quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Tradicionalismo Paulista Separatista

O meu colega de faculdade, Lucas, no Twitter, alfinetando-me com seu espírito pós natalino de Ronaldo Ésper, estava comentando sobre um suposto puxa-saquismo meu em relação a Paulo Salim Maluf. Bom, eu nunca neguei que sou um tradicional malufista, acompanhei, mesmo que bem guri, as campanhas de 1996, 1998 e 2000 de perto, de dentro de comitês de campanha, e por isso mesmo tenho certo vínculo emocional com o PP até hoje, mesmo este partido estando vendido ao petismo nos últimos oito anos.

Não nego que voto no Maluf, que meus pais votam nele também, mas se vier aqui um espertalhão e me disser que eu sou malufista única e exclusivamente por causa do malufismo de meus pais eu então reservo-me o direito de responder apenas com sutis risadas com meus botões.

Agora, o título deste texto vem de uma outra mensagem também enviada pelo mesmo Lucas no Twitter, em continuidade da conversa malufista :
@ Eu sei que ele foi importante para a democracia e tal, mas você utiliza um discurso típico do tradicionalismo paulista.
Não nego. Aliás assumo com satisfação, sou um tradicionalista paulista e também separatista, mas quero dizer que isso não tem nada, absolutamente nada ideológicamente semelhante ao malufismo ou a alguma cousa que Paulo Maluf tenha, em sua longa carreira política, dito e/ou afirmado.

O discurso tradicionalista paulista separatista tem a mesma importância que o candomblé em Liechtenstein, em 1867, ou seja, o mínimo. Meu amigo separatista, Cássio Forcignano, que acaba de lançar seu primeiro livro intitulado "Separatismo Paulista", tem um discurso tradicionalista e separatista. Eu tenho um discurso separatista tradicional. Paulo Maluf não tem nem nunca teve um simples resquício de separatismo tradicionalista, o que não tira nem adiciona nada a sua história como homem público.

Pensar, como já vi pela internet vários blogueiros ditos "progressistas" (nada a ver com o partido do político tratado principalmente neste texto) deixarem bem explícito, que qualquer texto de um paulista, que não venha de membros da trupe que governa o país nestes últimos oito anos e que provalvelmente governará por pelo menos mais quatro, sob a égide de Dona Dilma é discurso facista, reacionário, neoliberal, conservador, nazista, separatista, racista etc, etc, etc... 

Ou seja, para muita gente qualquer artigo de um tucano na Folha de São Paulo é então a mais pura e sincera manifestação de um sentimento reacionário e revanchista ancestral incrustado na burguesia paulista de completo separatismo.

O orgulho do fracasso

O orgulho do fracasso
Olavo de Carvalho
O Globo, 27 de dezembro de 2003

“O world, thou choosest not the better part!”
(George Santayana)

Língua, religião e alta cultura são os únicos componentes de uma nação que podem sobreviver quando ela chega ao término da sua duração histórica. São os valores universais, que, por servirem a toda a humanidade e não somente ao povo em que se originaram, justificam que ele seja lembrado e admirado por outros povos. A economia e as instituições são apenas o suporte, local e temporário, de que a nação se utiliza para seguir vivendo enquanto gera os símbolos nos quais sua imagem permanecerá quando ela própria já não existir.

Mas, se esses elementos podem servir à humanidade, é porque serviram eminentemente ao povo que os criou; e lhe serviram porque não traduziam somente suas preferências e idiossincrasias, e sim uma adaptação feliz à ordem do real. A essa adaptação chamamos “veracidade” -- um valor supralocal e transportável por excelência. As criações de um povo podem servir a outros povos porque elas trazem em si uma veracidade, uma compreensão da realidade -- sobretudo da realidade humana --que vale para além de toda condição histórica e étnica determinada.

