terça-feira, 23 de março de 2021

A gambiarra existencial brasileira

 Quando eu adentrei esse grande monstro chamado direita, identificar-se com esse campo político significava automaticamente ser nazista, ou integralista, votar no Paulo Maluf ou, in extremis, ser da UDR, se você fosse do campo. Me lembro quando no ensino médio, querendo entender o que era tudo aquilo e achando mesmo um tanto fascinante ser dissidente do que era o status do momento, ou seja, a esquerda. Minhas referências eram os livros didáticos e a imprensa (estava a sair do ensino médio). Nisso, Maluf e Plínio Salgado viraram Reagan e Milton Friedman para mim. Perguntei a um professor em 2006 quem ele via como sendo de direita no Brasil. A resposta foi Geraldo Alckmin. E redargui querendo saber quem estava na extrema direita e ele citou a União Democrática Ruralista. Quando passei a ter computador e internet em casa, pesquisar o que era a tão maligna UDR foi uma frustração pra mim. Por que fazendeiros que queriam manter aquilo que era seu contra invasores baderneiros poderiam ser tão malvados? As presentes gerações não terão esse tipo de sofrimento. Tudo pra eles em matéria de informação está disponível. O liberalismo político, Smith, Malthus, Bentham, Stuart-Mill, Spencer, o liberalismo econômico radical, como Mises, Hayek, Friedmann, toda a Escola Austríaca. O Conservadorismo em todas as suas vertentes europeias e americanas. A economia social de mercado. Muita coisa está aí. E o Brasil escolheu não ser absolutamente nada. É uma mistura de muitas coisas e acaba sendo só uma lastimável orgia das piores características de uma civilização decadente. Aliás, o próprio Claude Levi-Strauss disse que o Brasil caminhava da barbárie para a decadência sem ter passado pela civilização. Ele estava certo. Os dados estão aí. As informações estão aí. Vamos ficar pra sempre com essas monstruosidades morais, modelos políticos e econômicos híbridos e toscos (gambiarras mesmo) e com lideranças políticas igualmente escrotas? Vamos sim.

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