A telurocracia é o poder geopolítico da terra, em predominância sobre o mar. É a força da autossuficiência sobre o comercialismo. Em termos mais modernos, são os países autárquicos (que buscam produzir a maior parte daquilo que consomem) contra a divisão internacional do trabalho (onde cada país produz basicamente aquilo que ele tem como sua especialidade).
A América do Sul possui o Mercosul (Mercado Comum do Sul) como principal espaço geopolítico do sub continente. Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela fazem parte dele. O Paraguai foi suspenso, anos atrás, por ação dos demais países na época participantes, alegando a rutura da institucionalidade paraguaia, embora se saiba que isto é totalmente infundado e só serviu como meio para que a Venezuela fosse inserida no bloco. Hoje o Paraguai já retornou ao Mercosul e a Venezuela em total convulsão social, nas mãos de Nicholas Maduro e Diosdado Cabello não foi suspensa.
Independente de qualquer disputa superficial entre esquerda e direita, a América do Sul deveria buscar fortalecer esse importante bloco comercial, que é o Mercosul, sem, contudo, deixar de reformá-lo, dinamizando-o, tornando-o mais ágil para dar as respostas necessárias no campo político e econômico. Nosso sub continente forma um todo geográfico, uma hinterland poderosa, que pode trazer muitos ganhos para o desenvolvimento de nossos países. Infelizmente tanto a esquerda quanto a direita dos países sul americanos não conseguem enxergar isso na sua devida dimensão, ficando amarrados em discussões verbais de baixo conteúdo substancial.
Uma integração geográfica foi o que os nossos países fizeram durante os anos 1960 e 1980, quando foram governados por regimes militares, mais cientes da necessidade de um real integração espacial da América do Sul. Não, isto não é um plano comunista nem uma ação neoliberal! A integração em um bloco comercial forte, que busque, prioritariamente, dentro de uma perspectiva de especialização e divisão do trabalho restrita ao espaço sul americano, fortalecer nossas economias, eliminando entraves e utilizando um mercado consumidor de mais de 400 milhões de pessoas para poder dinamizar nossas economias, reduzindo a dependência de grandes potências, como Estados Unidos, União Europeia e Rússia.
No Brasil sempre se refere a uma "síndrome de cachorro vira-lata". Penso que seria mais adequado expandir essa síndrome para praticamente toda a América Latina, que não consegue reunir forças sociais e políticas para poder criar uma civilização nova, embora tenha um enorme potencial para isso, tanto físico quanto humano. Poderíamos ser uma potência econômica e militar, autônoma dos problemas que tanto envolvem hoje o mundo e as grandes forças geopolíticas, com um poder telúrico, voltado para o comércio no mercado interno da América do Sul, mas nossas elites locais estão muito confortáveis com a subordinação e a venda de comodities de baixo valor agregado para os países industrializados. Como dizem os argentinos: cabeça de rato a cauda de leão. Poderiam ser tigres, mas serão sempre ratos.
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