Por isso esses elementos, os mais distantes de todo interesse econômico, são as únicas garantias do êxito no campo material e prático. Todo povo se esforça para dominar o ambiente material. Se só alguns alcançam o sucesso, a diferença, como demonstrou Thomas Sowell em Conquests and Cultures, reside principalmente no “capital cultural”, na capacidade intelectual acumulada que a mera luta pela vida não dá, que só se desenvolve na prática da língua, da religião e da alta cultura.

Nenhum povo ascendeu ao primado econômico e político para somente depois se dedicar a interesses superiores. O inverso é que é verdadeiro: a afirmação das capacidades nacionais naqueles três domínios antecede as realizações político-econômicas. 

A França foi o centro cultural da Europa muito antes das pompas de Luís XIV. Os ingleses, antes de se apoderar dos sete mares, foram os supremos fornecedores de santos e eruditos para a Igreja. A Alemanha foi o foco irradiador da Reforma e em seguida o centro intelectual do mundo -- com Kant, Hegel e Schelling -- antes mesmo de constituir-se como nação. Os EUA tinham três séculos de religião devota e de valiosa cultura literária e filosófica antes de lançar-se à aventura industrial que os elevou ao cume da prosperidade. Os escandinavos tiveram santos, filósofos e poetas antes do carvão e do aço. O poder islâmico, então, foi de alto a baixo criatura da religião -- religião que seria inconcebível se não tivesse encontrado, como legado da tradição poética, a língua poderosa e sutil em que se registraram os versículos do Corão. E não é nada alheio ao destino de espanhóis e portugueses, rapidamente afastados do centro para a periferia da História, o fato de terem alcançado o sucesso e a riqueza da noite para o dia, sem possuir uma força de iniciativa intelectual equiparável ao poder material conquistado.

A experiência dos milênios, no entanto, pode ser obscurecida até tornar-se invisível e inconcebível. Basta que um povo de mentalidade estreita seja confirmado na sua ilusão materialista por uma filosofia mesquinha que tudo explique pelas causas econômicas. Acreditando que precisa resolver seus problemas materiais antes de cuidar do espírito, esse povo permanecerá espiritualmente rasteiro e nunca se tornará inteligente o bastante para acumular o capital cultural necessário à solução daqueles problemas.

O pragmatismo grosso, a superficialidade da experiência religiosa, o desprezo pelo conhecimento, a redução das atividades do espírito ao mínimo necessário para a conquista do emprego (inclusive universitário), a subordinação da inteligência aos interesses partidários, tais são as causas estruturais e constantes do fracasso desse povo. Todas as demais explicações alegadas -- a exploração estrangeira, a composição racial da população, o latifúndio, a índole autoritária ou rebelde dos brasileiros, os impostos ou a sonegação deles, a corrupção e mil e um erros que as oposições imputam aos governos presentes e estes aos governos passados -- são apenas subterfúgios com que uma intelectualidade provinciana e acanalhada foge a um confronto com a sua própria parcela de culpa no estado de coisas e evita dizer a um povo pueril a verdade que o tornaria adulto: que a língua, a religião e a alta cultura vêm primeiro, a prosperidade depois.

As escolhas, dizia L. Szondi, fazem o destino. Escolhendo o imediato e o material acima de tudo, o povo brasileiro embotou sua inteligência, estreitou seu horizonte de consciência e condenou-se à ruína perpétua.

O desespero e a frustração causados pela longa sucessão de derrotas na luta contra males econômicos refratários a todo tratamento chegaram, nos últimos anos, ao ponto de fusão em que a soma de estímulos negativos produz, pavlovianamente, a inversão masoquista dos reflexos: a indolência intelectual de que nos envergonhávamos foi assumida como um mérito excelso, quase religioso, tradução do amor evangélico aos pobres no quadro da luta de classes. Não podendo conquistar o sucesso, instituímos o ufanismo do fracasso. Depois disso, que nos resta, senão abdicarmos de existir como nação e nos conformarmos com a condição de entreposto da ONU?

