordânia é um dos países mais estáveis da região e é uma monarquia islâmica moderada e pró Ocidente.

Os hebreus não tem pressa nesse sentido. Movidos por uma franca convicção de seu papel especial na História, ainda hoje muito viva e divulgada por meio dos ramos ortodoxos do judaísmo, eles tem a certeza de venceram os conflitos finais pelo domínio daquela região, livrando-a das mãos de seus molestadores islâmicos e cristãos. É claro, reconstruir o Templo de Salomão está previsto também.

Rússia, Estados Unidos e Irã

Os russos tem na Síria de Assad o único aliado confiável na região e que lhes garante uma base no Mediterrâneo. Devemos lembrar que Putin é um nacionalista russo e fortemente influenciado pela cosmovisão da Igreja Ortodoxa, que sonha com o dia que retomará Constantinopla das mãos do turcos e, para que isso um dia ocorra, é necessário expandir a influência de Moscou na região e não perder importantes aliados, como é hoje a Síria. Portanto, interessa aos russos uma maior fragmentação geográfica do Oriente Médio.

Americanos são os defensores de Israel. A religião tem papel justificador importante nessa problemática. Importantes setores do protestantismo mundial são sionistas e creem que é dever dos Estados Unidos, como maior país evangélico, defender Israel diante de uma escatológica disputa dos fins dos tempos. Politicamente falando, os judeus são os maiores aliados americanos na região e recebem grande auxílio americano em verbas e tecnologia militar.

O Irã também é interessado direto nesse grande forfé que é a situação geográfica síria. Aliados de Moscou, eles também são inimigos históricos do Império Otomano. Religiosamente são o maior país xiita e veem com preocupação o avanço dos sunitas (e sobretudo do Wahhabismo) na região, o que certamente isolaria a antiga Pérsia ainda mais. Os iranianos ainda extremamente nacionalistas e orgulhosos de seu passado e história imperial, de quando dominavam toda a região, isso antes do nascimento de Cristo.

O fim dos dias

Diante do exposto há uma perigosa perspectiva e um palpite que não pode ser comprovado, a não ser com o tempo seguindo adiante.

Israel e Turquia conseguem cumprir suas metas e se tornam os dois grandes poderes geopolíticos da região. Israel demole a Mesquita de Al Aqsa, no monte em Jerusalém e começam a reconstruir o Templo. Uma nova super guerra na região eclode. É a batalha do vale de Megido, é o Armagedon que então ocorreria. Do lado hebreu estariam americanos e russos, unidos contra uma Turquia forte, com sua bandeira púrpura, anti cristã e anti judaica. É a parúsia.

É uma perspectiva, que dias mais, dia menos, a humanidade terá que enfrentar.

Um comentário:

  1. Com Bibi e Erdogan é possível sim uma guerra de proporções escatológicas.
    Mas, já analisou o peso dos grupos internos desses países? Acho que o Oriente Médio está tendendo mais à Balcanização.

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