Existem situações durante uma conversa que fogem à urbanidade comum.
Muito fala-se que política e religião são coisas que não se discutem. Evidentemente essa é uma posição típica para um cobrador de ônibus, uma recepcionista, um açougueiro, um professor de matemática mal formado, embora existam exceções. Esse ponto de não se discutir esses dois temas é típico dos modelos humanos médios.
Há muitos anos que escrevo em meus blogs sobre esse tipo de posicionamento.
No Brasil, um discurso ganha validade apenas, para a extensa maioria das pessoas, apenas quando um suposto especialista, com um diplominha de alguma faculdade pública, que dificilmente sabe alguma coisa que faça referência com a realidade, fala. Em boa parta das vezes esse diplomado é também pertencente aos tipos de opinião mediana.
E aí que a coisa pega no Brasil: o especialista é lugar comum. Está no lugar certo então, já que a plateia jamais irá discordar dele. Pensam igual.
Poderia-se pensar: ótimo! que grande cenário! o cidadão comum tem o conhecimento de um intelectual! É, mas é justamente aí que está o problema: quatro ou cinco anos de faculdade no Brasil só servem para chancelar aquilo que o sujeito já sabe quando entra na faculdade. A universidade no Brasil é o cartório do conhecimento.
Parece time de futebol que não paga os jogadores, como o Flamengo de uns anos atrás, quando o célebre Vampeta afirmou: "Eu finjo que jogo bola e o Flamengo finge que me paga".
Aquele que se acha intelectual no Brasil pensa que sabe e o povo pensa que entende.
E ficamos nisso. É a eterna masturbação lugar comum. A cultura intelectual no Brasil se não é inexistente é no mínimo esquizofrênica, dando voltas no próprio rabo, como cão velho.
Pessoalmente, tenho dificuldade com esse "intelectuais" medianos-medíocres que não conseguem desenvolver um raciocínio minimamente coerente. Não sou Aristóteles ou Scheler, mas ainda tenho algum juizo. Como dizia Mário Ferreira dos Santos sobre discussões:
“Evita as longas discussões, sobretudo com pessoas dispersas, que juntam argumentos sobre argumentos, sem ordem e sem disciplina, misturando juízos apenas de gosto com algumas pseudo-idéias mal-formadas e mal-assimiladas. Evita essas discussões que não são em nada benéficas. Se não for possível conduzir o colóquio com alguém em boa ordem, segundo boa lógica, cuidadosa e organizada, é preferível que te cales. Sempre sê disciplinado no trabalho mental. Essa é a regra importante, e nunca ceder às vagabundagens do pensamento em conversas diluídas, dispersas, em que se fala de tudo e não se fala de nada.”
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