Where the roses never fade




I am going to a city,
Where the streets with gold are laid;
Where the tree of life is blooming,
And the roses never fade.

Here they bloom but for a season,
Soon their beauty is decayed;
I am going to a city,
Where the roses never fade.

Loved ones gone to be with Jesus,
In their robes of white arrayed;
Now are waiting for my coming,
Where the roses never fade.


Here they bloom but for a season,
Soon their beauty is decayed;
I am going to a city,
Where the roses never fade.

Here they bloom but for a season,
Soon their beauty is decayed;
I am going to a city,
Where the roses never fade.

Where the roses never fade!


Como eu gosto desses rednecks que cantam com a bandeira americana ao fundo!

Pomp and Circumstance March No. 4


Edvar Elgar: Pomp and Circumstance March No. 4

Música tema de abertura do True Outspeak. Olavistas todos, todos, conhecem.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Homenagem: Eu não tive tempo


Que o Senhor console a família deste valente paulista. Um dos políticos que mais lutaram pelo glorioso Estado de São Paulo. Iria votar nele para o senado neste ano. Infelizmente como sabemos, isto não foi possível. Grande perda para aqueles que amam e defendem os legítimos interesses deste rincão.

Quércia em visita a São José dos Campos

Salve Orestes Quércia!

De fraldas e chupetas (Mamando nos paulistas entre outros)


Não tem nada mais socialista do que uma mãe. Uma mãe pode ter dez filhos. Ela pode ter um mais bonitinho, um mais feinho, mas uma mãe gosta de todos em igualdade de condições" (Pres. Lula, falando no dia 14/12, em Salgueiro, PE, sobre os recursos que ele julga presentear a Estados e municípios).

O presidente radicalizou o paternalismo e acaba de instituir o maternalismo de Estado. Ele já foi o pai da pátria, já foi (como no filme) o Filho do Brasil, e agora se declara mãezona da nação. E tem sido assim, na base da mamadeira, que, segundo a mais recente pesquisa encomendada pela CNI ao Ibope, 87% dos brasileiros consultados, de fraldas e chupeta, beijam a mão do cara e não se sentem nem um pouquinho desrespeitados pela situação. Gu-gu da-dá.

Admito que não se pode esperar da massa um perfeito discernimento sobre a concentração de poderes e de recursos que ao longo das últimas duas décadas fluíram para Brasília. Mas para sua informação, leitor: a capital federal, a "capital da esperança" já realizou o sonho dos seus. Ali não se produz um prego, não se fabrica meio palmo de estopa, mas ali se tem o PIB per capita mais elevado do país (quase o dobro do paulista!). Ali, na antiga terra dos candangos, se tem - também disparado na frente - o mais alto Índice de Desenvolvimento Humano entre as unidades da Federação. E, certamente, ali se tem o mais deslavado grau de satisfação com o saque dos recursos nacionais pela nossa elite política e administrativa. Ali é a matriz dos inconformados com seus salários de R$ 24,5 mil por mês, que passaram a receber R$ 26,7 mil para não terem que ir bater o pires na porta da igreja. Quando se criticam os 594 congressistas que vão receber isso tudo, durante mandatos de quatro anos, eu fico pensando nas dezenas de milhares de membros dos outros poderes, que recebem o mesmo montante, em valor irredutível, para o resto de suas vidas! O sentido de proporção é dos mais elementares ensinamentos da matemática.

O povo dificilmente vai entender o processo de desapropriação a que estão submetidas as riquezas nacionais se ninguém na grande mídia lhe explicar que os recursos distribuídos aos Estados e municípios pelo paternalismo de saias, ou pelo maternalismo presidencial, são extraídos de jamanta dessas mesmas unidades da Federação para onde, mais tarde, retornam em doses homeopáticas. Quando o presidente formula uma declaração como aquela destacada aí em cima, a mídia teria a obrigação de esclarecer que somos triplamente roubados pelo papai (ou pela mamãe) estatal. Somos roubados por uma tributação excessiva. Somos roubados na má qualidade dos serviços públicos e da infraestrutura que utilizamos, infimamente proporcional ao montante dos impostos que pagamos. E somos roubados pela terrível centralização das receitas fiscais na órbita da União.

Família é a mais importante instituição de qualquer sociedade que deseje ser livre e bem organizada. Mas as analogias familiares são incompatíveis com uma sociedade política que, por seu turno, deseje ser livre e bem organizada. São incompatíveis, também, com os valores republicanos e com o respeito que os poderes de Estado devem aos cidadãos. Para finalizar, e antes que me esqueça: minha mãe era uma pessoa maravilhosa, dedicou sua vida aos sete filhos e nunca, nem como desvio de inspiração poética, foi socialista.

* Percival Puggina (66) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

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Um basta nesta situação de completa centralização e ineficiência precisa ser dado com urgência. Plena federação ou a separação !

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O Centenário




Não poderia deixar o ano do centenário da querida Congregação Cristã no Brasil passar em branco neste blogue, portanto, antes que 2010 se finde, está aí o registro.

Pintura de Rafael

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Bendito Wikileaks

Coisas da contemporaneidade. O WikiLeaks é uma dessas. Até agora está todo mundo boiando pelo menos na beira da praia para tentar saber quem está plenamente por detrás desse site e a partir daí saber o que desejam com esse vazamento de informações ímpar.

As principais conversas reveladas até o momento, como não poderia ser diferentes, tem como principal ator os Estados Unidos. Temos a revelação do tom bonachão da diplomacia daquele país. Para quem esperava ler sobre planos mirabolantes para subtrair a Amazônia do Brasil ou uma conspiração de Iluminatis coordenando o governo George Bush, o Wikileaks nada mais é do que uma catarse.

Uma das coisas que mais me agradou nessas coisas que ficaram mais claras é, certamente, a visão que parte da diplomacia americana tem do governo Lula. Nada daquilo que qualquer analista minimamente não envolvido apologéticamente em defender o PT e os desmandos de Lula a frente do governo deste país não fossem capaz de dizer e aliás, muito disseram: o governo Lula entrou para os livros como o mais anti-americano governo que o Brasil já teve.

Este país, por única e exclusiva culpa sua, está criando um inimigo que não existia. Brasil e Estados Unidos são históricamente aliados políticos e o PT está fazendo com que os americanos revejam muito bem essa relação. Já está claro, hoje, eles nos veem como inimigos potenciais e não como aliados incondicionais.

Cretinices petralhas a parte, creio que dona Dilma deverá ser um pouco mais cautelhosa do que seu antecessor na política internacional, ela não pode ser tão pervertida em seu pensamento como o Lula. Lembremos que ela vem de uma outra escola esquerdista: o nacional socialismo brizolista. Nem ela, nem Lula são comunistas clássicos, como o Plínio de Arruda Sampaio ou outro qualquer que ideológicamente é pleno Marx, seja no café da manhã, no almoço... Enfim são todos a mesma corja suja de gente que deseja ver imperar neste país a pobreza generalizada e nivelamento por baixo da nação, coisa que não é muito clara, fruto das máscaras que os números oficiais da economia trazem, mas que não refletem a realidade do cidadão dos vários "brasis".

Que o WikiLeaks continue a revelar mais e mais documentos secretos não somente atuais mas também dos tempos da Guerra Fria. Podem ter certeza de que se isso vier a acontecer a história terá um substancial acréscimo de páginas aos seus alfarrábios, seja no Brasil socialistas, seja no resto do mundo não muito diferente. Gostaria que essas informações fizessem nascer na cabeça dos habitantes desse país a consciência do mal que os desmandos socialistas do governo tem feito para todos.

Novos estados na Federação Brasileira: alguns são necessários outros gerarão perigosos reflexos.

“A dimensão dramática da diferença é demonstrada no fato de que no início do século XIX a colônia espanhola dividia-se administrativamente e...